sábado, 3 de julho de 2010

Artigo: O Valor do Conhecimento - A/0847

O Valor do Conhecimento

Desde que ultrapassamos o portal da vida, nos vemos irrequietos para satisfazermos
a curiosidade de explorar o desconhecido, trocando o conforto e a proteção
do ventre materno por um mundo estranho e barulhento, abarrotado de portais,
de caminhos entrelaçados, repletos de armadilhas, de seres estranhos disputando
espaços e divisas.
Essa leitura de mundo é a primeira lição que nos instrui e
nos alerta de que, a partir daquele instante, somos nós por
nós. O mínimo que ganharíamos seriam alguns cuidados e
atenções para vislumbrar os horizontes. Devemos aprender,
então, a primeira regra: sermos incansáveis, imbatíveis para
suprir a necessidade de ser.
Sem saber que caminho trilhar, obedecemos ao instinto e pagamos
pelos erros da inexperiência. Aprendemos a segunda
regra: usar o racional para não pagar um alto preço para existir.
Pois, quando não refletimos ao partir à caça das escolhas
para facilitar o próprio viver, pagamos um alto valor, como
diz o ditado: “Quando a cabeça não pensa, o corpo padece”.
Entre tantos desencontros, o homem se transformou num
incansável caçador de valores, denodos que o façam sobressair.
De tanto questionar, sem obter respostas satisfatórias,
vai além e esbarra numa muralha que se tornou o seu maior
desafio: o porquê.
Por que isso é certo ou errado? Por que é bom ou mau? Por
que posso ou não posso? A guerra dos porquês é tamanha
que leva o homem a porquês que o inquietam: Por que existo?
Por que estou aqui e para onde vou?
Entre uma colisão e outra, num momento de “transe” da
trajetória humana, surgiu algo fantástico denominado filosofia.
Essa descoberta revelou a sua parte abstrusa, a mola-
-mestra que impulsionou o homem a sair do lugar-comum,
explorar o mundo e experimentar que a vida vai além do ser,
do existir... Do próprio viver.
Esse voo lhe proporcionou a liberdade para transformar a sua
realidade, pois o homem adquiriu mecanismos para recriar,
sonhar... A mente humana pôs todos os seus neurônios em
alerta e rompeu as barreiras do comum, dando saltos gigantes
com descobertas que fizeram o homem percorrer caminhos
que o levaram a outros mundos. A evolução foi tamanha
que Einstein chegou a declarar: “Uma mente que se abre
para uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.
A conclusão dessa teoria está no instinto humano: irrefreável,
irredutível... Buscar e conquistar são alvos maiores e,
para atingir essa meta, nos agarramos a algo que nos faça
sobressair com um quê a mais, e que esse “a mais” nos promova,
nos destaque para tornarmo-nos a atração maior.
Essa é a razão que nos atiça num labirinto de desafios, onde
nos convertemos em exímios caçadores de conhecimento, por
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nos conscientizarmos de que este é a bússola que nos orienta
pelo sinuoso caminho da realização pessoal e profissional.
Mas que virtude extraordinária é essa que a humanidade,
desde os seus primórdios, cobiça com ardor?
O conhecimento é desejado por milhões, que o perseguem
em lugares inusitados, nos momentos mais impróprios, por
razões irrefutáveis. Mas poucos param para explorá-lo com
sapiência ou fazer os mais sábios dos questionamentos:
Qual o valor do conhecimento? Que tipo de conhecimento
devo adquirir para me tornar uma pessoa melhor, um cidadão
melhor, um profissional melhor?
Sem réplicas que nos convençam, apenas o procuramos
numa corrida extasiante, na qual não se pode parar para
ajustar falhas, corrigir erros, com temor de sermos atropelados
ou logrados. Pois, assim como a vida, o conhecimento
tem o seu curso, o seu preço, o seu instante de ser absorvido...
Afinal, essa essência em constante estado de desenvolvimento
atrai, seduz, impele o homem a ir além, desafiar as
próprias fronteiras, enfrentar as armadilhas do tempo para
decifrar mistérios, encontrar respostas, acumular experiências...
Evolui com tamanha presteza que a humanidade
tornou-se dependente desse suplemento. Quem não tem
conhecimento... meramente existe. Mas não brilha. Não é
notado. Torna-se um excluído do mercado de trabalho.
E mesmo os sábios têm dificuldades para descrever o conhecimento.
Pois a sua fórmula é complexa a ponto de provocar
o desequilíbrio daqueles que tentam chegar à sua origem
e mesmo à gnosiologia — a ciência que estuda o conhecimento
—, muitas vezes se perdendo entre conceitos, teorias,
descrições, hipóteses e princípios.
O incontestável é o que não há
Por não existir conhecimento completo nem valor exato que
satisfaça a fome de saber do homem, a humanidade busca
o conhecimento para evoluir, sem reconhecer a sua verdadeira
importância.
Quem transita pelas galerias do conhecimento tem a oportunidade
de apreciar a jogatina de quem decide o que é certo
ou errado, comum ou científico, pois os conhecimentos
se debatem, se dividem, se estraçalham para que o homem
compreenda o mundo à sua volta, o porquê da própria existência,
instigando-o a buscar respostas que o satisfaçam.
Mesmo com tantas bifurcações, é o centro de discussões, de
conflitos, pois o Conhecimento Sensorial, que nos recepciona
desde a nossa chegada através das experiências sensitivas
e fisiológicas, como paladar, olfato, visão e audição — também
presentes nos animais —, é constantemente desafiado
pelo Conhecimento Intuitivo, que o afronta o tempo todo
para provar que a percepção, a intuição proporcionam a racionalidade
por meio das finuras do mundo exterior. Mas
essa epifania se dissolve ao ir de encontro aos princípios
do Conhecimento Intelectual, cuja propriedade é exclusiva
dos humanos, presenteados pelo raciocínio, o qual propicia
o relacionamento entre corpo e ambiente, implicando
o pensamento lógico — que se esvanece ante a prescrição
do Conhecimento Empírico, tão inconsistente a ponto de
chegar ao acaso, e nem quer saber se vai ser questionado
ou não. Simplesmente impõe, acreditando que, na essência
primitiva, exala a herança capaz de propiciar o equilíbrio, no
qual existir exige apenas abraçar culturas, tradições, rituais,
mitos — ingredientes de que o homem necessita para viver
em harmonia, pois a própria trajetória lhe propicia esses valores.
A sua composição é de tamanha incoerência que chega
ao senso comum, por não se incomodar com padrões,
inverdades, nem assume responsabilidades com a postura
reflexiva... Como afirma o próprio ditado popular, “vivendo
e aprendendo”. Mas quando o seu caminho se cruza com o
do Conhecimento Filosófico, que, por ser gerado na árvore
da sabedoria, acredita ser o fruto, a origem do raciocínio e
da reflexão humana. É o primo despojado do Científico, que
simplesmente perde a referência, pois esse construtor de
ideias e conceitos se transforma num bisbilhoteiro e, por
ser indiscreto, verdades vêm à tona através da persistência
das suas investigações e contestações. É tão audacioso a
ponto de a metafísica não desviar as suas atenções do alvo
maior: o humano.
Nessa interminável guerra na busca do conhecimento pleno,
todos os ingredientes são imprescindíveis. E ele entra
no páreo para provar que todos estão equivocados, o Conhecimento
Científico, fruto da essência da metodologia
científica, tem regras próprias e se orienta pelo racional
para atingir objetivos claros. A sua persistência o impele a
transcender os fatos para chegar à exatidão e, apesar de não
assumir que é o senhor absoluto da verdade, tem uma gama
de princípios, requer exame específico e, por ser meramente
investigativo, estabelece dados e informações concretas
para alcançar a veracidade, pois crê que é capaz de decifrar
códigos para traduzir os enigmas do planeta. E, pela desconfiança,
deve ser o irmão caçula de São Tomé, só acredita no
que vê, no que toca, para constatar a composição, a consistência
e decreta uma explicação racional da existência. Mas
o senhor da “quase verdade” muitas vezes é obrigado a se
curvar e silenciar diante daquele que garante ser o conhecimento
maior: o Conhecimento Teológico, que, por ser produto
da pedra angular do homem, a fé, prova com veemência
que o toque de Deus é a fórmula completa, a explicação
lógica, a razão. A verdade absoluta, pois, assim como os livros
da Bíblia foram escritos por iluminados divinos, os atos
do Criador são simplesmente incontestáveis e indiscutíveis.
Como declara o pastor Wagner Amaral, mestre em Teologia:
“Por isso mesmo, reunindo toda a diligência, associai a fé
à virtude; a virtude ao conhecimento; o conhecimento ao
domínio próprio...”.
E, por serem caminhos distintos, os sete senhores do conhecimento
são a razão de tantas procuras, pois entender o
verdadeiro valor do conhecimento é arriscar ir além da própria
capacidade de ser, pelo fato de as pessoas agregarem
princípios e ensinamentos às informações, acreditando que
estão adquirindo conhecimento e preservam a sete chaves,
nada além de subsídios do cotidiano, que muitas vezes são
esquecidos no instante seguinte, pois o próprio corre-corre
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da vida para agarrar as oportunidades se encarrega desse
desvio. Não assimilam a ligação dessas experiências com as
suas necessidades e ambições pessoais.
O grande afã para acompanhar o ritmo da vida é tamanho
que não sobra tempo para contabilizar os itens básicos que
equilibram o desenvolvimento humano, e é nesse terreno
que se fixam as raízes de muitos males, principalmente dos
fracassos inexplicáveis, renúncias indiscutíveis de ideais e
propósitos. Muitos, para acumular informações, permitem
que valores sejam comprimidos pelo próprio conhecimento,
que é usufruído de forma errônea, como declara o historiador
russo V. O. Kliutchevski:
O valor de todo o conhecimento está no seu vínculo
com as nossas necessidades, aspirações e ações; de outra
forma, o conhecimento torna-se um simples lastro
de memória, capaz apenas — como um navio que navega
com demasiado peso — de diminuir a oscilação da
vida quotidiana.
O maior educador, o tempo, nos ensina que fracassos e
conquistas levam às respostas...
A explicação é a própria força de vontade para superarmos
desafios em nome de uma conquista pessoal, pois o conhecimento
se eleva apenas com a grandeza de atos e atitudes,
mas, se os propósitos não forem canalizados para germinar
valores e promover mudanças, o conhecimento continuará
a ser, simplesmente, informações... Informações que se esvairão
em vez de evoluírem para a sabedoria, por não terem
sido aplicadas a nosso favor.
Mas uma verdade até os filósofos admitem: excesso de informações
pode se tornar um fardo improfícuo aos que encontram
dificuldades para absorvê-las, e essa verdade nos
dá a maior das consciências: de que as nossas ideias, por
mais brilhantes que sejam, confrontar-se-ão com outras superiores;
e devemos, então, aceitar as mudanças como consequência
dos fatos, não como os efeitos de nossas teorias,
que o que sabemos é nada diante do muito que temos de
aprender, e é essa consciência que desafia e impele o homem
a ir cada vez mais longe, à caça de respostas exatas.
Entre fracassos e conquistas na busca desse bem precioso,
muitos se centram num alvo para que esse fenômeno tão
peculiar denominado conhecimento chegue a um nível mais
elevado, o da consciência, para que somente assim o psicológico
se transforme num Sherlock por meio das habilidades
adquiridas, investigue atos e informações e, entre real
e ideal, faça exalar a essência do autêntico conhecimento.
Mas o homem, na plenitude da sua imperfeição, na grandeza
da sua capacidade de querer absorver os mais singelos
movimentos, de reter informações precisas do porquê
da própria existência, mostra-se instável, inconsistente, e
poucos conseguem domar esse anseio a ponto de evitar o
conflito entre o conhecimento sensorial e o intelectual. Por
se deparar com dificuldades para organizar ideias, pois se
confronta com problemas para gerenciar os instrumentos
do conhecer — situação e razão — e transformar esse mecanismo
em conhecimento que proporcione o seu desenvolvimento.
Atingir um conhecimento que preencha esse vazio e faça a
diferença tornou-se o desafio maior. E o homem recorre a
todos os artifícios — Filosofia, Sociologia, recursos tecnológicos
— por acreditar que, se desvendar o mistério do vínculo
entre a ciência e o pensamento com a origem da vida,
encontrará as respostas para as dúvidas que inquietam a
humanidade.
Mas como encontrar respostas e soluções para o bem comum
se a cada instante aprendemos algo novo?
Essa caminhada foi tão longa que as ideias começaram a
se clarear no início da Idade Moderna. Foi uma verdadeira
revolução: a Física de Isaac Newton prometia chegar à origem
da vida para que o homem se certificasse de onde veio,
para onde vai e qual a sua verdadeira missão na trajetória
terrena. A Astronomia de Galileu voou mais alto e rompeu
a barreira da gravidade, revelando ao mundo que o planeta
Terra era um objeto redondo que girava em torno de si mesmo
e trazia noites e dias. Porém, dependia do astro maior,
o Sol, para iluminá-lo, aquecê-lo e permitir que a vida se
procriasse no seu interior.
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Com um pé na modernidade, deparamos com Auguste
Comte, cujo pensamento é voltado para o raciocínio lógico,
responsável pela formação do paralelo entre os fatos:
“Nossas pesquisas positivas devem essencialmente reduzir-
-se, em todos os gêneros, à apreciação sistemática daquilo
que é, renunciando a descobrir sua primeira origem e seu
destino final”.
Com essa visão, declara que o Conhecimento Científico é
tão autêntico na sua plenitude que não admite questionamentos,
dúvidas ou indeterminações a ponto de desvincular
qualquer outro conhecimento.
Mas transitar entre a ciência — que acredita ter as respostas,
a chave dos enigmas da criação do próprio universo — e a
vida exige mais do que conhecimento. É preciso chegar a
um grau mais elevado, denominado sabedoria, para assumir
responsabilidade e respeito pela vida, que se torna cada vez
mais vulnerável perante o poder dos conhecimentos que
surgem instantaneamente como solução dos problemas da
humanidade.
E o homem, insaciável por comodidade, se posiciona em
constante estado de alerta à espera da passagem da resposta
que promova o conhecimento que proporcione estruturas
para a construção de um mundo ideal. Essa fome o instiga
a desafiar os limites da ciência, do universo, por acreditar
que o científico é a porta de entrada, de saída, o escape...
Mas tem o dever de não usar a vida como instrumento de
experimentos, fazendo dele uma arma contra a própria vida.
A obsessão de que o acúmulo de dados promove sabedoria
impele muitos por um caminho do qual todos se esquivam:
o da ignorância, pois poucos assimilam que a informação,
na era globalizada, chega na velocidade em que a buscamos,
mas a sapiência para aplicá-la vem num ritmo lento, em
tempos alternados, em que respostas e soluções emanam
do próprio eu. É a partir desse ponto que o conhecimento
expõe o seu verdadeiro valor, permitindo que a sabedoria
flua ostentada pela consciência de que será usufruída para
o bem comum.
Quem ambiciona crescer precisa respeitar a regra geral:
“Conhece-te a ti mesmo”
O físico, matemático e filósofo francês Blaise Pascal acredita
que: “É indispensável conhecermo-nos a nós próprios;
mesmo se isso não bastasse para encontrarmos a verdade,
seria útil, ao menos, para regularmos a vida, e nada há de
mais justo”.
Para chegarmos a esse nível, é preciso conhecimento sólido
e amadurecido e, como o humano não consegue acompanhar
o próprio tempo para que perceba o momento de
crescer, aprender e amadurecer, torna-se um prisioneiro das
próprias ambições e se enclausura na pior das prisões: a do
fracasso de não atingir o objetivo ambicionado.
Esse quadro, que reduz o seu universo de buscas — ser, fazer
e ter —, exige o instante específico, e muitos submergem por
não terem orientação para alcançar a fonte mais importante,
que é chegar a si mesmo e identificar as suas restrições.
Essa rota é tão segura que há séculos o mestre Sócrates já
advertia: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo
e os deuses”. Aquele que não se conhece, apenas se explica,
muitas vezes se complica, mas não se encontra nem assimila
os conhecimentos que lhe convém.
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Michal Ufniak
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Afinal, o que buscamos como propósito maior em locais
únicos pode estar dentro de nós. É só darmos um passo determinado
ao autoconhecimento para descobrirmos o tesouro
habitado em nosso interior.
A vida nos surpreende a cada dia até nos arremessar nos
braços da morte, e poucos adquirem conhecimentos necessários
para se projetar no mundo, pois o humano tem dificuldade
para ser honesto consigo mesmo: prefere atropelar
sentimentos, valores e pessoas do que se curvar diante de si
para admitir as próprias fraquezas.
Esse lapso, para se esquivar da própria realidade, sufoca a
pergunta que inquieta muitos: “Por que tenho tanto medo
de olhar para mim e me certificar de o quanto sou frágil,
indefeso, covarde, de que necessito de gestos, coisas pequenas
para ser feliz?”.
O poeta líbano-americano Kahlil Gibran é preciso quando
afirma:
O conhecimento de si mesmo é a mãe de todo conhecimento.
Portanto, estou incumbido de conhecer a
mim mesmo, me conhecer completamente, conhecer
minhas minúcias, minhas características, minhas sutilezas
e cada átomo meu.
A maioria de nós tenta romper as barreiras do mundo sem
antes desobstruir os obstáculos lançados pelo próprio eu. E
é nesse instante que perdemos o equilíbrio, pois o conhecimento
desvanece ante o impacto da queda, e a força do
fracasso corrói pessoas preparadas para serem vencedoras.
Recolher-se no próprio universo para fazer uma visita a si
mesmo pode ser o mais rico dos conhecimentos, pois oferece
a oportunidade de olhar para si e perguntar: “Qual o valor
do conhecimento que adquiri na minha trajetória e em que
proporção usufruo dele?”.
Entender o valor do conhecimento exige sensibilidade e orientação
na busca de discernimento para apreender os valores
da vida e inseri-los de forma que estes promovam a autovalorização
que determina os valores que preenchem as nossas
ambições humanas, pessoais e profissionais. Pois transitar
pelas trilhas do ser humano sem abrir chagas exige conhecimento
denso, habilidade para não tropeçar nas cicatrizes
de sonhos e desejos fracassados, provocados principalmente
pela deficiência de conhecimento.
Infelizmente, muitos ignoram o valor do conhecimento do
mestre tempo. Esse sábio, que já trilhou todos os caminhos,
está se encarregando de abrir no homem um vácuo
impreenchível, pois, a cada instante, valores são corrompidos
a ponto de se chegar ao desrespeito. E, sem respeito,
outro valor fundamental é esmagado, o valor da vida. Esse
estágio é a bifurcação que desviará o homem da rota que
o levaria ao conhecimento mais ambicionado, que é o conhecimento
de si próprio.
Se usássemos nós como ponto de partida, aumentariam
gradativamente as oportunidades de chegarmos ao eu de
todos nós, e entenderíamos o quanto temos que buscar
para atingir a grandeza de ser — ou, pelo menos, o autoconhecimento
— e não termos de pagar um alto preço para
aprender que o conhecimento maior pertence ao Ser Maior;
tentar atingi-lo é procurar o sobre-humano.
Mas, no século da informação, muitos ainda desconhecem
a fonte de todos os conhecimentos: Deus. Preferem dar crédito
à ciência, que é monitorada pelo próprio homem, em
vez da verdade eterna.
Pois a humanidade ainda não despertou para se certificar
de que o conhecimento é um animal selvagem ao extremo,
tão difícil de ser capturado e domado que os próprios envol-
The Bern Files
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vidos na história formaram ideias colidentes a seu respeito.
O sapiente Confúcio, um dos mais notáveis mestres da arte de
viver, anunciou há milênios que “Conhecimento real é saber
a extensão da própria ignorância”. O ex-presidente americano
John Kennedy comungou essa ideia ao declarar: “Quanto
mais aumenta nosso conhecimento, mais evidente fica nossa
ignorância”.
Contudo, o russo Isaac Asimov, que chegou a ser agraciado
como gênio desde a infância, manteve a prudência e foi precavido
quando disse: “Se o conhecimento pode criar problemas,
não é através da ignorância que podemos solucioná-los”.
Mas como a maioria acredita que só o saber dá origem ao
inexistente, impelindo a humanidade a se dispersar à caça
desse tesouro, há os que acreditam que o conhecimento
está no topo das ambições humanas, como declara o filósofo
e místico indiano Swami Vivekananda, que tentou traduzir
a voz dos séculos através do livro O Que é Religião?: “O homem
tem por objetivo não o prazer, mas o conhecimento”.
Todavia, a evolução humana exige mais e, por ter chegado
à conclusão de que “o conhecimento é o ato de compreender
através do raciocínio”, colocou todos os recursos das
áreas do conhecimento em evidência: Psicologia, Filosofia,
Epistemologia, Semiótica, Sociologia e Antropologia, que
enveredam por todos os caminhos à procura de descrições,
hipóteses, conceitos, teorias, princípios e procedimentos
que levem ao ponto ao qual muitos acreditam que a ciência
pode levar: a origem da vida.
E, na era da informação, o que mais se vê são conflitos para
desvendar esses mistérios. E essa contenda dificulta a compreensão
do valor do conhecimento para que se promova o
desenvolvimento humano. Pois crescer por meio da razão e
do senso crítico e agregá-lo a princípios sem se desarraigar
das raízes sociais, religiosas e culturais é um processo infinito.
O assunto é de tamanha magnitude que a elite da Filosofia
mundial que executou trabalhos notáveis nas áreas do conhecimento,
como Nonaka, Goethe, Edgar Morin, Kaplan e
Steiner, não conseguiu adicionar os ingredientes para concluir
a receita e chegar ao conhecimento verdadeiro.
Suas buscas os conduziram a descobertas fantásticas, e
muitos encontraram alternativas que levaram a uma fonte
que proporciona o crescimento humano, como defende o
filósofo e sociólogo francês Edgar Morin, um dos maiores
pensadores vivos: a sala de aula.
O papel da educação é de nos ensinar a enfrentar a incerteza
da vida; é de nos ensinar o que é o conhecimento,
porque nos passam o conhecimento, mas jamais
dizem o que é o conhecimento. E o conhecimento pode
nos induzir ao erro. Todo conhecimento do passado,
para nós, são as ilusões. Logo, é preciso saber estudar
o problema do conhecimento. Em outras palavras, o
papel da educação é de instruir o espírito a viver e a
enfrentar as dificuldades do mundo.
Ainda há aqueles que acreditam que o conhecimento exige
complementos.
Mesmo quando os confins da Terra não tiverem mais segredos
a serem desvendados e a ciência tomar posse do dispositivo
para monitorar a mente humana com maestria por
meio de recursos capazes de traduzir pensamentos, novos
conhecimentos exigirão a sua exploração, pois a necessidade
de explorar está impregnada no instinto humano.
Para isso, a educação precisará formar cidadãos aptos a absorver
informações e transformá-las em conhecimento para
que a ignorância seja comprimida pela consciência de que o
mundo que queremos dependerá dos nossos atos e atitudes.
E, mesmo sabendo que milhões não alcançarão a sabedoria,
a humanidade desvendará um dos maiores mistérios, que é
o segredo do viver bem usufruindo da exata importância dos
valores humanos. (
Zanetta)

Um comentário:

Anônimo disse...

LI ESSE TEXTO NA REVISTA CONSTRUIR NOTICIAS, 53 JULHO/AGOSTO... é DE NILDO lAGE