quarta-feira, 30 de julho de 2014

ABL: Os Imortais

Os imortais da Academia Brasileira de Letras

Monteiro Lobato, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector. Nenhum deles ocupou cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). Em compensação Ivo Pitanguy, José Sarney, Marco Maciel e Paulo Coelho estão entre os atuais 40 imortais, o que mostra que não são só as letras que contam.

O estatuto da ABL explica em seu 2º artigo que "só podem ser membros efetivos da Academia os brasileiros que tenham, em qualquer dos gêneros de literatura, publicado obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livro de valor literário". Na prática, ocupa a vaga quem fizer o melhor lobby entre os 39 (agora, 37 membros efetivos com a vacância das cadeiras 32, 34 e 37) imortais que, por voto secreto, escolhem seu próximo colega.

Quando faleceu o bibliófilo José Mindlin, que desde 2006 ocupava a cadeira 29, a cadeira foi declarada vaga no dia 4 de março, na Sessão da Saudade, despontando  vários e variados candidatos, como o cartunista Ziraldo, o sambista Martinho da Vila e o diretor da Biblioteca Nacional, Muniz Sodré. Mas as apostas repousaram em Eros Grau, que já ocupava uma cadeira cobiçada no Supremo Tribunal Federal.

Mas fãs de ironias históricas estavam torcendo para o embaixador Geraldo de Holanda Cavalcanti, casado com a escritora Dirce de Assis Cavalcanti, filha de Dilermando de Assis. Só para recordar: em 1909, Dilermando matou, em legítima defesa, Euclides da Cunha, que ocupava a cadeira nº 7 da ABL. Há exatos 101 anos depois, o genro de um assassino de imortal se tornou imortal, cujo fato daria para escrever um livro.

Um fato curioso na Academia de Letras: 80 anos foi o tempo que levou para que uma mulher ingressasse na academia: a primeira foi Rachel de Queiroz, em 1977.

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