sábado, 14 de maio de 2011

Poema: Canção do Arquiteto

CANÇÃO DO ARQUITETO

Somam em bilhões o número dos meus filhos,
cada qual ao seu modo e ao seu jeito;
Porque perfeito a cada um Eu fi-los
Como a tudo que criei, criei perfeito.

Na casa em que os pus são aprendizes.
mas aptos os fiz a ser criadores;
meu intento único é que sejam felizes.
Comigo partilhando os esplendores.

Não lhes bastaram os dotes recebidos
quiseram desfrutar de maor bem;
no próprio Paraíso introduzidos,
quiseram até do Éden irem além.

O Homem não se fez num parasita
nem limitou suas curiosidades:
desceu da árvore, fez a palafita,
arou os campos e plantou cidades.

Costurou vestes, ao fogo associou-se
e o fogão fez para melhor comida
obter, cozeu o salgado e o doce,
E escolheu fazer sua própria Vida.

Desafiou a própria Natureza:
Abriu estradas e construiu pontes
e, em tudo, como Eu, pôs a beleza
e fez recuar longínquos horizontes.

No original, de asas não provido,
Voejam em bando sobre céus e mares,
deixam a terra, partem atrevidod
para outros mundos e outros lugares.

Inumeráveis são suas façanhas
que realizam em construção civil:
Soterram vales, removem montanhas,
tapam o abismo e represam o rio.

Sou-lhes um Pai, e os trago sob a asa,
E, nessa condição amo-o bastante
mas se o convido a voltar pra Casa
me pede adiar o último instante.

Admiro sua garra e ousadia
e o seu arrojo no labor inquieto
que se faz em progresso a cada dia
e alegra o coração deste Arquiteto.

Geraldo Generoso

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