sábado, 27 de fevereiro de 2010

Personalidade: João XXIII - 0057

João XXIII, o Papa Bom

Em torno da figura carismática do Papa João XXIII, convergem e se reúnem razões do coração e da inteligência: devoção popular, paixão para o diálogo e ousadia para a renovação teológica e pastoral.
Ele foi chamado de o Papa Bom. Verdade! Sua grande bondade, sem dúvida, foi o traço principal de seu testemunho, fazendo com que as pessoas também percebessem e sentissem a amizade e a ternura de Deus.
A bondade, no entanto, era acompanhada por uma extraordinária coragem.
O exemplo mais concreto disso foi o fato de ter dito à Igreja uma palavra que dava medo: renovação.
Seu trabalho em prol da paz internacional e da adequação da igreja aos novos tempos, despertou a admiração mundial e o transformou numa das maiores personalidades do século XX.
Sua beatificação será certamente uma grande festa para todos, cristãos e não-cristãos, para todas as pessoas de “boa vontade”, aos quais endereçou a encíclica Pacem in terris (Paz na terra), assinada dois meses antes de sua morte.
Angelo Giuseppe Roncalli nasceu em 25 de novembro de 1881, na cidade de Sotto il Monte, na região da Lombardia, Itália, e morreu em Roma no dia três de junho de 1963.
Com 11 anos ingressou no seminário de Bergamo. Em seguida estudou teologia em Roma e foi ordenado em 1904. De 1905 a 1914 foi secretário do bispo de Bergamo e professor no seminário diocesano.
Foi Capelão do Exército italiano na primeira guerra mundial. Depois do conflito, em 1920, o papa Bento XV nomeou-o diretor do Conselho Italiano da Obra da Propagação da Fé, onde mostrou toda a sua capacidade de organização.
Em 1925 foi sagrado bispo. Seu lema episcopal foi Obediência e paz. Representou o papa como visitador apostólico na Bulgária, como legado apostólico na Grécia e Turquia e, em 1944, núncio em Paris.
Em 1953, nomeado cardeal, tornou-se patriarca de Veneza. Grande incentivador do movimento ecumênico, dialogou com as igrejas ortodoxas, mostrando grande compreensão e tato diplomático.
Com a morte do papa Pio XII, sucedeu-lhe no trono de Pedro em 28 de outubro de 1958 e assumiu o nome de João XXIII. Nunca a Igreja teria esperado que um Papa tão idoso transmitisse tanta alegria e confiança com suas atitudes cordiais e afáveis. Mas foi exatamente este Papa, cheio de bondade e de bom humor, que teve a coragem de convocar um Concílio.
Nos poucos anos de seu pontificado, João XXIII desenvolveu intensa atividade em prol da paz mundial. Em 1959, surpreendendo a todos, convocou o Concílio Ecumênico Vaticano II, que se reuniu pela primeira vez em 11 de outubro de 1962, dando início a uma nova era na Igreja.
Promoveu a modernização da Igreja e divulgou a idéia segundo a qual a Igreja devia intervir construtivamente em assuntos políticos, econômicos e, sobretudo, sociais. Os instrumentos dessa modernização foram as encíclicas Mater et Magistra (Mãe e Mestra - 1961) e Pacem in terris (Paz na terra - 1963), que tiveram imensa repercussão, dentro e fora da igreja.
Abriu o Concílio criticando os profetas do azar, que diziam que “Deus morreu”, declarando: “No presente momento histórico, a Providência nos está conduzindo para uma nova ordem de relacionamentos humanos que, por obra dos homens e além de suas expectativas se dirigem ao cumprimentos de desígnios superiores e inesperados, para o maior bem da Igreja”.
Seu pontificado fez com que os cristãos se sentissem realmente povo de Deus, irmãos, filhos do mesmo Pai bondoso. Fez perceber a importância da liturgia e da palavra de Deus, a solidariedade com as alegrias e esperanças de todos os homens, o amor e o perdão recíprocos com os irmãos de outras religiões. Como Místico, há informação de ter se tornado membro da Fraternidade Rosacruz, tendo encontros reservados com o Imperator Ralph M.Lewis.
O Concílio Vaticano II é a herança mais preciosa que, com seu sorriso e sua bênção, ele deixou à Igreja. Graças ao Concílio, a Igreja tornou-se mais profética e missionária, assumindo e se inculturando nas diferentes realidades do mundo.
Recentemente chegou-se a falar na hipótese de um novo encontro de todos os bispos para uma experiência de colegialidade e comunhão no estilo e espírito do Vaticano II.
As sondagens revelaram que a idéia de um novo Concílio foi acolhida favoravelmente entre os fiéis: quem sabe, um Vaticano III. Isso significa que a idéia de uma Igreja fundada na fraternidade, comunhão e colegialidade faz seu caminho. Este é também um milagre de João XXIII: o Papa bom e corajoso.

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