domingo, 12 de maio de 2013

Dr. Toledo - De Maringá a Eldorado - X

De Maringá para Eldorado

Ao adquirir uma propriedade rural em Eldorado, Dr. Toledo realizou mais de trezentas viagens, a fim de abrir a fazenda e dar assistência à administração como um todo.  As viagens eram caracterizadas  por várias peripécias. As rodovias asfaltadas vinham até Perobal, e assim, conforme as informações prestadas pelo senhor Valter, que era dono de um posto de combustível em Guaíra, a a viagem poderia ou não ser concretizada.  Tudo ia depender das condições do tempo: se estivesse chovendo, era necessário colocar correntes nos pneus traseiros do veículo, uma C-10, a partir da cidade de Perobal. Sabia ele que o trecho da estrada, por vezes, era intransitável. Duplicavam as preocupações, porque as enchentes eram constantes na época no Rio Paraná, e então, as balsas deixavam de fazer a travessia.
“Problemas inúmeros haviam na viagem de retorno, sendo importante narrar aqui alguns episódios, que jamais podem ser esquecidos, porque foram muito reais.”, relata o Dr. Toledo. As dificuldades eram imensas devido ao estado precário das estradas, como também em relação ao horário e às condições dos motores da balsa.

Assim sendo, muitas vezes a balsa do Rio Iguatemi não estava funcionando porque o motor estava quebrado. Quando isso acontecia, a opção que havia era dar a volta por Iguatemi, passando pela Aldeia Indígena Porto Lindo. Lembra o médico que certa vez, durante a visita de um Irmão Marista à região, que nos acompanhava, numa curva fechada, bateu de frente com uma camionete, apesar de ter acionado a buzina. E, para chegar à fazenda, foi chamado um táxi de Iguatemi, que nos conduziu até a Fazenda Loma Linda. A camionete da colisão foi rebocada para Maringá por um caminhão da empresa Alcides Parizoto.
Fato lamentável: foi recomendado ao condutor do caminhão de reboque que fizesse a entrega da camionete à concessionária Chevrolet em Maringá para avaliação dos estragos, mas lamentavelmente, de maneira equivocada, foi entregue na residência, causando à família um impacto negativo, deixando a impressão que o acidente teria sido fatal, com a morte dos ocupantes do veículo. Pasmem!

Em 90% das viagens naquele tempo, a saída de Maringá era por volta das três horas e chegava na fazenda ainda de manhã.  Após, começava a cuidar do gado, enquanto ia recebendo as informações e os fatos ocorridos durante a nossa ausência. De posse dos relatórios, os problemas iam sendo resolvidos um a um, bem do nosso estilo. O trabalho era árduo e cansativo, quase sempre exigindo muito esforço de nossa parte. Fazíamos instalações elétricas para iluminar o curral, e assim, todas as tarefas necessárias para o bom andamento do trabalho, que era feito diuturnamente.
A VOLTA NUM CAMINHÃO FNM

Voltando para Maringá, num antigo caminhão FNM, a viagem durou cerca de sete horas. As viagens, realizadas sempre com problemas, não só pela precariedade das estradas como pelos problemas de travessia com as balsas. Bem entendido: às vezes, ficávamos encravados e aí perdíamos a última balsa para Guaíra. Isso ocorria com muita frequência, o que causava alguns aborrecimentos diante de tantos compromissos assumidos. Outras vezes era necessário pernoitar dentro da camionete com os vidros fechados, para evitar as picadas de pernilongos.

Quando a travessia estava impedida pelos constantes alagamentos, havia a opção de atravessar o rio através da rota Naviraí – Porto Pontal do Tigre -, via Icaraíma, um trecho realmente de difícil trafegabilidade.
A viagem representava uma verdadeira epopeia, devido às imensas dificuldades e tantos obstáculos pelo caminho. O médico e ortopedista lembra de dois fatos ocorridos, numa dessas memoráveis viagens, onde a travessia era obrigatória.

I – Acompanhado do Dr. Nelson Maimone, a água já estava encobrindo a primeira ponte. Paramos um instante para avaliar o percurso e decidir melhor o que fazer. Ele ficou receoso em atravessar, mas consegui convencê-lo de que não tinha perigo. E assim foi feito.
II – Num domingo, fui comprar um gado perto de Iguatemi, ou seja, nas 7 Placas. O dono fez questão que eu ficasse para degustar um churrasco de ovelha em sua residência, o que aceitei prontamente. Naquele ínterim, aconteceu que veio uma chuvarada, e por orientação  de pessoas experientes, encheu-se a caçamba da camionete de terra, que era para favorecer a viagem, ajudando a superar os imensos “barreiros” que iríamos enfrentar.

Portanto, chegamos muito tarde para a travessia, estando acompanhado desta vez, pelo técnico ortopédico Valdir Fernandes dos Santos. Perguntado ao caseiro que ficava próximo da balsa sobre as condições para a travessia, este foi enfático, informando que a estrada para Icaraíma estava completamente sem trânsito, pois nenhum veículo havia passado por ali.
Numa conversa com o amigo Valdir, disse a ele que precisava estar em Maringá sem falta no dia seguinte, pois havia assumido compromissos; por isso, arrisquei fazer a viagem, mesmo com tantos percalços. Colocados todos os recursos disponíveis da camionete, realizamos a façanha, com o veículo “pulando” sobre os facões elevados da estrada, para chegar a Icaraíma.

Chegando, encontrei em Icaraíma uma fila de carros que aguardava a liberação do trecho. Fui parado por um dos motoristas que me disse: “com esse carro, até eu teria passado!”, expressão que achei um tanto aleatória, no entanto real diante do quadro presenciado por todos, que viam em nós uma atitude corajosa, e sem qualquer tipo de temor.
Antes de chegar em Maringá, paramos próximo a Paranavaí para retirar a terra. Tivemos ali um momento de reflexão, para prosseguir o destino, e assim, aportar na cidade Canção.

SOBRE A AFTOSA NA REGIÃO
O Pecuarista levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima. O episódio de 2005 aleijou financeiramente o pecuarista, criando um buraco negro na economia regional. A aftosa foi a geada negra do pecuarista, pois a carne representa o petróleo vermelho do Brasil.

Na opinião do médico e pecuarista “o Iagro não apresentou a nenhum produtor o atestado de sorologia, que foi uma falha imperdoável.” As decisões foram tomadas no afogadilho. Os produtores pediam explicação, exigindo respostas, mas as autoridades do setor saiam pela tangente. O comércio ficou às moscas, faltando os recursos que vinham da pecuária. Houve omissão do Sindicato Rural na defesa dos pecuaristas, causando  uma onda de revolta, pois permitia isso e aquilo, quer dizer, deixou os produtores a ver navios. Deveria, sim, ter exigido o atestado de sorologia, o que foi feito para determinadas fazendas, provando que essas propriedades, embora estivessem relacionadas para o abate imediato, provasse que não existisse a febre aftosa em seus rebanhos.  Parece até que as mesmas foram protegidas, como que tivessem sido escolhidas em gabinete, nos respectivos departamentos, que supervisionava a sinistrose. Isso fez o diferencial, motivando  revolta geral,  não só dos proprietários de rebanhos de Mundo Novo e Eldorado, mas de todas as cidades do Vale do Iguatemi.
“Enquanto eu estava em tratamento de saúde em Maringá, a minha fazenda foi invadida e de uma forma abrupta e sem a devida autorização, sacrificaram 2450 reses, sendo todo o rebanho formado de gado selecionado e devidamente cuidado. O prejuízo foi incalculável, visto que o valor da indenização não correspondia à realidade do plantel, reconhecido por todos como gado de raça.” Foi o desabafo do pecuarista.

A febre aftosa, segundo o ex-governador Zeca do PT, veio do Paraguai, através do gado comprado na fronteira do país vizinho.  O caminho da doença, na verdade, foi centralizado no frigorífico da época, dali foi levada para o Estado do Paraná, que ofereceu resistência para evitar a proliferação do mal, com o ocorreu nas terras tupiniquins. Foi descoberta durante uma exposição, onde o gado apresentava os sintomas da doença, Arrepiando e babando.

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