Mística da Humanidade
Para melhor compreendermos o que é Cabala, precisamos definir primeiro o que é Ocultismo. Ocultismo é o estudo do espírito e da matéria, de DEUS e da HUMANIDADE, das origens e do destino. É a verdadeira ciência da vida. Não há nenhum dogma no Ocultismo, mas há um certo número de hipóteses, como em qualquer ciência. Os Ocultistas julgam, por conseguinte, que “nada existe sem um propósito”. Eles argumentam que deve haver um PLANO SUPERIOR para a criação e evolução do Universo, que abrange as galáxias e os sistemas solares, os sóis e os planetas, os átomos e as plantas, os animais, e assim, toda a Humanidade.
Dentro deste PLANO SUPERIOR estão os incontáveis PLANOS SECUNDÁRIOS de toda a Criação, cada qual entrelaçado e inter-relacionado num todo orgânico.
Todo ocultista conhece as Leis de Hermes Trismegisto, ou Leis Herméticas. São estas Leis que foram encontradas escritas nas famosas tábuas esmeraldinas, nas Pirâmides do Egito, e nada mais são do que leis que atualmente a física tradicional somente confirma. Elas explicam as regras que regem toda a criação, e são os preceitos que auxiliam todos os ocultistas no caminho da Verdade.
Uma dessas Leis é a LEI DO CARMA, ou Lei de Causa e Efeito.
Assim, poder-se-ia afirmar que "Toda Causa tem seu Efeito; todo Efeito tem sua Causa; todas as coisas acontecem de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa à Lei" * Toda a ação física, ou ação mental (pensamento), retorna ao seu ponto de origem, como um bumerangue. A evolução prossegue sempre sob esta lei, e a experiência física (a Reencarnação) é apenas uma pequena parte dela.
Para entendermos este principio de evolução, esta Lei que rege todo o Mundo, visível e invisível, é que devemos estudar o que os judeus chamam de ‘Cabala" ou a "ARVORE DA VIDA" ou ainda KABALAH. Na tradição ocultista ocidental usamos um glifo, um conjunto de símbolos representativos desta Arvore, e seu estudo pratico, a meditação em seus símbolos e também o trabalho oculto prático (magia) proporciona ao estudante da matéria a compreensão sobre esta Lei, e todas as outras Leis Herméticas, as que se relacionam a Hermes. Muitos destes símbolos usados são Arquétipos, isto é "o conjuntos de símbolos" que foram definidos pelo psicólogo Gustav Jung, como sendo a fonte que a nossa mente utiliza para chegar a uma definição, e que é comum a todo o gênero humano. Estes arquétipos são atemporais, e remontam à mais antiga memória da humanidade.
A Magia da Cabala
A Cabala é indispensável ao Mago, e todo o Mago é Cabalista. A Magia é a arte de aplicar causas naturais para provocar efeitos surpreendentes. Existem dois caminhos para efetuar esta Magia: uma é a oriental Yoga, que, fazendo o vazio na mente, através da meditação e outras práticas físicas, procura alcançar a iluminação e a união com Deus. É uma fórmula mais passiva, e principalmente subjetiva, que necessita de uma prática às vezes difícil para um ocidental.
No ocidente, o Mago, mesmo pedindo ajuda à Yoga, utiliza o conhecimento das Sete Leis Herméticas aplicadas ao conhecimento da Cabala. Desta forma, ele pode ter o controle sobre sua própria natureza, controlando cada elemento de seu corpo físico pelo exercício da VONTADE. O Mago faz este caminho, quando se sente seguro para exercer este domínio, através da LUZ ASTRAL. E deve fazê-lo, principalmente por três motivos:
1º - na LUZ ASTRAL ele vai encontrar um reflexo exato de si mesmo, do seu SELF, em todas as suas partes e qualidades e atribuições, e um exame deste reflexo, tende naturalmente a um "auto-conhecimento".
2º - a definição de LUZ ASTRAL, do ponto de vista da Magia é bastante vasto e encontra-se no Mundo de Azoth, Mundo que é compreendido entre o mundo físico e o mundo espiritual. Por isto a Luz Astral é uma "ponte" entre os dois mundos.
3º - antes de transpor esta porção do mundo invisível, deve ser conhecido e dominado cada aspecto. O Mago, deve submeter à sua vontade todos os elementos de uma esfera (Sephira) que lhe obedecerão de maneira INEQUIVOCÁVEL, porque no MUNDO REAL, os símbolos são representações arbitrárias de uma experiência ordinária, mas no MUNDO ASTRAL, estes símbolos assumem uma existência real, uma realidade tangível, e por isso são da maior importância.
As Evocações e Invocações então não são feitas pelos magos por curiosidade, mas com o único objetivo de trazer estas facetas ocultas (os símbolos) para a sua consciência, para, com a sua VONTADE, exercer o seu verdadeiro DOMÍNIO.
A palavra CABALA (KABALAH) vem do hebraico QBL, CABAL que significa para alguns estudiosos "receber". Assim, a Cabala seria "Aquilo que foi recebido". Dizem que os Rabinos a receberam dos Anjos. Os cabalistas admitem que Moisés a recebeu de Deus, mas sua semelhança com o ZEND AVEST de ZOROASTRO indica que os Judeus podem ter recebido seus princípios da mesma fonte que inspirou ZOROASTRO. OTZ CHIIM, ou a ARVORE DA VIDA, que é na verdade “a Arvore do Bem e do Mal”, a Arvore do Conhecimento, citada no Antigo Testamento. Ela é conhecida também como “Escada de Jacó”.
Na prática, em se tratando de cabala, tudo o que se vê ou o que se fala possui mais do que um sentido. A Cabala representa, em sua essência, a tradição mística do povo hebreu. Segundo toda a mística hebraica, a origem do atual povo judeu, a cabala é uma tradição que foi passada de geração a geração. Esse princípio está inserido no Pentateuco, principal livro da Religião, escrito por Moisés.
A cabala é a base do Antigo Testamento, que vai do Gênesis até o Apocalipse no Novo Testamento. Moisés, o grande libertador do povo de Israel, foi um Iniciado na lei dos mistérios em sua longa jornada no Egito. Na terra dos deuses e dos sábios, teve Moisés importantes contatos com hermetistas e outros místicos da época. A lei de Moisés, que é o princípio do Dharma conhecido pelos ocidentais, passou a ser transmitida oralmente a seus seguidores. Moisés sabia e estava convicto que se o “Torah” estisse escrito, poucos o entenderiam, e aqueles que conseguissem compreende-lo, poderiam dele extrair um duplo ou triplo sentido. Em verdade, ele foi escrito com duplo sentido, para ser melhor interpretado, como forma de mistério. Todo A lei judaica, inserida no Torah tinha de ser interpretada ao pé da letra, caso contrário o sábio poderia estar rompendo com o Dharma. Este grande Iniciado, Moisés, pode ter sido um Avatar da Humanidade, pelo que representou em sua época
Moisés conhecia os destinos do mundo e sabia ainda que a única forma de manter uma civilização unida e forte, era por intermédio da lei. Assim é sabido hoje, que o Torah, essa Lei oral de Moisés, é a CABALA. Por volta do século VI a.C., os judeus deram início à sua literatura didática em cima dos textos de Moisés: o Talmud, que dividiu-se em quatro partes.
A Cabala no Misticismo
Já no Misticismo, a Cabala se divide em duas partes importantes: a teórica e a prática. A Teórica contém as tradições dos mistérios do Criador, falando da criatura e da espiritualidade. Trata, principalmente, da queda do homem Adão. Dessa queda, advém o caos e a renovação do mundo em sete dias. Portanto, para a Cabala, a criação contida no Gênesis, trata especificamente da reformulação da vida após a queda do homem. Assim, quem não conhece a Cabala, pode dar uma interpretação muito diferente ao Velho Testamento.
A Prática é a magia, pouco conhecida, pois foi mantida secreta durante milênios, tendo sido desvendada somente por algumas escolas de mistérios, aquelas que transmitem ensinamentos somente para altos graus de suas hierarquias No que se refere às magias, a Cabala sempre foi pouco expansiva. Dizia-se que “aquele que busca a Deus, produz uma boa magia branca; quem se associa ao mal para promover magia, faz magia negra.” Muitos cabalistas têm se dedicado a melhor compreender os mistérios que envolvem a Cabala, dentre eles destaco aqui Éliphas Lévi e Jacob Boeme. Os estudos cabalísticos percorreram milhares de quilômetros e encontraram no princípio da Lei de Moisés e no Evangelho de João a chave desse grande mistério. Os ensinamentos da Cabala, escritos inicialmente em hebraico têm os sentidos Histórico, Moral e Místico. É importante sabermos que a cabala adota e pesquisa muitos símbolos, e esta simbologia está diretamente ligada às profecias. O notável tradutor da cabala dos textos de Moisés foi Enoque, definido como o sétimo Mestre do mundo.
A Cabala, como é natural, acredita e defende a existência de anjos, arcanjos, príncipes, tronos e uma seqüência de seres divinais, que carregam em seus nomes as forças de Deus. A reencarnação, para os cabalistas, é um fato real, sendo o homem imortal, não podendo unir-se ao Pai enquanto não for perfeito.
Para Desvendar a Cabala
Ë bem complexo o estudo da Cabala, mas de uma forma sucinta, vou tentar mostrar ao meu leitor, o que ela ainda representa em nossos dias. Pode a Cabala ser tratada também com simplicidade. Os estudiosos do passado e do presente têm se empenhado em ornar o assunto com atavios de sua própria imaginação, deixando de lado a maneira simplificada de entender os seus mistérios.
A doutrina esotérica contida na Cabala é comum a todos os povos antigos, visto que nela podem ser encontrados conceitos parecidos ou idênticos, comuns ao acervo de chineses, hindus, egípcios, babilônios, assírios e caldeus, assim como de judeus e cristãos. Esta é a Razão da existências de muitas cabalas. No entanto, a Cabala hebraica é a mais difundida, e melhor compreendida pelos ocidentais, pelo conhecimento da Bíblia Cristã, tornando-nos familiarizados com o assunto.
O Livro do Esplendor, ou Zoar, é a fonte autêntica para nosso conhecimento relativo à natureza e à doutrina da Cabala. “O Zoar” é um acervo de tratados, textos, extratos e excertos de textos, pertencentes a diversos períodos, mas assemelhando-se todos no método de interpretação mística do Torah, bem como na desconcertante anonimidade em que estão protegidos. Sobre o Zoar, deixarei de dar muitos detalhes, limitando-me apenas a informar que ele está escrito parcialmente em hebraico e parcialmente em caldeu ou aramaico e corresponde aos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, chamados de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, cuja coleção integra o Pentateuco. Esses livros foram considerados a Escritura Sagrada até a época de Isaías.
Além do Zoar, a Cabala é fundamentalmente tratada também em “O Livro da Criação, ou Sepher Yezirah” uma das mais antigas obras, quiçá uma das mais notáveis da mente humana. Assim, estes dois livros são suficientes para nos proporcionar um perfeito conhecimento das doutrinas da Cabala.
Desta forma, pretendo deixar aqui registrado tudo o que se refere à Cabala, sintetizando esse conhecimento sumariamente, de modo que o leitor possa ter uma melhor compreensão do assunto, sem qualquer tipo de embaraço ou preconceito. Tudo o que foi dito até aqui, leva o leitor a esse entendimento, pois os vocábulos utilizados são o mais popular, podendo qualquer pessoa compreender o sentido da matéria, passando a decifrar, de agora em diante os mistérios da Cabala.
Existem muitas opiniões discordantes quanto à época e à fonte da Cabala, assim como à época e à autoria do Zoar e do Sepher Yezirah. Para a pessoa interessada nas ideias que a Cabala continha e em sua aplicação como meio de desenvolvimento espiritual, a tese da história da Cabala é relativamente irrelevante e a autoria de certas obras é secundária. A semelhança entre a “ grande assembleia” dos egípcios e os dez “fluxos referentes” da Divindade, que aparecem na literatura cabalística, indica uma fonte comum.
Há, na Cabala, as emanações, cujos nomes e significados são importantes e devem ser aprendidos. Sua pronúncia é a seguinte: Kether (Keth`er), Coroa; Chokmah (Khok`mah), Sabedoria; Binah (Bi`nah), Compreensão; Chesed (Khez `ed), Misericórdia; Geburah ( Guei bu`rah), Fortaleza; Tiphereth (Tiff`er eth), Beleza; Netzach (Net`sock), Vitória; Hod (Hod, com H aspirado), Glória; Yesod (Yêi`sod), Estabilidade; e Malkuth (Mahl`kuth), Reino.
A Cabala trata da natureza da Divindade, do processo da Criação, da questão do bem e do mal, enfim, de todas as questões teológicas e filosóficas fundamentais. Tanto o Zoar quanto o Sepher Yazurah, começam pela Criação, ampliando pormenorizadamente o relato do Gênesis. O Rig-Veda dos hindus, expõe ideias semelhantes com a Bíblia Cristã e as obras cabalísticas. A base do Pensamento Cabalístico repousa na explanação de que a Criação consiste em uma série de emanações ou concentrações de energia divina.
O Zoar explica que os Sephiroth foram criados um do outro, tendo sido Kether, o “Venerável Espírito”, o primeiro. Chokmah e Binah, como pai e mãe provieram de Kether. Estes três Sephiroth formam o Mundo Superior, ou a trindade dos Sagrados Sephiroth Superiuores. Aquilo que os cabalistas representaram de maneira abstrata, místicos orientais personificaram, como: a trindade chinesa, Budha, Wen-Shu, Kuan-Yin, correspondendo a Kether, Chokmah, Binah. Os números desempenham importante papel na Cabala: 3, 7 e 12 são os mais importantes, e 4, 6 e 9, são quase tão importantes quanto os primeiros.
Os Sephiroth de Construção compõem-se dos seis dias de criação e do sétimo, ou dia de repouso. A estrutura da Criação pode ser representada por uma série de três triângulos, com um Sephirah como ponto focal dos mesmos; como um coriscar de relâmpago; ou como um triângulo sobre três pilares, com um Sephirah abaixo.
Esses pilares são figuradamente denominados Sabedoria, Fortaleza e Beleza. Embora sejam os Sephiroth aludidos individualmente, separadamente, deve-se ter sempre em mente que, na realidade, eles são unificados.
Declara o Sepher Yezirah: “A década oriunda do nada compõe-se das seguintes dez infinidades; l) O infinito do princípio, 2) O infinito do fim, 3) O infinito do bem, 4) O infinito do mal, 5) O infinito de altura, 6) O infinito de profundidade, 7) O infinito do Leste, 8) O infinito do Oeste, 9) O infinito do Norte, l0) O infinito do Sul. E o Senhor Deus único, o Rei infalível, reina sobre todas elas, de Sua sacrossanta morada, para todo o sempre.” Considerando os Sipheroth em seus quatro conjuntos, a estrutura da Criação representa quatro mundos e equivale à multiplicação do diagrama por quatro. Os quatro mundos são: Atziluth, o Mundo do Arquétipo (Kether, Chokmach, Binah); Briah, o Mundo Criativo (Chesed, Geburah, Tophereth); Yezirah, o Mundo Formativo (Netzach, Hod, Yesod); e Assiah, o Mundo da Ação (Malkuth). Esses quatro mundos constituem um só mundo, assim como os dez Sephiroth constituem um só. São como quatro letras divinas, compondo um único divino nome: YHVH. O sacrossanto nome de Deus usado aqui, e que possui quatro letras, é um nome a que os cabalistas dedicaram muita atenção e reflexão. Era sempre mencionado como o “nome inefável” e o “nome incomunicável”, porque a sua pronúncia correta só podia ser conseguido pela compreensão de tudo aquilo que ele encerrava. Sua utilização desencadeava poderes com que aqueles que não estavam preparados eram incapazes de lidar. Por este motivo, os cabalistas preferiam substituir esse nome pela palavra “Adonai”. Os tradutores das escrituras para o grego, aceitaram esta reverência dos místicos hebreus com zelo quase supersticioso, chamado YHVH de o sagrado Tetragrama.
Traduziram-no pela palavras Kurios, equivalente ao nosso substantivo Senhor, amplamente usado no mundo cristão em todos os tempos. Para o cabalista, a palavra sagrada englobava todos os poderes da Divindade, focalizados por certa combinação de sons.
Acreditava-se que só Moisés possuía a chave para sua plena utilização, pois, vira Deus face a face, no Monte Sinai.
Moisés, o Grande Iniciado
Nenhuma religião jamais é constituída sem um Iniciador. Os Juizes, os Profetas, e toda a história de Israel são provas de Moisés; mesmo Jesus não pode ser concebido sem ele. O gênesis contém a essência da tradição mosaica. Quaisquer que sejam as transformações porque tenha passado, a vetusta múmia, por baixo do envoltório sacerdotal e do pó dos séculos, contém a ideia básica, o pensamento vivo, o testamento do Profeta de Israel. “Israel gravita em torno de Moisés, tão seguramente, tão fatalmente, quanto a Terra gira em torno do Sol”. Entretanto, outra coisa é descobrir as ideias originais do Gênesis - o que foi que
O pensamento do Iniciado Moisés, conforme revelado nos emocionantes versos dos tradutores, brota com toda a impetuosidade do fogo abrupto de uma erupção vulcânica. Nos primeiros capítulos, incomparáveis em sua sublimidade, podemos sentir o próprio alento vital de Elohim, à medida que Ele passa, uma a uma, as colossais páginas do Universo. Pelas chaves que a Cabala nos fornece, das quais algumas remontam à época de Moisés, e, finalmente, pelo estudo de esoterismo comparado, temos condições, de no presente tempo, de reconstituir o verdadeiro Gênesis, conseguindo assim, um vislumbre, dentro do conceito do Iniciado Moisés, cintilando como ouro, arremessando o cadinho dos séculos, a escória de uma teologia elementar, e as cinzas da crítica negativa.
Numa cripta do templo de Jetro, vê-se Moisés, sozinho, sentado num sarcófago e absorto em meditação. As paredes e as colunas estão cobertas de hieróglifos e pinturas representando os nomes e as aparências dos deuses de todas as nações da Terra. E, na obscuridade da cripta, fulgura o divino nome: ELOHIM! Para o Iniciado, este último significa: Ele – Os Deuses, os Deuses dos Deuses. Como os portais de um templo subterrâneo, esses hieróglifos dão acesso a uma galeria de verdades ocultas, iluminando a sucessão de mundos e épocas. Usando as chaves obtidas na iniciação, tentaremos penetrar no templo e contemplar esses estranhos símbolos, essas fórmulas mágicas em seu poder de evocação, como as viu o Iniciado Moisés, quando elas emanaram , em letras de fogo, da fornalha de sua mente. Moisés, o libertador de Israel, viveu, segundo consta, 120 anos: 40 anos no Egito, 40 anos em Midiã e outros 40 anos, serviu a Israel. O Ministério de Moisés aconteceu por volta do ano 1250 a..C., quando o Faraó Ramsés II governava o Egito (1301-1235 a..C.).
O Número Sete e a Cabala
O número sete é particularmente venerado por todos os místicos.
Até mesmo o leigo sabe que lhe é atribuído uma significação especial, embora desconheça, geralmente, porque, Obras Místicas de todas as épocas, inclusive a própria Bíblia, têm enfatizado o fato de que o número sete é dotado de virtude e poder. Os cabalistas, especialmente, têm revenciado este número, de modo que não é surpreendente encontrarmos, no Sepher Yezirah, um capítulo tratando exclusivamente de sua importância. A Natureza é composta por sete mundos, sete céus, sete terras, sete mares, sete rios, sete desertos, sete dias para a semana, sete semanas da Páscoa a Pentecostes; e há um ciclo de sete anos, sendo o sétimo o ano de redenção, e após sete anos de redenção, vem o jubileu. Portanto, Deus ama este número sete, em tudo que existe sob os céus. Numa nota sobre este trecho, assinala o Dr. Kalisch que Philo, observando a presença do número sete em muitas leis bíblicas, nas vogais do alfabeto grego, na escola musical e no corpo humano, exclama (quase em suas exatas palavras): “Toda a Natureza se rejubila nesta héptada!”
Deus, a Natureza e o Homem
Três campos de especulação interessavam aos cabalistas: Deus, a Natureza e o Homem. Eles especulavam a respeito de Deus porque Ele representava a fonte de que emergia a Criação. Especulavam a respeito da Natureza porque ela representava Deus em manifestação. Especulavam acerca do Homem porque ele era o ponto focal de Deus e da Natureza. Os três estavam sutilmente relacionados. O Homem só podia ter significado se considerado como uma centelha da Divindade, moldada pela Natureza. A Natureza só podia ter significado como evidência tangível de Deus em manifestação. E Deus só podia ter significado em função do Homem e da Natureza que Ele criara.
O Homem, portanto, era o símbolo, o microcosmo, o pequeno universo que correspondia ao macrocosmo ou grande universo. Através da doutrina das emanações, os cabalistas explicaram de modo aceitável a criação do universo e do homem. Tudo teria resultado da expansão da Divindade. Essa expansão teria sido realizada por meio dos dez Sephiroth, operando em quatro níveis, denominados mundos (a Criação encarada de quatro pontos de vista). Nesses quatro mundos, ou desses quatro pontos de vista, o homem, como símbolo, tornara-se quatro seres diferentes.Considerado como habitante do Mundo Arquétipo de Atziluth, o homem é Adão Kadmon. No mundo de Briah, é um arcanjo. No mundo de Yezirah, onde ele assume forma apreciável aos nossos sentidos, torna-se um anjo, e somente em Assiah, vem se tornar o ser que conhecemos como humano. Era, contudo, para o modelo celestial de homem que os cabalistas sempre dirigem seus pensamentos. Eles o visualizavam à nossa semelhança, relativamente às diversas partes do corpo, e, ao mesmo tempo, como um ser diferente de nós quanto à substância do corpo.
Talvez seja mais importante o fato de que eles criaram uma representação concreta dos três campos de sua especulação e a legaram aos seus sucessores místicos de todas as regiões do mundo. Essa representação era o Shekinah, que se tornou um elemento indispensável nodstemplos rosacruzes. Shekinah significa “Deus entre nós”, e o objeto assim denominado destina-se a lembrar todo místico e todo cabalista das três verdades eternas. As três verdades sugeridas pelo Deus Shekinah, são: Deus, a Natureza e o Homem. As velas denotavam o reino de Deus; o próprio Shekinah, a Natureza, e o ponto à frente do Shekinah, o próprio Homem. O homem pode ser considerado como o ponto mais baixo, sendo Deus o ponto mais elevado. A Natureza situa-se entre Deuse o Homem. Isto sugere a ideia de que o Reino de Deus, que transcende a humana compreensão, só pode ser apreciado através do reino da Natureza, onde a imperceptível Divindade pode ser pressentida em Sua manifestação. Sugere também que a evolução do homem para a Divindade se realiza através do domínio dos aspectos de Deus manifesto naquilo que chamamos de Natureza. O Mundo Sperior situa-se acima e para além da humana compreensão, num reino de invisibilidade, intangível e infinito.
A Cabala e as Organizações Místicas
Os ensinamentos de muitas organizações metafísicas e místicas dos nossos dias derivam consideravelmente da Cabala. De um modo ou outro, foram eles adaptados para satisfazer necessidades particulares. Por erros de interpretação, por vezes, a Cabala tornou-se uma monstruosidade, um organismo artificial, produzindo, simultaneamente, toda sorte de fruto desconexo. Astrologia, Filosofia, Magia, Numerologia, Teologia, e superstições, tudo isto é imaginado crescendo na mais feliz harmonia, num único tronco viçoso. Não é de admirar que o estudante de Misticismo, possa ficar totalmente confuso em sua tentativa de formar uma ideia sensata de seu estudo. Sabendo o que era essa doutrina, originalmente, o estudante poderá se conscientizar, imediatamente, do que ela não era. A Cabala eximida de toda matéria que não lhe pertence, é simples. É uma interpretação metafísica e científica da Criação, tal como é exposta nos primeiros capítulos do Gênesis. Não é a Cabala um sistema de Numerologia, Astrologia, Magia, ou Alquimia. Não pretendo aqui subestimar o valor essencial da Alquimia, da Astrologia e da Numerologia. Nem tampouco lhes negar um lugar no estudo do esoterismo. Quero declarar apenas que, a despeito de seu valor e da similaridade dos seus sistemas entre si e para com a Cabala, elas não fazem parte da filosofia cabalística, conforme se encontra expressa no Zoar e no Sepher Yazirah. Por isso, não se pode atribuir à Cabala original as ideias desenvolvidas por aqueles outros sistemas, acreditando que elas também faziam parte do pensamento dos primeiros estudiosos que se denominaram cabalistas. No tocante à matéria, até mesmo Copérnico foi julgado “um tolo que queria inverter todo o sistema de Astronomia”- e justamente por Martinho Lutero, de quem se podia esperar melhor discernimento, por também ser um Místico.
O cabalismo moderno e os sistemas, místicos e outros, que derivam da Cabala original, não fazem parte do estudo que aqui apresento. Por vezes, podemos ser constrangidos, pelo fato mesmo de sua forçada associação, a deixar claras, pelo menos as razões de não serem incluídos nesta consideração. Como já disse, este erro inicial é muito mais grave do que pode a princípio parecer, porque torna errôneo, a certo grau, qualquer passo posterior que nele se apóie. Se a premissa estiver errada, toda conclusão também terá de estar errada. É assim que reza o infalível axioma. Aquela premissa errônea torna impossível qualquer coisa além de uma distribuição arbitrária das letras, destrói o padrão trino fundamental de três, sete e doze, e leva, necessariamente, à negligência de declarações do Zoar e do Sepher Yezirah, que, assim, tornam-se vazias de significado.
A Cabala e os Personagens da Bíblia
Para concluir este capítulo, gostaria de deixar aqui registrado que, num certo sentido místico, pôde-se afirmar que Adão recebera instrução na Cabala do Anjo Raziel e, no entanto, no sentido estritamente histórico, seria necessário situar o começo da Cabala numa época muito posterior. As ideias originais da doutrina podem ser relacionadas com esses personagens primordiais e lendários, mas não há coisa alguma de natureza concreta que apóie essa asserção.
É verdade que o Sepher Yezirah se conclui com a interferência de que o Patriarca Abraão foi quem deu origem ao pensamento cabalístico e ao pensamento do autor daquela obra; não obstante, poucos estariam propensos a aceitar isto como literal e historicamente verdadeiro. De qualquer forma, a Cabala, corretamente compreendida, era um método para se restaurar a parte essencial da exposição bíblica. Espero que algo dessa luz interior tenha se tornado evidente no presente estudo, pois “Toda palavra da lei contém um sentido elevado e um mistério sublime...”
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