JK e as Falácias da Comissão da “Verdade”
Mentira toda ela. Mentira de tudo, em tudo e por tudo. Mentira na terra, no ar, até no céu, onde, segundo o Padre Vieira, que não chegou a conhecer o Dr. Urbano dos Santos, o próprio Sol mentia ao Maranhão, e diríeis que hoje mente ao Brasil inteiro. Mentira nos protestos. Mentira nas promessas. Mentira nos programas. Mentira nos projetos. Mentira nos progressos. Mentira nas reformas. Mentiras nas convicções. Mentira nas transmutações. Mentira nas soluções. Mentira nos homens, nos atos e nas coisas. Mentira no rosto, na voz, na postura, no gesto, na palavra, na escrita. Mentira nos partidos, nas coligações e nos blocos. Mentira dos caudilhos aos seus apaniguados, mentira dos seus apaniguados aos caudilhos, mentira de caudilhos e apaniguados à nação. Mentira nas Instituições. Mentira nas eleições. Mentira nas apurações. Mentira nas mensagens. Mentira nos relatórios. Mentira nos inquéritos. Mentira nos concursos. Mentira nas embaixadas. Mentira nas candidaturas. Mentira nas responsabilidades. Mentira nos desmentidos. A mentira geral. O monopólio da mentira. Uma impregnação tal das consciências pela mentira, que se acaba por se não discernir a mentira da verdade, que os contaminados acabam por mentir a si mesmos, e os indenes, ao cabo, muitas vezes não sabem se estão, ou não estão mentindo. Um ambiente, em suma, de mentiraria, que, depois de ter iludido ou desesperado os contemporâneos, corre o risco de lograr ou desesperar os vindoiros, a posteridade, a história, no exame de uma época, em que, à força de se intrujarem uns aos outros, os políticos, afinal, se encontram burlados pelas suas próprias burlas, e colhidos nas malhas da sua própria intrujice, como é precisamente agora o caso.
(Rui Barbosa ‒ Às Classes Conservadoras ‒ Escritos e Discursos Seletos)
A falácia é uma espécie de mentira, um argumento logicamente inconsistente, inválido, ou que falhe de outro modo no suporte eficaz do que pretende provar. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso. (http://www.dicionarioinformal.com.br)
Nós estamos pedindo que o Brasil declare que JK morreu de morte “matada”, e não de um acidente. (Gilberto Natalini ‒ Presidente da Comissão)
O último brado desta malta insana e revanchista foi a vã tentativa de classificar como atentado político o acidente que vitimou JK, em 22.08.1976. O Relatório tentou apresentar, sem qualquer fundamento técnico-científico, 90 indícios que “supostamente” provariam que Juscelino foi assassinato.
Em 2001, o então Deputado Paulo Octávio, casado com uma neta de JK, sugeriu a criação de uma comissão “isenta” para investigar a morte do ex-Presidente na Via Dutra. Os peritos já haviam descartado totalmente as teorias conspiratórias que pipocavam na época afirmando que se tratava apenas de um trágico acidente.
Continuo com a mesma convicção. Não foi constatado nenhum atentado ou tiro. O que o matou foi a batida no caminhão. Ninguém provoca um acidente cronometrado. JK morreu por frações de segundo. Se o carro que ele estava cruzasse a pista um segundo depois, o caminhão não teria batido. (Paulo Octávio).
Paulo Octávio considera que a comissão, na época, realizou um trabalho estritamente técnico e ressaltou que a família está satisfeita com o que já havia sido apurado na época e não pretende mais tratar deste traumático assunto. Vamos publicar parte do artigo “Caso JK: Guerra de versões - Versão contestada” de Leandro Kleber do Correio Braziliense, do dia 12.12.2013.
Batida no ônibus (antes de colidir com caminhão)
Testemunhas que estavam no ônibus dizem que não houve batida entre o Opala e o ônibus que saiu de São Paulo com destino ao Rio de Janeiro. Cinco dias depois do acidente, o motorista Josias Nunes Ferreira afirma que dois homens ofereceram uma mala de dinheiro para que ele assumisse o acidente. Fotos mostram que houve fraude na perícia do carro: um dos faróis traseiros não estava quebrado na noite do acidente, mas, no dia seguinte, apareceu com defeito.
» Peritos
A tinta do ônibus é encontrada no Opala a partir de exames minuciosos. O local das avarias dos dois veículos se encaixa perfeitamente. Fotos ainda apontam a freada brusca do ônibus a mais de 110 km/h no local do acidente. Testemunhas dizem ao motorista do caminhão que colidiu frontalmente com o Opala do ex-presidente JK que viram o ônibus batendo. A lanterna traseira quebrada no dia seguinte se deu no transporte do carro do local até a garagem a polícia e “não altera em nada a conjuntura do acidente”.
Tiro
» Comissão da VerdadeO motorista do Opala, Geraldo Ribeiro, levou um tiro disparado de uma Caravan que emparelhou com o carro. A viúva de JK, Dona Sarah Kubitschek, e a filha do ex-presidente Márcia Kubitschek receberam informações e suspeitavam de um automóvel desse modelo.
» Peritos
Conclui que “não há qualquer indício de que tenha ocorrido atentado a tiro”. Para isso, eles fizeram diversos cálculos com base na velocidade do carro, na distância possível de um disparo do local e constataram que “era um tiro difícil, praticamente impossível, por essas e mais uma razão: já estava caindo a noite”.
Objeto metálico no crânio do motorista de JK
Depois da exumação do corpo do motorista, em 1996, o exame de corpo de delito que apontou que se tratava de um prego e não de uma bala foi feito antes do Instituto de Criminalística. Um perito chamado Alberto Carlos, de Minas, afirmou que viu um buraco no crânio ainda íntegro característico de perfuração por projétil de arma de fogo, mas que foi impedido de fotografá-lo pelo polícia no dia seguinte ao acidente.
» Peritos
Imagens do metal, “com visão macroscópica e mesoscópica por meio de lupa estereoscópica”, confirmam que se tratava de um prego. “Em momento algum tivemos dúvida da característica daquele prego que chamamos de cravo, usado para a fixação de tecidos na urna funerária”. Isso aconteceu porque o corpo não foi embalsamado e, assim, ficou afeito aos fenômenos putrefativos. As partes moles foram destruídas e o crânio fragmentou-se com o tempo por causa da fragilidade dos ossos maxilares.
(Hiram Reis e Silva, Bagé, RS, 16 de dezembro de 2013)
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