de Emancipação Político-Administrativa
Sérgio Cruz lembra que a divisão ocorreu por conta do tamanho e de diferenças culturais e econômicas, uma vez que as regiões eram totalmente independentes, provocando disputas políticas e adversidades culturais, expondo rivalidades históricas. O ex-deputado se recorda que diferente do Norte, Mato Grosso do Sul passou por uma divisão política.
“Era uma torre de babel. Ninguém se entendia. Recursos do Sul foram desviados para o Mato Grosso. O norte criou uma classe nova e nós ficamos com políticos mais antigos como Rachid Derzi, Wilson Barbosa e Pedro Pedrossian. Quando o Wilson Barbosa assumiu teve que emprestar R$ 200 milhões de dólares, o que comprometeu o Estado até agora, sendo recuperado pelo governador André Puccinelli”, analisa.
Sérgio Cruz relata que a classe política só conseguiu se unir com a eleição do primeiro governador, quatro anos depois, fazendo com que o Mato Grosso do Sul tivesse uma “infância perturbada”. Cruz explica que a permanência dos mais experientes no Estado não aconteceu por conta de preferência, mas porque estes já tinham eleitorado na região Sul.
Sérgio se recorda ainda que o PIB (Produto Interno Bruto) do Mato Grosso estava todo na região Sul e havia expectativa de que ela seria uma potência nacional, o que segundo ele, não aconteceu. “O Norte, como era previsto, se desenvolveu muito mais, pois tinha potencial territorial. O Mato Grosso do Sul não tinha um palmo de terra para assentamento ou colonização”.
Cruz analisa que as dificuldades do Estado estão sendo superadas, mas destaca o preço alto da energia como fator negativo para o crescimento, o que só deve ser resolvido quando o estado for auto-suficiente. Ele cita os projetos de reaproveitamento da cana, mas espera que o problema seja resolvido rapidamente, para que o Estado se aproveite da sua localização, bem próxima dos grandes mercados.
O ex-deputado defende o aumento da população do Estado, que considera muito vazio. Em sua opinião, Mato Grosso do Sul deveria ter pelo menos cinco milhões de habitantes para ampliar a representação e maior poder de influência nas decisões do poder central.
Onevan se recorda que após a divisão Mato Grosso do Sul passou por inúmeras dificuldades, uma vez que, teve que iniciar do zero, contando apenas com uma estrutura razoável em Campo Grande. Assim, acredita que o maior desafio foi integrar o Estado, que à época era formado por vários distritos.
Passados 34 anos da divisão, o deputado lembra que hoje é bem diferente, pois o Estado conseguiu sua industrialização e possui agricultura e pecuária bem desenvolvidos. Desta maneira, acredita que o principal desafio está na geração de empregos. Para resolver o problema, Onevan aconselha os prefeitos a aproveitarem os incentivos do governo estadual e atrair empresas. Sobre a fase mais difícil após a criação do Estado, Onevan relata que não teve período fácil e que não é possível separar uma fase da outra.
“O Governo Federal não fez o repasse e trouxe transtorno para os inativos e ônus para o Estado. A crise política também acabou retardando a corrida do Estado, principalmente no momento em que o primeiro governador se incompatibilizou com a bancada federal, o que travou o repasse dos recursos e o Estado teve dificuldades”.
Valter avalia que o Mato Grosso do Sul ainda enfrenta problemas com infraestrutura, tanto rodoviária quanto no sistema modal. Ele ressalta a deficiência de aeroportos, formação de pessoal e na Saúde, que precisam ser enfrentadas. “Hoje o Estado claudica na garantia destes serviços essenciais”.
A época, Schimidt, junto com Rubens Figueiró, foi eleito para a Câmara Federal, compondo com Levi Dias, Ubaldo Barem, Valter de Castro e Antônio Carlos de Oliveira, a primeira bancada do Mato Grosso do Sul na Câmara Federal, ainda com seis deputados.
Schimidt lembra que havia um entusiasmo muito grande com a possibilidade da divisão, pois a maioria das pessoas achava que o Mato Grosso do Sul era riquíssimo e o Norte, pobre. Entretanto, Mato Grosso ficou com dois terços do território, com a capital instalada e todo organizado, diferente do Sul, onde Campo Grande ainda era uma cidade provinciana. “Tivemos que criar empresas públicas, Sanesul e Enersul, além de toda a infraestrura que não tinha. O Estado tinha pouco asfalto”.
Schimidt explica que a briga entre a bancada federal e o primeiro governador, Harry Amorim Costa, ocorreu por conta da nomeação feita por Ernesto Geisel, então presidente. Segundo Schimidt, os senadores Rachid Saldanha Derzi, Antonio Mendes Canale e Pedro Pedrossian tinham interesse de governar Mato Grosso do Sul e não gostaram da indicação de Harry Amorim, que era desconhecido da classe política e da população.
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