Léo Canhoto e Robertinho
Leonildo Sachi, o Léo Canhoto, nasceu em Anhumas-SP no dia 27/04/1936. José Simão Alves, o Robertinho, nasceu em Água Limpa-GO no dia 09/02/1944.
Leonildo nasceu na roça, onde passou fome e viveu muitas dificuldades. Passou um período com sua família italiana num sítio no município de Sertanópolis-PR onde, até os 18 anos de idade, enfrentou todo tipo de trabalho, inclusive capinar a roça.
Foi devido a uma doença que acometeu o pai de Leonildo que ele acabou se tornando cantor: Para custear o tratamento, Leonildo resolveu fazer um roçado de algodão ajudado por uma de suas irmãs. Fez dívida com a compra de equipamentos diversos e inseticidas, porém, nada colheu, devido a uma chuva inesperada que destruiu toda a plantação, ainda em floração.
Leonildo começou então sua aventura na cidade grande, onde se viu obrigado a tentar a sorte, procurando emprego em circos mambembes, com seu Violão, que havia aprendido a tocar em volta das fogueiras nos diversos sítios onde morou.
O nome artístico com o qual Leonildo ficou conhecido foi devido ao fato dele realmente ser canhoto.
Seu aprendizado musical foi “de ouvido” e Léo Canhoto chegou a participar de algumas duplas, dentre as quais, a mais conhecida, com Maurinho: a dupla “Maurinho e Zé Canhoto” participou de alguns programas de rádio na Difusora de Londrina-PR e também tentou a sorte na Capital Paulista, tendo gravado um disco, porém, com o nome de “Os Canarinhos do Sertão”, já que o nome “Maurinho e Zé Canhoto” não foi aceito. O sucesso não aconteceu e a dupla logo se desfez.
Léo Canhoto passou a fazer parte do trio “Campanha, Léo Canhoto e Perigoso”, o qual também não durou muito tempo. Na mesma época, porém, Léo Canhoto começou a se firmar como compositor, tendo tido diversas de suas músicas gravadas por intérpretes do quilate de Zilo e Zalo, Pedro Bento e Zé da Estrada, Zico e Zeca e Luizinho, Limeira e Zezinha.
Na mesma época, Léo Canhoto também começou a empresariar duplas famosas tais como Vieira e Vieirinha e Sulino e Marrueiro. Léo Canhoto no entanto desejava realizar o seu próprio trabalho musical!
José Simão Alves, por sua vez, também enfrentou diversas dificuldades. Orfão de mãe com bem pouca idade, foi levado por seu pai para Buriti Alegre-GO, onde trabalhou na roça e também foi sapateiro, tintureiro e tratorista.
Gostava de cantar desde criança. Bastante tímido, no entanto, quando alguém pedia, ele só aceitava cantar se fosse de costas para o público; e, quando acabava a música, saia correndo…
Na mesma Buriti Alegre, José Simão formou com mais dois amigos o trio “Jota, Jotinha e Marquinho” que cantava na Rádio Clube local. Algum tempo depois o trio foi para a Capital Paulista, onde chegou a gravar um disco o qual não obteve sucesso.
José Simão seguiu para Goiânia e continuou mantendo contato com o meio sertanejo, em meio às dificuldades que enfrentava. Tinha uma única calça e apenas duas camisas, além de passar semanas comendo somente arroz com tomate.
José Simão escolheu o nome artístico de “Robertinho” em homenagem a seu grande ídolo que é Roberto Carlos.
E foi numa viagem a Goiânia que os dois componentes da dupla se conheceram: Robertinho, que era fã de Léo Canhoto como compositor, foi ao Hotel J. Alves para conhecê-lo e, por intermédio do Acordeonista Inhozinho, foi a ele apresentado. Léo Canhoto, por sua vez, ouvindo Robertinho cantar, gostou bastante da sua voz e, após cantarem juntos algumas músicas, decidiram formar a nova dupla.
Robertinho não hesitou em se mudar de imediato para a Paulicéia Desvairada onde, de início, morou durante dois anos na mesma residência de Léo Canhoto. Antes da gravação do primeiro LP, Léo Canhoto e Robertinho tiveram que fazer diversos” bicos”, acompanhando outras duplas, fazendo portaria nos circos, vendendo livros e, sempre que surgia alguma oportunidade, faziam algumas pequenas apresentações nos respectivos locais.
Mas a nova dupla estava para iniciar então uma mudança radical e, uma verdadeira “revolução” no panorama da Música Sertaneja de um modo geral.
Havia na década de 1960 diversas excelentes Duplas Caipiras no auge do sucesso. Léo Canhoto, experiente que era como Empresário no meio fonográfico, sustentava que a nova dupla que nascia precisava ser “diferente” de tudo que rolava na época. E, com seus famosos óculos escuros, Léo falava em “reciclar”, “romper estruturas arcaicas” e “ampliar o público”. E, lógico, as gravadoras, de um modo geral, gostavam de tais ideias, principalmente por aumentar as vendagens.
E foi assim que, no ano de 1969, Léo Canhoto e Robertinho aproveitaram a “janela” que já havia sido aberta pela Jovem Guarda e mostraram pela primeira vez ao público sertanejo o característico visual que misturava o Sertanejo com o Country Americano, além de misturar também o Boiadeiro com o Rockeiro.
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