sábado, 27 de novembro de 2010

Artigo: Paulo, um Construtor de Tendas - A/0875

O Apóstolo dos Gentios abriu
mão de Salários e Vantagens

No que se refere à evolução dos tempos, Paulo Apóstolo, sem dúvida alguma, foi o maior pregador do Cristianismo, que atravessou fronteiras, anunciando a Mensagem de Boas Novas.

O Homem de Tarso, também conhecido por Saulo de Tarso, foi educado aos pés de Gamaliel, famoso Mestre da época. Gamaliel era neto de Hillel, um dos maiores rabinos judeus. A escola de Hilel era a mais liberal das duas principais escolas de pensamento entre os fariseus. Gamaliel, então, era acatado por todo o povo.

O menino começava a ler as Escrituras com apenas cinco anos de idade. Aos dez, estaria estudando a Mishna com suas interpretações emaranhadas da Lei. Assim, ele se aprofundou na história, nos costumes, nas Escrituras e na língua do seu povo. O vocabulário posterior de Paulo era fortemente colorido pela linguagem da Septuaginta, a Bíblia dos judeus helenistas.

Na equivalência dos dias atuais, Paulo teria sido um jurisconsulto, que sabia interpretar as leis dos homens, adequando-as às leis divinas. A biografia desse extraordinário missionário é pouco difundida, mas admite-se que ele era um homem de pequena estatura, de acordo com apócrifo do segundo século. A informação dá conta de que era ele parcialmente calvo, pernas arqueadas, de compleição robusta, olhos próximos um do outro, e nariz um tanto curvo. Se a descrição for digna de crédito, pode-se ainda acrescentar que ele teria vivido mais ou menos setenta anos. Sua verdadeira aparência, é preciso que seja creditada aos artistas, pois não se sabe ao certo como era realmente.
Sabemos o que esse homem de Tarso chegou a crer acerca da pessoa e obra de Cristo, e de outros assuntos cruciais para a fé cristã. As cartas procedentes de sua pena, preservadas no Novo Testamento, dão eloqüente testemunho da paixão de suas convicções e do poder de sua lógica.

Nos Atos dos Apóstolos, escrito por Lucas, médico e historiador gentio do primeiro século, podemos ler um amplo esboço das atividades de Paulo.

A semelhança de um meteoro brilhante, Paulo lampeja repentinamente em cena como um adulto numa crise religiosa, resolvida pela conversão.

Antes, porém, de entendermos Paulo, o Apóstolo dos gentios, é necessário que passemos algum tempo com Saulo de Tarso, o jovem fariseu. Encontramos em Atos a explicação de Paulo sobre sua identidade: “Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante da Cilícia.”

No primeiro século, Tarso era a principal cidade da província da Cilícia na parte oriental da Ásia Menor. Embora localizada cerca de 16 km no interior, a cidade era um importante porto que dava acesso ao mar por via do rio Cnido, que passava no meio dela. Ao norte de Tarso, erguiam-se imponentes, cobertas de neve, as montanhas do Tauro, que forneciam a madeira que constituía um dos principais artigos de comércio dos mercadores tarsenses. Uma im¬portante estrada romana corria ao norte, fora da cidade e através de um estreito desfiladeiro nas montanhas, conhecido como “Portas Cilicianas”. Muitas lutas militares antigas foram travadas nesse passo entre as montanhas.
Tarso era uma cidade de fronteira, um lugar de encontro do Leste e do Oeste, e uma encruzilhada para o comércio que fluía em ambas as direções, por terra e por mar. Tarso possuía uma preciosa herança. Os fatos e as lendas se entremesclavam, tornando seus cidadãos ferozmente orgulhosos de seu passado.

O general romano Marco Antônio concedeu-lhe o privilégio de libera civitas “cidade livre” em 42 a.C. Por conseguinte, embora fizesse parte de uma província romana, era autônoma, e não estava sujeita a pagar tributo a Roma. As tradições democráticas da Cidade-Estado grega de longa data estavam estabelecidas no tempo de Paulo.

Os filósofos de Tarso eram quase todos estóicos. As idéias estóicas, embora essencialmente pagãs, produziram alguns dos mais nobres pensadores do mundo antigo. Atenodoro de Tarso é um esplêndido exemplo. Embora Atenodoro tenha morrido no ano 7 d.C., quando Saulo não passava de um menino pequeno, por muito tempo o seu nome permaneceu como herói em Tarso. E quase impossível que o jovem Saulo não tivesse ouvido algo a respeito dele.

Nessa cidade cresceu o jovem Saulo. Em seus escritos, encontramos reflexos de vistas e cenas de Tarso de quando ele era rapaz. Em nítido contraste com as ilustrações rurais de Jesus, as metáforas de Paulo têm origem na vida citadina.

Paulo escreve de “naufragar”, do “oleiro”, de ser conduzido em “triunfo”. Ele compara o “tabernáculo terrestre desta vida a um edifício de Deus, casa não feita por mãos, eterna, nos céus”. Ele toma a palavra grega para teatro e, com audácia, aplica-a aos apóstolos, dizendo: “nos tornamos um espetáculo ao mundo”.

Paulo não era apenas “cidadão de uma cidade não insignificante”, mas também cidadão romano. Paulo, num diálogo com um centurião romano e com um tribuno romano, diante de uma ameaça, protestou: “Ser-vos-á porventura lícito açoitar um cidadão romano, sem estar condenado?”. Um cidadão romano não podia ser açoitado, nem crucificado.

É notória a ascendência judaica de Paulo e o impacto da fé religiosa de sua família. Ele se descreve aos cristãos de Filipos como “da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu”. Noutra ocasião ele chamou a si próprio de “israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim”.

A Caminho de Damasco, num lampejo cegante, Paulo se viu despido de todo o orgulho e presunção, como perseguidor do Messias de Deus e do seu povo. Ele ouviu uma voz que dizia: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues;. . . levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer.” E Saulo obedeceu. Mediante as orações de Ananias, Deus restaurou a vista a Paulo.

Após a conversão, Paulo transformnou-se num grande Evangelista e Missionário, sem exigir de ninguém o pagamento pelo trabalhoque realizava. Embora tenha afirmado que “quem é do Evangelho, que viva do Evangelho”, o Apóstolo construía tendas para a vida. Ele provou que não é feio para um Obreiro da Causa Santa trabalhar para se manter, embora não seja proibido que o seu sustento advenha da Comunidade. Digno é o Obreiro de seu Salário, mas o Apóstolo Paulo preferiu construir tendas, abrindo mão do direito de receber qualquer pagamento das igrejas, porque desta forma, receberia a sua recompensa neste sistema de coisas. E com dignidade, o Homem de Deus, o Apóstolo dos Gentios, abriu mão de Salários e Vantagens, dedicando-se inteiramente à Obra de Deus.

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