A INSPIRAÇÃO DE LEONARDO DA VINCI
"A Última Ceia" é, talvez, a pintura mais reproduzida do mundo e nela Leonardo da Vinci trabalhou de 1495 a 1498, pintando-a em uma parede do Refeitório do Convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão. Foi muito danificada durante a segunda guerra mundial.
Na elaboração de "A Última Ceia" Leonardo da Vinci teria se inspirado no Evangelho de João, capítulo XIII, segundo o autor Santiago Americano Freire em sua obra "Leonardo da Vinci".
Ali, os 12 apóstolos estão caracterizados pelos signos astrológicos, o que é objeto de interessante estudo da astróloga Emma de Mascheville, em seu livro Luz e Sombra.
Nessa pintura os doze apóstolos representam os doze signos,de Áries a Peixes. Colocados em quatro grupos de três, simbolizando as quatro estações do ano (primavera, verão, outono e inverno) da esquerda para a direita.
Jesus está sentado bem ao centro, sua cabeça debaixo de um arco, um semicírculo, observando-se ao fundo três janelas abertas por onde entram luz (a iluminação). À direita e á esquerda da sala estão duas janelas fechadas de cada lado, quatro, simbolizando a escuridão (as trevas). Jesus, ao centro, entre João e André, tem as duas mãos estendidas uma para cada lado (a imparcialidade). Sugere-se que com a mão esquerda Cristo se doa e com a direita recolhe. Observa-se ainda a cabeça de Cristo pendendo para o lado esquerdo, o lado do coração. O primeiro apóstolo à direita, Simão, o cananeu, com os dois punhos à frente, é Áries, e o sétimo, João, semblante sereno, é Libra (o discípulo amado, sentado mais próximo de Cristo). Tadeu, o segundo à direita, é Touro e Judas Iscariotis é Escorpião, a sacola com os "dinare", o olhar profundo, angustiado, triste, amargurado. Mateus é Gêmeos, o repórter; no quadro olha para a esquerda e aponta para a direita. Já Pedro, com a faca na mão, o mais velho, é Sagitário, a doutrina, a hierarquia. Felipe é Câncer, a sensibilidade, a emotividade, traz as duas mãos no peito, e André com as duas palmas das mãos à frente, contemporizando, é Capricórnio; na pintura está bem sentado, a gravidade, o olhar de cima. Thiago Menor é Leão e Thiago Maior, é Aquário, o olhar vibrante; tem força com o grupo, é o apóstolo de Santiago de Compostela. Tomé é Virgem, à direita de Jesus, aponta com o dedo na Santa Ceia. Já Bartolomeu é o primeiro apóstolo, em pé, à esquerda, é Peixes e está com os pés descalços.
Leonardo da Vinci, que tinha o planeta Marte em Aquarius, a Lua em Júpiter no sensível signo de Peixes e Vênus em Touro, possuía um incomum talento artístico associado ao espírito inquiridor do cientista e uma fantástica inventividade, séculos à frente de seu tempo. O Mapa Natal de Leonardo traz o nascimento no 3o. grau de Touro. Foi, inquestionavelmente, o maior projetista do futuro. Muitas das invenções que atualmente integram o patrimônio comum da humanidade foram prefiguradas por esse gênio do Século XV. Registrava suas observações e experiências em seus cadernos, onde anotava tudo: dívidas, pensamentos, fábulas, poesias, teorias científicas, projetos de máquinas, observações de fenômenos naturais. Tudo com ilustrações. Acreditava que uma imagem pode valer por mil palavras. "Quanto mais detalhada a descrição de um objeto mais você confundirá a mente do leitor e mais o afastará da coisa descrita. É necessário, portanto, representar e descrever".
Leonardo da Vinci nasceu em Anchiano, lugarejo próximo a Vinci, na Toscana, em abril de 1452, e faleceu em 2 de maio de 1519, no Castelo de Cloux, próximo a Amboise, na França. Filho natural de Piero da Vinci e de uma jovem camponesa chamada Caterina. Desde muito cedo apresenta as excepcionais habilidades e dons que o tornariam cientista, matemático, arquiteto, engenheiro, escultor, botânico, anatomista, cenógrafo, físico, astrônomo, poeta, pintor e inventor, figura impar do pensamento universal. Aos 17 anos Leonardo inicia seus estudos de pintura com Andrea del Verrochio em Florença, que logo o torna seu aprendiz, e rapidamente irá superar o mestre. Ali convive com outros famosos como Botticelli, Perugino e Lorenzo di Credi. Seu primeiro trabalho datado de 5 de Agosto de 1473, é um desenho do Vale do Rio Arno. Em 1474, aos vinte anos de idade, já faz parte da Companhia de San Luca, Sociedade dos artistas de Florença. Uma incrível curiosidade e talento científico associados à maestria da arte da pintura, desenho, escultura e arquitetura são a característica deste artista que o mundo reconhecerá como o Pai da Renascença. Em 1476, Verrocchio e Leonardo pintam em conjunto O Batismo de Cristo. Nesse trabalho as diferentes características do trabalho de cada artista é visível, especialmente na pintura dos anjos. Durante a Alta Renascença as áreas de poder na Europa estavam nas mãos de Espanha, França e do Sagrado Império Romano. A Itália dividia-se em cinco poderes: Veneza, Nápoles, Milão e Florença. Esta última, importante centro comercial da Europa, uma Cidade-Estado e o núcleo militar e político da Toscana. Na República Fiorentina do século XV o poder político já vinha sendo manipulado por um grupo de mercadores liderado por três gerações da influente e poderosa família dos Médici, célebre por vários de seus membros como Papas, Reis, Rainhas. Os Médici deixaram um grande legado artístico, cultural e humanista e efetivamente contribuíram para os anos de esplendor de Florença. Aos 25 anos Leonardo presta serviços a Lorenzo dei Medici, na Administração de Florença. A época de Leonardo da Vinci é, também, a do arquiteto Filipo Brunelleschi, dos escultores Lorenzo Ghiberti e Luca della Robia, dos pintores Donatello, Fra Angelico e, ainda, de Raphael (1483-1520) e Michelângelo Buonarroti (1475-1564).
A Itália vive um período de extraordinária vitalidade e florescência artística e cultural mas, também, de corrupção, de abuso de poder, hostilidades, assassinatos, intriga e infâmia. Um tempo em que "os fins justificavam os meios", envolvido por um cenário que conseqüentemente encoraja guerras e disputas. Uma conjuntura que inspira e motiva a obra de Niccolo Machiaveli (1469 - 1527), contemporâneo e amigo de Leonardo. Em 1482 Leonardo muda-se para Milão, e é lá, no Refeitório do Convento de Santa Maria delle Grazie, que pinta seu mais conhecido trabalho, "A Última Ceia". Dentre outros trabalhos de engenharia projeta também a canalização do curso do Rio Adda. Em 1499, com a queda do Ducado de Ludovico il Moro, Leonardo deixa Milão, passando por Mantua, Veneza, Friuli, até seu retorno a Florença em 1500. Em 1502, novamente em Florença, Leonardo trabalha como engenheiro militar chefe de Cesare Borgia, da nobreza da Casa de Aragão, de origem espanhola e Catalã, que usa muitos dos instrumentos e máquinas inventadas pelo artista. Muitas de suas iniciativas e criações daquela época serão as bases para o desenvolvimento da ciência moderna. Cesare Borgia, um governante reconhecido como homem de força física e psicológica, empreendedor, líder, conquistador que atingia suas metas e mantinha suas bases de poder a qualquer preço, era um dos quatro filhos do Papa Alexandre VI e, portanto, irmão de Lucrécia Borgia. Em 1504, Leonardo começa a pintar o famoso e polêmico quadro da esposa do mercador Francesco del Giocondo, a Mona Lisa. Uma das histórias sobre Gioconda menciona que ela e da Vinci vivem um clandestino e apaixonado romance, que teria resultado no nascimento secreto, em 28 de Outubro de 1505, de uma criança, Pietro Luciano. Já outra versão corrente é de que o quadro seria um auto-retrato do pintor e, daí, uma das razões para o misterioso e enigmático sorriso na pintura. Em 1508, Leonardo retorna a Milão, onde passa um longo período envolvido e dedicado a seus estudos de anatomia, ótica e engenharia hidráulica, mas, com a queda do domínio dos Sforzas, muda-se para Roma em 1513, sob a proteção de Giuliano dei Médici, irmão do Papa Leão X. Foi, inquestionavelmente, o maior projetista do futuro. Muitas das invenções que atualmente integram o patrimônio comum da humanidade foram prefiguradas por esse gênio do Século XV que, no entanto, nunca publicou nenhum de seus estudos, ideias filosóficas, nem suas maravilhosas invenções e descobertas científicas. Nunca permitiu em vida que centenas de seus desenhos de anatomia fossem examinados. Somente após sua morte na França, em 1519, o acervo incompleto de sua obra incomparável retorna à Itália pelas mãos de seu aluno Francesco Melzi, quando pela primeira vez podem ser observados. A maioria dos estudos e desenhos de Anatomia de Leonardo foram elaborados no período de 1510 a 1513, mas grande parte se perdeu e se espalhou. Como alguns outros renascentistas Leonardo tinha a obsessão pelo segredo relacionado a seus trabalhos. Escrever de trás para diante, ou de maneira que só pudessem ser lidos em espelho (a escrita especular), ou em labirinto, eram marcas e certamente uma necessária precaução do artista que se protegia, já que era também considerado feiticeiro, necromante, mágico, muitas vezes sendo perseguido. Na verdade, era um integrante da misteriosa Ordem Rosacruz. Empenhava-se no estudo da anatomia em uma época em que a dissecação de cadáveres era considerada crime e pecado contra a Igreja Católica. Exatamente por causa desses estudos, em 1515, em Roma, é acusado por um fabricante de espelhos, Giovanni degli Specchi, de práticas sacrílegas e é, então, impedido pelo Papa Leo X de continuar suas investigações de anatomia, encerrando assim um ciclo de 28 anos de modelar estudo e pesquisas nessa área. Em dois de maio de 1519 morre aos 67 anos no Castelo de Cloux, em Amboise, na França. Leonardo da Vinci: o artista que Giorgio Vasari descrevia como "uma mutação genética única" e dizia ser "sua genialidade um dom de Deus", deixava ao mundo aproximadamente seis mil páginas de desenhos e manuscritos, além de suas famosas obras de arte. (Lourdinha Biagioni)
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