num “Prostíbulo”
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Rui Barbosa, Senado Federal, Rio de Janeiro, DF)
“Le Brésil n’est pas um
pays sérieux”
Frase atribuída ao presidente francês Charles
André Joseph Pierre-Marie De Gaulle, por ocasião da crise diplomática entre
Brasil e França em 1962. A apreensão de embarcações francesas que pescavam
lagostas em águas territoriais brasileiras teria irritado Charles Gaulle
levando-o a afirmar que “o Brasil não era um país sério”. Na realidade o autor
da frase é o embaixador brasileiro na França, Carlos Alves de Souza Filho.
O embaixador depois de discutir com De Gaulle
a questão da “Guerra da Lagosta”, relatou ao jornalista Luiz Edgar de Andrade,
na época correspondente do “Jornal do Brasil” em Paris o encontro dizendo-lhe
que falaram sobre o samba carnavalesco “A lagosta é nossa” e das caricaturas
que faziam do General De Gaulle, terminando a conversa com a seguinte frase: “Edgar,
le Brésil n'est pas un pays sérieux”. O jornalista, por sua vez, encaminhou o
despacho para o jornal e a frase acabou sendo outorgada a De Gaulle.
Hoje a famosa frase que causou tanta
indignação na época certamente não provocaria a mínima repercussão nem atiçaria
o brio dos mais aguerridos nacionalistas. Teríamos de baixar a cabeça
resignados e concordar plenamente com a afirmativa. As infindáveis “maracutais”
que permeiam pelos corredores Palacianos, pelas tribunas do Legislativo e
Judiciário trazem à baila o pensamento do imortal Rui Barbosa pronunciado em
pleno Senado Federal, quando a sede deste, era ainda no Rio de Janeiro.
Os três poderes, corrompidos nas suas bases,
transformaram nossa Nação num enorme Prostíbulo onde aqueles que detêm o poder
político ou econômico determinam os rumos a seguir mesmo que estes atentem
contra o bom-senso, a lei ou a ética. Tudo acontece sem que a mídia amestrada e
subjugada, por interesses meramente comerciais, se manifeste, sem que a
população subornada pelas famigeradas “bolsas” se levante.
“Padroeiro dos Pecadores”
Fonte:
Revista VEJA - Direto ao Ponto, 26.05.2012
Reportagem de VEJA revela a obscena
ofensiva de Lulla
para subjugar o Supremo e livrar do castigo a quadrilha do “mensalão”
O ex-presidente Lulla vem erguendo desde o começo de abril
o mais obsceno dos numerosos monumentos à cafajestagem forjados desde 2005 para
impedir que os quadrilheiros do “mensalão” sejam castigados pela Justiça.
Inquieto com a aproximação do julgamento, perturbado pela suspeita de que os
bandidos de estimação correm perigo, o “Padroeiro dos Pecadores” jogou o que
restava de vergonha numa lixeira do Sírio Libanês e resolveu pressionar
pessoalmente os ministros do Supremo Tribunal Federal. De novo, como informou
VEJA neste sábado, o colecionador de atrevimentos derrapou na autoconfiança
delirante e bateu de frente com um interlocutor que não se intimida com
bravatas.
A reportagem de Rodrigo Rangel e Otávio
Cabral reproduz os momentos mais espantosos do encontro entre Lulla e o ministro
Gilmar Mendes ocorrido, há um mês, no escritório mantido em Brasília pelo amigo
comum Nelson Jobim, ex-ministro do Supremo e ex-ministro da Defesa. A conversa
fez escala em assuntos diversos até que o palanque ambulante interrompeu o
minueto para dar início ao forró do “mensalão”.
Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lulla, disse Gilmar a VEJA. Não é para
menos.
É inconveniente julgar o processo agora,
começou Lulla,
lembrando que, como 2012 é um ano eleitoral, o PT seria injustamente afetado
pelo barulho em torno do escândalo. Depois de registrar que controla a CPI do
Cachoeira, insinuou que o ministro, se fosse compreensivo, seria poupado de
possíveis desconfortos. E a viagem a Berlim?, perguntou em seguida, encampando
os boatos segundo os quais Gilmar Mendes e Demóstenes Torres teriam viajado
para a cidade alemã num avião cedido por Carlinhos Cachoeira, e com todas as
despesas pagas pelo meliante da moda.
Gilmar confirmou que se encontrou com o
senador em Berlim. Mas esclareceu que foi e voltou em avião de carreira, bancou
todas as despesas e tem como provar o que diz. Vou a Berlim como você vai a São
Bernardo. Minha filha mora lá, informou, antes da recomendação final: Vá fundo
na CPI. Lulla
preferiu ir fundo no palavrório arrogante. Com o desembaraço dos autoritários
inimputáveis, o ex-presidente que não desencarnou do Planalto e dá ordens ao Congresso
disse o suficiente para concluir-se que, enquanto escolhe candidatos a prefeito
e dá conselhos ao mundo, pretende usar o caso do “mensalão” para deixar claro
quem manda no STF.
Alguns dos piores momentos da conversa
envolveram
quatro dos seis ministros que Lulla nomeou:
Carmem
Lúcia - Vou falar com o
Pertence para cuidar dela. (Sepúlveda Pertence, ex-ministro do STF e hoje
presidente da Comissão de Ética Pública, é tratado por Carmen Lúcia como guru).
Dias
Toffoli - Ele tem que
participar do julgamento. (O ministro foi advogado do PT e chefe da Advocacia
Geral da União. Sua mulher defendeu três “mensaleiros”. Mas ainda não descobriu
que tem o dever de declarar-se sob suspeição).
Ricardo
Lewandowski - Ele só iria
apresentar o relatório no semestre que vem, mas está sofrendo muita pressão.
(Só falta o parecer do revisor do processo para que o julgamento comece.
Lewandowski ainda não fixou um prazo para terminar o serviço que está pronto
desde que ganhou uma toga). (...)
Na mesma quarta-feira, a chegada ao STF de um
documento assinado por dez advogados de “mensaleiros” comprovou que Lulla age em parceria
com a tropa comandada pelo inevitável Márcio Thomaz Bastos. Embora nós saibamos
disso, é preciso dar mostras a todos de que o Supremo Tribunal Federal não se
curva a pressões e não decide “com a faca no pescoço”, diz um trecho desse
inverossímil hino à insolência. A expressão foi pinçada da frase dita em 2007
pelo ministro Ricardo Lewandowski, num restaurante em Brasília, depois da
sessão que aprovou a abertura do processo do “mensalão”. Faltou completar a
frase do revisor sem pressa: Todo mundo votou com a faca no pescoço. A
tendência era amaciar pro Dirceu.
O escândalo descoberto há sete anos se
arrasta no STF há cinco, mas os dez doutores criticaram a correria para o
julgamento, atiçada pela grita. Eles resolveram dar lições ao tribunal por
estarem preocupados com a inaudita onda de pressões deflagradas contra a mais
alta corte brasileira. O Brasil decente faz o que pode para manifestar seu
inconformismo com o tratamento gentil dispensado pela Justiça a pecadores que
dispõem de padrinhos poderosos e advogados que cobram por minuto. São pressões
legítimas. Preocupante é o cerco movido a um Poder independente por um ex-chefe
do Executivo. Isso não é uma operação política, muito menos uma ação jurídica.
É um genuíno caso de polícia.
Se os bacharéis do “mensalão” efetivamente se
preocupam com pressões ilegais, devem redigir outro documento exigindo que Lulla aprenda a
comportar-se como ex-presidente e pare de agir como um fora-da-lei.
- Quem procura acha...
Fonte:
Jorge Serrão, Edição do Alerta Total, 28.05.2012
Procurador Gurgel pode mandar
investigar Lulla
por
tráfico de influência e extorsão contra ministro do STF
Quem procura acha... As inconfidências de
Gilmar Mendes podem render problemas judiciais para o Doutor Chefão Luiz Inácio
Lulla da
Silva. O Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, tem tudo para pedir a
abertura de um inquérito para investigar a revelada tentativa de crime de
tráfico de influência e até de extorsão praticadas pelo ex-Presidente da
República contra um ministro titular e ex-Presidente do Supremo Tribunal
Federal. Gurgel tem o dever de agir com rigor neste caso que envolve pelo menos
uma autoridade com foro privilegiado: Gilmar. Lulla perdeu o privilégio dele.
Não dá para ignorar a gravidade da revelação
feita por Gilmar Mendes à revista Veja. O ex-Presidente da República,
veladamente, fez ameaça ao ministro do STF. Gilmar Mendes confirmou que Lulla lhe pediu para
tentar adiar o julgamento do mensalão. Ofereceu, em troca, uma blindagem a
Gilmar na CPI do Cachoeira. A clara tentativa de tráfico de influência, com
extorsão, aconteceu em Brasília, no dia 26 de abril. O picadeiro da proposta
indecente feita pelo eterno sindicalista de resultados foi o escritório de
Nelson Jobim - ex-ministro da Justiça e ex-presidente do STF.
Lulla
teria recomendado a Gilmar que o mais correto seria julgar o mensalão após as
eleições municipais de outubro. O companheiro $talinácio também teria dito a
Gilmar: “o Zé Dirceu está desesperado”. Gilmar Mendes reagiu com indignação: “Fiquei
perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do Presidente Lulla”. Outro membro
do STF, não indicado por Lulla,
Celso de Mello, ainda tirou uma lição do escândalo: “Um episódio negativo e
espantoso em todos os aspectos. Mas que servirá para dar relevo à correção com
que o STF aplica os princípios constitucionais contra qualquer réu, sem
importar-se com a sua origem social e que o tribunal exerce sua jurisdição com
absoluta isenção e plena independência”.
Agora, de nada adianta o anfitrião do
encontro Lulla-Gilmar,
o Genérico sem estrelas Nelson Jobim, ex-ministro da Defesa, tentar defender
Luiz Inácio, alegando que “nada do que foi relatado pela Veja aconteceu”. Pior
ainda foi o que Jobim comentou com a reportagem do jornal gaúcho Zero Hora: “Estranho
que o encontro tenha acontecido há um mês e só agora Gilmar venha se dizer
indignado com o que ouviu de Lulla.
O encontro foi cordial. Lulla
queria agradecer a colaboração de Gilmar com o seu governo”.
Gilmar Mendes ouviu de Lulla e tornou pública a
estratégia que usaria para influenciar os demais ministros do STF. Lulla escalaria o amigo
Sepúlveda Pertence, ministro aposentado do STF e chefe da Comissão de Ética
Pública da Presidência, para conversar sobre o processo do mensalão com a
ministra Cármen Lúcia. Sepúlveda é padrinho da indicação da ministra ao
tribunal. Lulla
também comprometeu o ministro José Dias Toffoli – também indicado por ele: “Eu
já disse ao Toffoli que ele tem que participar do julgamento”. Lulla não liga que a
namorada dele seja advogada de Roberta Rangel, que atuou na defesa de três réus
do mensalão. Lulla
também conta que, em 2013, os ministros Ayres Britto e Cesar Peluso, propensos
à condenação dos réus, estarão aposentados.
(Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 29 de maio de 2012)
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