quarta-feira, 21 de julho de 2010

Caça ao "Amigo da Onça" - Crônica Policial

Caça ao "Amigo da Onça"

Depois de prender o "cabeça" do grupo – o cirurgião-dentista e professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Eliseu Augusto Sicoli – e desmontar o esquema de caçadas de onças no Pantanal em que turistas pagavam US$ 1,5 mil para participar de safáris, a Polícia Federal está à caça de Antônio Teodoro de Melo Neto, guia dos caçadores. Ele era conhecido como "Tonho da Onça" (à esq.) e fez fama como o maior caçador de onças do Brasil. Conforme seus próprios cálculos, começou a "carreira" criança e matou pelo menos 600 desses animais. Era contratado por fazendeiros para capturar animais que atacavam rebanhos. Há dois anos, em entrevista à revista Camalote Ecoturismo, Tonho contou que sua primeira caçada foi aos 7 anos. Aos 11 anos começou a caçar onças “pra valer”. “Matava por matar”, afirmou.


Natural de coxim (MS), Tonho da Onça mora em uma chácara em Rondonópolis (MT) que comprou com o dinheiro pago por fazendeiros. Em 1990 passou a ser considerado um caso exemplar de "convertido" de caçador a protetor das onças, passando a ajudar o Ibama e entidades ambientalistas na preservação dos animais. Sua função era atirar dardos anestésicos para imobilizar os felinos para que recebessem um colar de rastreamento. Foi justamente o desaparecimento de duas das onças monitoradas pelo Ibama que levou a Delegacia da Polícia Federal de corumbá (MS) a começar as investigações que culminaram na Operação Jaguar nesta semana.

A história da suposta regeneração de Tonho da Onça virou livro infantil escrito por duas professoras de Rondonópolis (MT), Olga Carvalho de Souza e Laís Maria da Cunha Fagundes, que usaram o "ex-caçador" como exemplo para mostrar a importância da preservação da espécie.

Agora, com a nova versão dessa história contada pela Polícia Federal à imprensa, de amigo exemplar dos animais o caçador passa a ser descrito como um "Amigo da Onça", personagem criado em 1943 pelo cartunista Péricles de Andrade Maranhão que sacaneava os amigos e virou sinônimo de quem fazia isso. Ficou famoso em O Cruzeiro, principal revista de circulação nacional que se extinguiu no começo dos anos 60 com a decadência dos Diários Associados, maior rede de jornais já existente no planeta criado por Assis Chateaubriand, o Chatô, considerado o verdadeiro "Cidadão Kane". Mas essa já é uma outra história...

Nenhum comentário: