Quem ainda não fez a experiência de sentir-se grato por alguma coisa? Constantemente as pessoas agradecem pelo Dom da vida, pelo alimento recebido, por algum evento bem sucedido, por um presente recebido, por apoios e ajudas, por vitórias alcançadas ou por dificuldades e doenças superadas. Trata-se de um sentimento e de uma atitude que mobilizam permanentemente homens, mulheres, jovens, crianças, idosos e adultos, em todas as sociedades e em todas as culturas. Expressões de gratidão e de ação de graças à divindade ou às forças do alto estão presentes em todas as religiões ou tradições religiosas e fazem parte do seu cotidiano.
O “Dia Nacional de Ação de Graças” é uma tradição nascida nos Estados Unidos, com uma grande festa de gratidão a Deus, promovida pelos colonos fundadores de Plymouth, no estado de Massachusetts. Depois de dois anos de grandes tribulações sofridas, eles viram a sua situação melhorar em 1621 e, em função disso, por iniciativa do governador local, decidiram agradecer com uma grande festa. Para os peregrinos puritanos, que haviam chegado ao continente americano, fugindo da perseguição religiosa em sua terra natal, as novas condições tinham sido muito adversas e os que conseguiram sobreviver, tinham realmente todos os motivos para agradecer. O “Thanks-Giving Day”, ou dia de ação de graças, tornou-se mais tarde, o Dia Nacional de Ação de Graças, consagrando-se, para tal, a quinta-feira da quarta semana de do mês de novembro de cada ano.
No Brasil, a instituição do Dia Nacional de Ação de Graças deve-se ao embaixador brasileiro Joaquim Nabuco que ao participar em Washington , da celebração desta festividade, assim se expressou: “Eu quisera que toda a humanidade se unisse, num mesmo dia, para um universal agradecimento a Deus”. O desejo do embaixador de então começou a efetivar-se no Brasil, com a aprovação pelo Congresso Nacional, da Lei 781, no governo do Presidente Eurico Dutra, estabelecendo a última quinta-feira do mês de novembro como o Dia Nacional de Ação de Graças, posteriormente alterado para a quinta-feira da quarta semana do mês de novembro de cada ano, coincidindo assim com a data celebrada em outros países.
É uma comemoração um tanto quanto esquecida, lembro-me na minha infância, na cidade de Piracaia (SP) que neste dia reunia-se na Igreja Matriz da cidade, as autoridades civis, militares, judiciais e religiosas (padres e pastores), e no interior do templo com grande número de fiéis era celebrada a Eucaristia solene presidida pelo então padre local. Hoje, penso que raramente é lembrada tal data, mas independentemente dessa festa e da grande força simbólica que reside no desejo de congregar toda humanidade numa mesma data, mobilizada pelos mesmos sentimentos e atitudes, ao menos, lendo este artigo possamos agradecer e sentir que a esperança é a força motriz da mudança. Além disso, é sempre bom olharmos para trás e vermos que caminhamos, talvez nos mesmos caminhos... Mas tudo bem, a terra é redonda e o céu é sempre novo a cada dia, a cada instante, ele é sempre o mesmo ainda que outro. O labirinto mais perigoso é a linha reta. Portanto, revisar é importante. Mirar as estrelas, os sóis de todo o dia. Mas não seguir em linha reta. Tudo o que é vivo não é reto. Desviar, circundar, dar a volta, contornar, contemplar. Velocidade não combina com sensibilidade e lentidão não é defeito, é jeito de estar e sentir o mundo. A utopia está no horizonte. Caminhamos dois passos e o horizonte fica dez passos mais distante. Então para que serve a utopia? Para isso, serve para caminhar. Vivendo esta utopia, caminhando rumo a um horizonte, vendo, julgando, agindo e celebrando, semeando a esperança e agradecendo.
(Texto de Sandro Silva Araujo,
Professor e Conferencista, Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia).
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