sábado, 30 de abril de 2011

Artigo: A Viola e a Guitarra - A/o903

A Viola e a Guitarra
na Música Brasileira


Essa dupla é inconfundível e revoluciona ainda a música brasileira, em função de sua popularidade, pela instrumentalidades de notáveis artistas, desde a música raiz até a romântica moderna de nossos dias. A riqueza da música sertaneja de raiz está na diversidade de seus toques. Assim, mantendo as características básicas de harmonia, a essência da música sertaneja de raiz não é voltada às variações e alterações de acordes, mas à complexidade dos toques. Enfocando música sertaneja de raiz a partir da viola sertaneja, temos como um bom parâmetro Cornélio Pires, com suas modas, anedotas e "causos", cujo personagem foi a figura do caipira, no final da década de 1920, mais precisamente no ano de 1929. Cornélio consegue reunir e financiar gravações de discos e apresentações em rádios e em circos, das principais duplas da capital e do interior de São Paulo. Cantando em duas vozes e tocando viola e violão, as músicas dessa fase na sua maioria são conhecidas como modas de viola. São muitas duplas, mas podemos destacar Tonico e Tinoco, apresentando sucessos genuinamente da música sertaneja de raiz, reativando o gosto pela viola sertaneja entre as platéias urbanas.A música sertaneja de raiz estava no auge entre 1940 e 1960. Porém a modernização da agricultura e outros valores dos centros urbanos começaram a esvaziar o campo.

A força da televisão, supervalorizando conceitos considerados modernos, contrapondo-se à fragilidade da nossa formação cultural, abalou as velhas tradições. O som do instrumento passou então a ser considerado fora de moda e, em conseqüência, pouco ouvido na cidade. No entanto, o modismo teve que se curvar à grande força e riqueza da genuinidade da música brasileira raiz e aos poucos, a velha viola foi retornando aos palcos e aos grandes festivais.Na rua das Palmeiras, centro da cidade de São Paulo, os violeiros fizeram do Bar dos Artistas seu ponto de encontro. O líder era João Dias Nunes, o lendário "Tião Carreiro da Viola Padroeira", que na dupla com Antonio Henrique de Lima, o Pardinho, passou a chamar-se simplesmente Tião Carreiro. Esse violeiro, que criou o seu próprio estilo, gravou mais de 50 discos. Com a sua viola sempre cantava e tocava com o braço voltado para cima, porque dizia ele: "as tarraxas de cabeça para baixo derrubam o cantador".A partir dos anos 80, a força da mídia e de grandes empreendimentos, incentivou maciços investimentos na música caracterizada pela fusão do estilo caipira brasileiro com o country norte-americano, tendo grande influência da música mexicana, já conhecida por nós através do cinema. A viola sertaneja é então substituída pela guitarra elétrica e, na sua grande maioria, as músicas passam a ter cunho romântico, conservando a maneira de cantar em dueto, com leve identidade rural. Tantos os artistas que tinham tradição na viola, bem como os modernos intérpretes estão adotando a viola e a guitarra em suas atividades artísticas com absoluto sucesso.

A televisão brasileira e a mídia em geral, dão destaque a esse gênero musical, que é muito aplaudido no Brasil e também no exterior. Como acontece em todos os gêneros musicais, também os amantes da viola sertaneja sempre conseguem garimpar e encontrar verdadeiras preciosidades antigas e modernas, da música sertaneja de raiz. A junção da viola com a guitarra deu um colorido todo especial na música brasileira, transformando-a, em pouco tempo, numa das mais ricas e belas em todo o mundo. Na produção de qualquer trabalho fonográfico, na montagem de qualquer show de sucesso, na apresentação de qualquer programa televisivo, ou mesmo entre amigos, o som da viola e da guitarra está sempre presente, para incrementar com muito brilhantismo todos os gêneros da música brasileira.

(Jairo de Lima Alves – 27/01/2008)

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