Naus da Iniciação
Fernando Pessoa, em sublimidade, escreve, em parábolas, assim: “O mar anterior a nós, teus medos tinham coral e praias e arvoredos. Desvendadas a noite e a cerração, as tormentas passadas e o mistério. Abria em flor ao Longe, e o Sul sidério resplendia sobre as naus da iniciação. Linha severa da longínqua costa - quando a nau se aproxima ergue-se à encosta. Em árvores onde o Longe nada tinha; mais perto, abre-se a Terra em sons e cores: e, no desembarcar, há aves, flores, onde era só de longe a abstrata linha. O sonho é ver as formas invisíveis da distância imprecisa, e com sensíveis movimentos da esperança e da vontade, buscar na linha fria do horizonte a árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte: os beijos merecidos da Verdade.” A linguagem cifrada do notável poeta, faz,nos passear no universo dos mistérios, como ele próprio o fez. (170806)
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