segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Artigo: Percalços da Fé - A/01020

PERCALÇOS DA FÉ

Esta é uma página forte e de impacto, que vai tocar numa questão que, em muitos casos, se reveste de um tabu que se perpetua. Numa labareda que ninguém quer por a mão.

Não será forte no sentido de lavor literário, mas pelas palavras que vestem as evidências em sua essência e em sua raiz.

Remotamente, sem qualquer intuito em desmerecer qualquer denominação religiosa – e hoje são tantas as igrejas que, a bem da verdade, prestam inúmeros benefícios à sociedade como um grupo e aos indivíduos em particular.

O que de fato assusta é o gigantismo de certas corporações religiosas. Constituem-se em verdadeiros impérios econômicos.
Bem foi dito por Jesus Cristo, de forma bem clara e irrecorrível: “é impossível servir a Deus e às riquezas”. Igualmente, o mesmo Mestre, insuperável em sua franqueza, ensinou a todos que é “impraticável servir a dois senhores”.

O que se verifica hoje, em que pesem os benefícios inequívocos da religião, lamentavelmente muitas igrejas são chamadas de “indústria da fé”. Parece impossível administrar patrimônios de milhões de reais, com tantos empreendimentos e a exigir tanto esforço num mundo competitivo que isto, inevitavelmente, torna inviável sintonizar-se com Deus.

Sobreveio-me esta mensagem ao confrontar o presente da cristandade com o gigantesco trabalho do Apóstolo São Paulo. Levantou o cristianismo nascente, sobre condições precárias, contando até com a oposição dos poderosos da época. Ainda assim fez vingar a semente do Cristianismo de forma tão majestosa, de tão fundas raízes, que até hoje aí está a desafiar os milênios. Sua mensagem, em suas epístolas, ainda hoje fazem prevalecer o prístino vigor de quando escreveu-as.

Oras, é claro que hoje o mundo evoluiu muito. Até mesmo os meios de se pregar o evangelho não pode prescindir dos recursos de comunicação que avançaram tanto e são capazes de abranger até milhões de pessoas.

Todavia, cumpre ressaltar é que os meios de comunicação, ainda que legítimos e eficazes instrumentos, alavancam grande soma de recursos, o que exige ocupar-se mais dos meios que dos fins.

Certa vez hospedei em o saudoso filósofo mineiro (de Cambuquira), Saturnino Gomes da Cruz que, a pretexto de cumprir seu dever religioso, consultou-me sobre a menor igreja, a mais humilde da cidade. Informei-o conhecer uma pequena congregação, ainda em seus primeiros passos. Acompanhei-o até ao pequeno templo. Lá partilhamos de verdadeiras mensagens, transmitidas com simplicidade e que, a despeito de simples, conduziu-nos ao milagre da elevação e da comunhão com Deus.

Desde esse tempo convenci-me de que “amar a Deus sobre todas as coisas” é talvez o mandamento mais difícil de se cumprir, mormente para as pessoas que se dizem religiosas. Não sem base, se diz que Deus é ciumento. Não aceita dividir cuidados e atenção com que quer que seja.

(Geraldo Generoso, de Ipaussu)

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