sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A droga como ela é... uma droga! - A/0197

A droga como ela é... uma droga!
Há tempos conheci uma vida, vida a qual vivi intensamente e não me desprendia por nada, nem se quer para comer, beber ou dormir, vivi perambulando pelas ruas do centro de São Paulo, esfarrapado feito mendigo, sujo como porco no chiqueiro, insano como aqueles que inventaram o crack!Qual é tá me tirando, eram estas as minhas palavras aos que tentavam me ajudar, quem cuida da minha vida sou eu, não me venha querer chamar a atenção, como se eu preservasse de verdade a minha vida.Dela não sinto saudades, aliás não foi motivo de amor e sim de dependência, amor sentimos pelo sexo oposto em determinados aspectos, mas nem assim consegui me livrar desta porcaria passados quase dez anos, estou aqui, escrevendo sobre minha dor, não pedi aos meus pais uma vida na burguesia, mas também não queria que me fosse oferecido um pedaço do inferno como vida, porém como todos os pais, eles se dedicaram de forma indescritível, chegando ao ponto de passarem comigo apenas as horas de sono, ou de o único conselho ser: "vá escovar os dentes, rapaz".Mas não os culpo, apenas teria feito de outra maneia.Hoje me deparo com este mesmo problema, só que agora aos vinte e nove anos, casado há nove e com três filhos maravilhosos. Parei e tentei entender o porque, pois sempre que as coisas estão chegando ao seu ponto de máximo, me vem esta sensação de necessidade de absorve-la novamente, sentir ela penetrando em cada veia e chegando ao meu cérebro em menos de 7 segundos, depois a sensação é de extrema perda, de senso de direção, de porque estou aqui, porque te busco novamente, mas a realidade é ela sempre esteve comigo, eu sempre a cultivei aqui dentro e sempre reguei sua muda, não permitindo que ela se fosse. Antes mesmo de pensar em ir eu já estava, antes de querer eu já havia consumido, e depois nada, simplesmente nada, ao invés de você consumir, você foi consumido, seu dinheiro, sua saúde, sua moral, sua dignidade, e você se torna mais uma vez, um mendigo perambulando pelas ruas da cidade.Digo com toda sinceridade, a minha vida não precisava ser um mar de rosas, mas que ela não fosse tão ruim assim, me desdobro e contorço, mas desta vez eu a elimino de minha vida, pois esta droga é mesmo uma droga! (Depoimento de um vencedor, que não pretende se identificar)

Nenhum comentário: