LANDMARKS - PIKE, FINDEL, POUND e BERTHELON
Classificação de Pike
Albert Pike (1809-1891), foi um célebre maçom norte-americano, um dos maiores de todos os tempos, nascido em Boston. Poeta, advogado e militar --- tendo chegado ao generalato --- foi Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho da jurisdição Sul do REAA dos Estados Unidos. Sua obra "Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry", publicada em 1871, é, ainda hoje, como uma "Bíblia" para o Rito, em seus Altos Graus.
Sua classificação de landmarques, foi resultado de amplo estudo e de uma arrasadora e erudita crítica ao emaranhado de falsos limites apresentados pelos autores da época, incluído, aí, Mackey, que foi seu discípulo e seu Secretário. Para Pike, são cinco os landmarques:
1. A necessidade dos maçons reunirem-se em Lojas;
2. O governo de cada Loja por um Venerável Mestre e dois Vigilantes;
3. A crença no Grande Arquiteto do Universo e numa vida futura;
4. A cobertura dos trabalhos da Loja;
5. A proibição da divulgação dos segredos da maçonaria, ou seja, o sigilo maçônico.
Todas as regras relacionadas são verdadeiros landmarques. Mesmo com alguns autores contestando uma ou outra dessas regras, nenhum deles deixa de reconhecer essa realidade
Classificação de Pound
Roscoe Pound, autor de "Jurisprudência Maçônica", publicou um rol de nove landmarques --- como Findel --- como segue:
1. A crença em Deus, o Grande Arquiteto do Universo.
Semelhante à 19ª regra de Mackey, é um verdadeiro landmarque.
2. A crença na imortalidade da alma.
Semelhante à 20ª de Mackey, também é um lindeiro. Tanto a crença em Deus quanto a crença na imortalidade da alma têm raízes profundas na História das organizações medievais de ofício, florescidas à sombra da Igreja. Têm sido, todavia, tais limites, questionados por sérios pesquisadores, que defendem o ponto de vista de que uma crença é de foro íntimo, não devendo ser imposta. Podem ser questionados, mas são aceitos como landmarques.
3. O Livro da Lei Sagrada como parte integrante dos utensílios da Loja.
Semelhante ao 21º landmarque de Mackey, é discutível que seja um verdadeiro lindeiro, já que as antigas Lojas não adotavam o uso, o qual só surgiria no início do século XVIII, tornando-se obrigatório a partir de 1740, com uma resolução da Premier Grand Lodge. Antes disso, o uso de um Livro da Lei Sagrada --- geralmente, a Bíblia, mas podendo ser a Torá, o Corão e outros --- era facultativo e adotado por apenas algumas Lojas inglesas. Por isso é que a original Constituição de Anderson é omissa, nesse ponto.
4. A lenda do terceiro grau maçônico.
Introduzida somente na fase da moderna maçonaria (século XVIII) --- embora os membros das organizações de ofício possuíssem lendas semelhantes, como a de Mestre Jacques e a de Mestre Subise --- não constitui um verdadeiro landmarque, principalmente se for considerado que o terceiro grau só foi introduzido em 1738, depois da criação da Premier Grand Lodge.
5. O sigilo maçônico.
Um verdadeiro landmarque.
6. O simbolismo da arte da construção.
O simbolismo da arte de construir, estabelecendo uma ciência especulativa, é uma recomendação importante, mas não é considerada, pelos pesquisadores fidedignos, um verdadeiro landmarque, pois é moderna, da maçonaria dos aceitos, não vindo, evidentemente, das antigas Lojas, e não havendo imemoriabilidade.
7. A necessidade do maçom ser livre e de idade viril.
Embora, como já foi esclarecido, altamente contestado, é considerado um real landmarque.
8. O governo da Loja por um Venerável Mestre e dois Vigilantes.
Um verdadeiro landmarque.
9. O direito de visitação.
Semelhante à 14a. regra de Mackey, é uma norma regulamentar, não sendo considerada um verdadeiro landmarque, pois não existia nas Lojas antigas e ainda não existe em muitas modernas.
Classificação de Berthelon
Grande Oficial da Grande Loja Nacional Francesa e autor de "Miscellanées Traditionelles et Maçonniques", Jean Pierre Berthelon publicou uma classificação com seis regras:
1. O governo da Confraria por um Grão-Mestre eleito.
Surgido com a criação da primeira Obediência maçônica do mundo (1717), não é considerado um verdadeiro landmarque, pois tem data conhecida de introdução.
2. O direito de voto, de recurso e de visita de seus membros.
Como já foi destacado, é uma medida regulamentar.
3. A soberania da jurisdição territorial.
Essa é uma norma que não consta em nenhuma das principais classificações, mas está presente nas Antigas Obrigações da Constituição de Anderson. Não é considerado um verdadeiro landmarque, pois só foi introduzida quando da criação do sistema obediencial, já que, antes disso, as Lojas eram livres de qualquer jurisdição (e continuaram sendo ainda durante algum tempo, fora da Premier Grand Lodge).
4.O recrutamento masculino.
Já analisado, tem sido objeto de acirrada discussão. Embora os que defendam a iniciação de mulheres e as Loja femininas rotulem os defensores do exclusivo recrutamento masculino de radicais, estes existem também no campo oposto e já há muito tempo. Como instituição racional, a maçonaria tem de fugir, também, dos que defendem, como superior --- já que a igualdade é o ideal --- o chamado "sexo frágil" (eufemismo que não reflete a realidade), como faziam, até ao século XVII, os que aceitavam, sem contestação, as palavras da seguinte lição latina:
"Mulier perfutur viro scilicet : Materia: Quia Adam factus est de limo terrae, Eva de costa Ade. Loco : Quia Adam factus est extra paradisum, Eva in paradiso. In conceptione : Quia mulier concipt Deum, quid homo nom potuit. Appariciones : Quia Christus apparuit mulieri post mortem ressurrectionem, scilicet Magdalene. Exaltatione : Quia mulier exaltata est super chorus angelorum scilicet beata Maria".
Ou seja:
"A mulher é superior ao homem, porque : Materialmente : Adão foi feito de barro e Eva, da costela de Adão. Pelo local : Adão foi feito fora do Paraíso e Eva, no Paraíso. Pela concepção : a mulher concebeu a Deus e o homem não pôde fazê-lo. Pelo aparecimento : Cristo, depois da morte, apareceu a uma mulher, Madalena. Peça exaltação : uma mulher foi exaltada acima do coro dos anjos, a bem-aventurada Maria".
5. A crença na existência de Deus, o Grande Arquiteto do Universo.
Um verdadeiro landmarque, embora também contestado, como já foi visto.
6. O Livro da Lei Sagrada sobre o Altar.
Também, como já foi visto, discutível, já que as antigas Lojas não o adotavam, como regra geral, ou norma obrigatória. ( José Castellani)
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BIBLIOGRAFIA:
After the First Degree - The Provincial Grand Lodge of Northamptonshire and Huntingdonshire - Londres - 1990
After the Third Degree - Idem - Londres - 1990
Ars Quatuor Coronatorum - Anais da Quatuor Coronati Lodge of Masonic Research nº 2076 - diversos números, de 1968 a 1998.
de Sena, V. - Landmarques - Tese, Antítese, Síntese - Rio de Janeiro - 1981
Dyer, C. - Symbolismo in Craft Freemasonry - Londres - 1976
Fay, M.B. - La Franc-Maçonnerie et la Révolution Intelectuelle du XVIIIe. Siècle - Paris - 1935
Gould, R.F. - History of Freemasonry - Londres - 1951
Knoop, D e Jones, G.P. - The Genesis of Freemasonry - Manchester - 1947
Masonic Square Magazine - diversos números - Shepperton - Middlesex
Paillard, M. - Les Constitutions Maçonniques Anglaise et Française - Paris - 1938
Mellor, A. - La Franc-Maçonnerie à l´Heure du Choix - 2a. ed. - Paris - 1963Wirth, O. - Qui est Régulier? - Paris - 1938.
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