“Deputado 514” deixa Câmara após mais de três décadas
Secretário geral da Mesa, Mozart Vianna vai trabalhar com o senador Aécio Neves. Perfil discreto tornou-o uma das poucas unanimidades da Câmara
Mozart Vianna (de óculos), atrás de Ulysses Guimarães: "Se pudesse, não apareceria" (Claudio Versiani). É impossível extrair de Mozart Vianna qualquer crítica a um parlamentar: "Há instâncias julgadoras e não é essa minha função" .
Mozart Vianna (de óculos), atrás de Ulysses Guimarães: "Se pudesse, não apareceria" (Claudio Versiani). É impossível extrair de Mozart Vianna qualquer crítica a um parlamentar: "Há instâncias julgadoras e não é essa minha função" .
Mozart Vianna, o secretário-geral do órgão que comanda os trabalhos da casa, deixa o cargo para assumir a assessoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Elogiado por partidários do governo e da oposição, Mozart transformou-se numa das poucas unanimidades da Câmara.
Ele entrou na Câmara dos Deputados em 1975, aprovado num concurso público para assistente legislativo. Em 1991, convidado pelo então presidente Ibsen Pinheiro, assumiu a secretaria-geral da Mesa Diretora. Antes, já havia se destacado na coordenação da equipe de técnicos que assessorou a elaboração da Constituição de 1988. No momento da aprovação da nova Carta Magna, aparece atrás de Ulysses Guimarães numa foto que se tornou célebre.
Foram quatorze anos assessorando as sessões, de pé, o que lhe rendeu uma dor nas costas graças ao movimento constante que era obrigado a fazer: inclinar-se à frente para auxiliar o presidente na interpretação do regimento da casa. Até que em 2005, convencido pela mulher, o então presidente Severino Cavalcanti (PP-PE) pediu que se instalasse uma cadeira para o secretário-geral ao lado do presidente.
Lugar estratégico - Foi de lá que Mozart participou da sessão derradeira: a eleição da nova Mesa Diretora, na última terça. O presidente Marco Maia (PT-RS) pediu uma salva de palmas em homenagem ao funcionário. “Fiquei todo sem jeito”, conta o reservado secretário-geral. Mineiro de Corinto, a 195 quilômetros de Belo Horizonte, Mozart é avesso a qualquer exposição pública. E, embora ninguém tenha tanto tempo de exibição na TV Câmara quanto ele, se diz incomodado com o lugar de destaque no plenário: “Faço minha obrigação, o meu trabalho. Se pudesse não aparecer, eu não apareceria”. O lugar estratégico torna comuns mal-entendidos: há quem pense que o secretário geral é, na verdade, um deputado.
O prestígio pode ser medido pelo espaçoso gabinete que ocupava – bem maior do que aqueles destinados aos próprios parlamentares. De terça a quinta-feira, a sala vivia cheia de parlamentares, assessores e até jornalistas em busca de respostas sobre o processo legislativo. Mozart é tido o como o maior conhecedor do regimento da casa. É a ele que o presidente da casa recorre quando precisa rebater alguma tentativa de manobra regimental – o que ocorre quase diariamente na casa.
O respeito é resultado de uma união entre capacidade técnica e um perfil discreto, avesso a qualquer polêmica. É impossível extrair de Mozart qualquer crítica a um parlamentar. Mesmo àqueles que, graças aos frequentes escândalos, entram na berlinda: “Se eu os conheço, continuo em contato com eles. Há instâncias julgadoras e não é essa minha função”.
Convite - Na hora de aceitar o convite de Aécio Neves, um fator pesou: a rotina de secretário-geral consumia cerca de 12 horas diárias. A mulher e os quatro filhos sofriam com a ausência do chefe da casa. Na época da Constituinte, quando o terceiro filho nasceu, Mozart estava no Congresso. Deixou o trabalho por três horas para visitar a criança e voltou ao Parlamento.
O secretário-geral já chegou a ficar duas noites sem dormir por causa das obrigações profissionais. Hoje, com 59 anos, ele quer tranquilidade. Mas a rotina continuará agitada. “O Aécio é muito ativo. Eu sei que não vou ter muita folga”.
Ele entrou na Câmara dos Deputados em 1975, aprovado num concurso público para assistente legislativo. Em 1991, convidado pelo então presidente Ibsen Pinheiro, assumiu a secretaria-geral da Mesa Diretora. Antes, já havia se destacado na coordenação da equipe de técnicos que assessorou a elaboração da Constituição de 1988. No momento da aprovação da nova Carta Magna, aparece atrás de Ulysses Guimarães numa foto que se tornou célebre.
Foram quatorze anos assessorando as sessões, de pé, o que lhe rendeu uma dor nas costas graças ao movimento constante que era obrigado a fazer: inclinar-se à frente para auxiliar o presidente na interpretação do regimento da casa. Até que em 2005, convencido pela mulher, o então presidente Severino Cavalcanti (PP-PE) pediu que se instalasse uma cadeira para o secretário-geral ao lado do presidente.
Lugar estratégico - Foi de lá que Mozart participou da sessão derradeira: a eleição da nova Mesa Diretora, na última terça. O presidente Marco Maia (PT-RS) pediu uma salva de palmas em homenagem ao funcionário. “Fiquei todo sem jeito”, conta o reservado secretário-geral. Mineiro de Corinto, a 195 quilômetros de Belo Horizonte, Mozart é avesso a qualquer exposição pública. E, embora ninguém tenha tanto tempo de exibição na TV Câmara quanto ele, se diz incomodado com o lugar de destaque no plenário: “Faço minha obrigação, o meu trabalho. Se pudesse não aparecer, eu não apareceria”. O lugar estratégico torna comuns mal-entendidos: há quem pense que o secretário geral é, na verdade, um deputado.
O prestígio pode ser medido pelo espaçoso gabinete que ocupava – bem maior do que aqueles destinados aos próprios parlamentares. De terça a quinta-feira, a sala vivia cheia de parlamentares, assessores e até jornalistas em busca de respostas sobre o processo legislativo. Mozart é tido o como o maior conhecedor do regimento da casa. É a ele que o presidente da casa recorre quando precisa rebater alguma tentativa de manobra regimental – o que ocorre quase diariamente na casa.
O respeito é resultado de uma união entre capacidade técnica e um perfil discreto, avesso a qualquer polêmica. É impossível extrair de Mozart qualquer crítica a um parlamentar. Mesmo àqueles que, graças aos frequentes escândalos, entram na berlinda: “Se eu os conheço, continuo em contato com eles. Há instâncias julgadoras e não é essa minha função”.
Convite - Na hora de aceitar o convite de Aécio Neves, um fator pesou: a rotina de secretário-geral consumia cerca de 12 horas diárias. A mulher e os quatro filhos sofriam com a ausência do chefe da casa. Na época da Constituinte, quando o terceiro filho nasceu, Mozart estava no Congresso. Deixou o trabalho por três horas para visitar a criança e voltou ao Parlamento.
O secretário-geral já chegou a ficar duas noites sem dormir por causa das obrigações profissionais. Hoje, com 59 anos, ele quer tranquilidade. Mas a rotina continuará agitada. “O Aécio é muito ativo. Eu sei que não vou ter muita folga”.
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