“Que vai ser quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É
ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando
crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando
cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e
cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Que vou ser quando crescer? Sou
obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser
Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer.” (Carlos Drummond de
Andrade)
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