quinta-feira, 21 de junho de 2012

Artigo: A Figura do Antipapa - A/01207

 A Figura do Antipapa

Um Antipapa, no contexto da Igreja Católica Romana, refere-se a quem reclama o titulo de Papa de forma não canônica, geralmente em oposição a um Papa específico, ou durante algum período no qual o título estava vago. Antipapa não é necessariamente sinal de doutrina contrária à fé ensinada pela Igreja, indicando únicamente a pretensão, por usurpação ou dúvida, da legitimidade canônica da sua eleição como Sumo Pontífice da Igreja Católica. Em muitos casos o surgimento de antipapas ocorre em períodos de turbulência na Igreja como foi o caso do Grande Cisma do Ocidente, relacionado com a trasladação da corte papal de Roma para Avinhão, na França, ocorrida entre finais do século XIV e inícios do século XV.

Vale lembrar que historicamente na maior parte das vezes, os antipapas foram eleitos ou legitimados papas de acordo com as regras da Igreja em sua época, reinando como tal incontestadamente por até anos, antes que seus papados fossem considerados ilegítimos pelos papas seguintes. Por vezes, um antipapa volta a ter o título de papa, como no exemplo do Antipapa Bonifácio VII que foi papa duas vezes, tendo seu papado desconsiderado pela igreja duas vezes.

O período da Alta Idade Média é recheado de lutas, e boa parte dos papas que se mantiveram legítimos para a história da Igreja contemporânea já foram considerados antipapas pela mesma em alguma época.

Desta forma, a definição da Igreja Romana de que um antipapa "reclama" o título papal de forma não canônica não abrange sequer metade dos papas.

Historicamente falando, na maior parte dos casos, um antipapa não é menos que um papa que teve seu período de papado "cancelado" pelo papa seguinte - por vezes voltando a ser papa e declarando antipapa o papa que o havia declarado antipapa, como tanto vemos entre os séculos VII e XIII.

O período de papado de um antipapa entra como "paralelo" nas listas da Igreja, mesmo que durante seu reinado este fosse totalmente aceito pela mesma, sendo o único papa de seu reinado, como na maior parte das vezes. Normalmente o seu período de papado é dado nos registros históricos da igreja ao próximo papa que assume o posto.

Desta forma, quando um período de papado é cancelado, até mesmo a numeração do papa pode ser perdida, como no caso dos papas Felix II, Teodoro II, Anastácio III, João VIII, João XVI, entre outros. Todos já foram sucedidos por papas homônimos, mas que foram posteriormente declarados antipapas.

No caso da numeração dos papas "João" por exemplo, isso gerou um papa inexistente com o nome de João XX. Pois o papa João XX após estudo sobre os papas resolveu alterar seu nome para João XXI, reconhecendo um antipapa João como Papa. Infelizmente em determinadas épocas a lista de papas é documentada precariamente, sendo alguns nomes dúbios até mesmo para a própria Igreja, que já modificou sua lista de papas diversas vezes. Os historiadores mostram uma lista de 44 antipapas até o dia de hoje. A igreja Católica assume apenas 39 deles. Após a contra-reforma, a Igreja parou de decretar papas como antipapas.

Os principais antipapas da história da Igreja, foram: Hipólito - (222? - 235?);
Novaciano - (251? - 258?); Félix II - (353 - 365); Ursino - (366 - 367); Eulálio - (418 - 419); Lourenço - (498 - 505); Dióscoro - (530); Teodoro II - (687); Pascoal I - (687 - 692); Constantino II - (767); Filipe - (767); João VIII - (844); Anastácio III - (855); Cristóvão - (903 - 904); João XVI - (996 - 998); Clemente VII - (1378 - 1394); Bento XIII - (1394 - 1423); Alexandre V - (1409 - 1410); João XXIII - (1410 - 1415);Félix V (VI) - (1439 - 1449).

 

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