A Esperança do Natal
Douglas chegou ao fim de mais um dia de trabalho, naquele mês de Dezembro. Mais um entre tantos. Porém a volta pra casa não deixava de ser um tormento, principalmente nos últimos dois anos, marcados pelo diagnostico de um câncer na esposa, Andréa. Desde então a vida mudara e a esperança morria a cada dia. A morte era uma questão de tempo, e assim a volta pra casa era um tormento, já que precisava se mostrar forte para consolar a esposa e a família.
Uma chuva fina marcava aquela noite. Já se via os enfeites de Natal nas casas. Douglas parou por alguns momentos e lembrou-se dos Natais passados e de todo ritual que envolvia a data, desde a preparação da arvore até o planejamento da ceia. Lembrou-se do rosto de Andréa ainda corado e feliz. Reparou o sorriso das pessoas que passavam com as bolsas de compras e sentiu uma agonia de choro. Curvou a cabeça como se escondesse o momento e foi aí que encontrou o olhar de uma menina. O tal olhar era de curiosidade. Douglas tentou disfarçar as lágrimas. A criança insistiu no olhar e perguntou: "O senhor tá chorando?", Douglas tentou sorrir, meio sem jeito e respondeu com a cabeça num sinal de negativo. "Sim, o senhor tá chorando" afirmou a menina. "Olha não fique triste. Pode deixar que há alguém que cuida do senhor." A afirmação fez com que ele, fixasse o olhar na criança que continuou: "Foi minha mãe que disse. Ela não mente. Um dia ela me falou que precisava ir embora morar no céu, mas que eu não ficaria sozinha. Logo depois, ela se foi. Levaram minha mãe numa caixa preta. Eu me senti sozinha. Mas não esqueço que ela disse que um dia estaríamos juntas de novo e desta vez pra sempre. E aí todas as vezes que fico triste, lembro do que ela me falou", completou sorrindo e se afastando. Douglas se permitiu chorar, mas desta vez com esperança de algo maior, e decidiu ir pra casa para enfeitar a Arvore de Natal.
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