sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Artigo: Oliva Enciso, a Educadora - A/1057

Oliva Enciso, a Benfeitora da
Educação Profissional e da Cidadania

É sempre interessante observar o quanto o amor a terra projeta os indivíduos ao construtivismo necessário da vida.

Importante também saber diferençar apego egoístico de amor altruístico: este se mantém ombro a ombro com o próximo, somando-se-lhe cotidianamente com todo o interesse fraterno, prezando por seu bem-estar e emancipação, ao passo que aquele outro, o apego egoístico, labora febrilmente pelas vantagens falsas que a ignorância exige para o prazer efêmero imediatista e materialista.

A inteligência emocional da professora escritora Oliva Enciso voltou-se integralmente à vida pensada para a infinita posteridade, despojando-se do verniz pessoal, como podemos compreender com a leitura do seu livro Mato Grosso do Sul – Minha Terra, segunda edição em 2003, para dedicar-se à educação global com ênfase profissional e à cultura do bem-viver. Oliva Enciso (17/4/1909, Fazenda Taquaral, Corumbá/MS— 30/6/2005, Campo Grande/MS), ocupou a cadeira 22 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, patrono Vespasiano Martins.

Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul.
Radicou-se em Campo Grande a partir de 1923. Educadora, pioneira da educação profissional em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Professora. Formou-se na Faculdade de Farmácia e Odontologia. Foi primeira vereadora de Campo Grande (1955-1958); primeira deputada estadual (1959-1963).

Autora da lei que criou o Instituto de Previdência de Mato Grosso (IPEMAT), ainda hoje beneficiando servidores públicos. Fundou, a 21 de janeiro de 1940, a Sociedade Miguel Couto dos Amigos do Estudante. Em primeiro de setembro de 1963, ao seu empenho, foi criada a Faculdade de Farmácia e Odontologia de Mato Grosso.

Poetisa escritora publicou os livros “Biografi as dos Patronos da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras”, “Pensai na Educação, Brasileiros”, “Mato Grosso do Sul – Minha Terra” (reeditado em 2003 pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI) e “Palavras de Poesia”. Colaborou com várias crônicas e poesias publicadas no suplemento cultural – Caderno B – do jornal Correio do Estado em Campo Grande.

A obra Mato Grosso do Sul – Minha Terra traz história do Estado, dinamizada pela própria narradora em seu longo tempo de lutas e benéfica infl uência pela educação e em prol do desenvolvimento. A partir de novembro de 1930, quando assumiu cargo administrativo na Prefeitura Municipal de Campo Grande, contribuiu, por longas décadas, para a sua consolidação administrativa, e paralelamente se dedicava a outras missões confi adas pelo Executivo e à obra da Sociedade Miguel Couto, de que foi valoroso arrimo, garantindo a organização (na linha da educação e do desenvolvimento profi ssional) e batalhando nacionalmente por verbas que garantissem sua manutenção.

Oliva foi celebrizada pelas ações decisivas que culminaram, nos anos 40, na vinda do SENAI e, depois, do SESI, para o Estado. O livro conta passo a passo a caminhada pioneira nesse sentido, a partir das gestões junto ao então diretor do SENAI, doutor Roberto Mange.

Em seu trabalho pela educação própria, foi acolhida e acolheu, educou e fez história. Pioneira atuante no Instituto Pestalozzi, cuja estrutura deu lugar ao Ginásio Dom Bosco, que daria origem às Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso (FUCMT), hoje Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

Ajudou a fundar, em 1967, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Foi destacada diretora estadual da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), surgida em 1943 no Recife — até hoje o mais expressivo movimento de educação comunitária da América Latina.

Das muitas homenagens que a eternizam na Capital e no Estado de Mato Grosso do Sul (Assembleia Legislativa e no Executivo), permanece nos anais públicos o reconhecimento à sua vida de trabalho. Na Câmara Municipal o Plenário recebe o seu nome.

O Boletim Informativo SENAI, de julho de 1949 trouxe: “Quando se tiver de escrever a história da penetração do ensino profi ssional no Oeste Brasileiro, haverá necessidade de se não omitir um nome de mulher, o de D. OLIVA ENCISO”.

Ao início do livro, Oliva Enciso compõe belos quadros sobre o ninho querido, a grande Fazenda Taquaral na região de Corumbá, a infância feliz e história familiar. E ao fi nal canta, sobre a terra natal: “(...) Eu te revejo em sonhos, minha Corumbá! /Tuas manhãs e tardes coloridas... /Teu rio correndo mansamente /Onde eu tanto gostava de brincar... (...)”.

...E assinalando sempre o amor a terra por motivo de vida, entrega também sua alma a Campo Grande, donde se tornou Cidadã, ofi cialmente, pela Câmara Municipal (Resolução 674, de quatro de maio de 1976), e pela Cidade Morena também derrama seu canto: “(...) O céu de Campo Grande /Que nos encanta a vista /E tanto nos deslumbra /Com tantos esplendores!”...

(Guimarães Rocha, de Campo Grande)

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