Exposição na APM relembra
Hiroshima e Nagasaki em prol da paz
Em 2 de agosto, a Associação Paulista de Medicina abriu a mostra “Hiroshima e Nagasaki: um agosto para nunca esquecer!”. Sediada na Pinacoteca da APM se estende até 30 de setembro. Conta com 30 pôsteres, imagens, textos informativos e cinco vídeos sobre os lançamentos das bombas atômicas, após o fim da Segunda Guerra Mundial, ocorrido há 65 anos.
Todo o material veio do Japão, por intermédio da Associação Médica de Hiroshima, e ficará no Brasil por dois anos, sendo exposto em diferentes cidades. Para Milton Massato Hida, um dos colaboradores do evento, o intuito, além de relembrar as conseqüências da tragédia, é homenagear os sobreviventes que moram no Brasil, incentivar a abolição das armas nucleares e celebrar a paz.
Segundo o cônsul-geral adjunto do Japão em São Paulo, Masahiko Kobayashi, a mostra serve como apelo para a realização de um mundo de paz. “Esta é uma forma de orientar a sociedade civil, em especial os jovens, sobre o horror da bomba atômica, que não se resume só ao impacto da explosão e energia térmica. Até hoje há pessoas desenvolvendo doenças por causa dos efeitos tardios”, lamenta Kobayashi, lembrando que o Japão é o único país que sofreu com a bomba e que, por isso, se sente no dever de alertar a população mundial.
Em depoimento emocionante, o diretor presidente da Associação Hibakusha Brasil pela Paz (Associação das Vítimas da Bomba Atômica), Takashi Morita, que tinha 21 anos na época, conta como sobreviveu à tragédia. “Para não deixar a radiação entrar no corpo, as pessoas ficavam dias sem comer ou beber nada. Muitas crianças morreram pedindo ‘mamãe, me dá água’, mas essa era a única forma. Foi só assim que consegui sobreviver”, contou Morita, que sofreu queimaduras nas costas por causa da bomba.
Curador da exposição, o secretário-geral APM, Ruy Tanigawa, representando também o presidente do Conselho Regional de Medicina, Luiz Alberto Bacheschi, afirma que a mostra ficará exposta em 183 cidades de São Paulo, onde a APM se encontra, além de outras localidades fora do Estado. “Apesar de ser um assunto triste, a história deve ser transmitida, como uma mensagem de paz”.
Por fim, o presidente Jorge Carlos Machado Curi, relembra a viagem que fez ao Japão no ano passado, como forma de intercâmbio entre as associações médicas dos dois países. “Hiroshima é o exemplo do que um povo pode fazer mesmo depois de tragédia tão grande. A cidade está reconstruída, inspira paz. Reviver essa história é, portanto, uma maneira de lembrarmos que devemos ter atitudes positivas, como a tolerância e a paciência, a fim de diminuir a violência permanente que nos rodeia”.
Na inauguração da mostra na APM, também presentes o secretário especial de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, José Gregori, os presidentes da Associação Médica Brasileira, José Luiz Gomes do Amaral, e da Federação Nacional dos Médicos, Cid Célio Jayme Carvalhaes, além de outros diretores da APM. Os presidentes da Associação Médica de Hiroshima, Shizuteru Usui, e o da Hiroshima Peace Cultura Foundation, Steven Leeper, participaram por videoconferência.
A exposição “Hiroshima e Nagasaki: um agosto para nunca esquecer!” fica aberta todos os dias, das 12h às 21h e tem entrada franca. Podem ser agendadas visitas de alunos do ensino médio e de universitários para participação de uma contextualização histórica e da proposta de feitura dos “tsurus”, pássaros de origami (técnica de dobradura em papel) que incentivam a paz.
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