Ensina a Doutrina
Espírita que todas as vivências da alma, sejam elas positivas ou negativas,
desta vida ou de outras vidas, não se perdem jamais. Ficam registradas na
mente, em ordem cronológica, mas a alma mantém no consciente somente as
lembranças que lhe são úteis; as demais permanecem no inconsciente, que é uma
espécie de arquivo-morto, ao qual ela tem acesso quando necessário.
Ao reencarnar, a
alma se submete a um processo de esquecimento, e isso ocorre por três razões
principais: a primeira, para que os erros do passado ou posições de destaque,
geradores de remorsos ou de vaidades, não perturbem o propósito de renovação
íntima; a segunda, para que o pleno conhecimento dos desafetos e dos fatos que
geraram a discórdia não dificultem o reajustamento; a terceira, para que não
haja repetição de certas experiências que lhe são mais agradáveis, o que
retardaria o progresso, uma vez que elas já estão incorporadas.
Não obstante a
perda da lembrança, trazemos conosco as tendências instintivas e ainda temos a
voz da consciência a nos orientar na presente jornada. Uma análise sincera dos
nossos pensamentos mais comuns, de nossos desejos principais e de nossas
reações, bem como dos acontecimentos hoje vividos, permite uma ideia geral do
que fomos como ser humano, do que ainda somos e do que precisamos conquistar.
Com esse
conhecimento e o firme propósito de alcançar renovação interior, de
conformidade com o amor e a justiça de Deus, é possível à criatura avançar no
seu progresso, desenvolvendo virtudes e eliminando imperfeições, sentimentos
inferiores e vícios.
Não raro, porém,
Deus permite a certas pessoas a lembrança de outras vidas, e quando isso ocorre
é sempre com um fim útil, certamente para fazê-las avançar. Essa lembrança pode
ser natural, sem a barreira que normalmente o corpo oferece, o que
frequentemente acontece quando a reencarnação é muito próxima do desencarne;
pode ainda ser despertada em sonhos, ou mesmo através da mediunidade.
Ultimamente, no
Brasil e nos Estados Unidos, médicos, psicólogos e pesquisadores têm-se valido
da regressão de memória (TVP) para tratar das pessoas, fazendo com que retornem
a vidas passadas que continuam a refletir na vida presente, com resultados
extraordinários. Esse trabalho, de caráter científico, tem demonstrado, de
maneira irrefutável, a reencarnação.
Em qualquer das
formas de recordação do passado, é possível se saber que personalidade fomos,
onde e quando vivemos e o que fizemos. A mente, seja no transe hipnótico ou
numa regressão espontânea, libera os arquivos mentais, tal como se colocássemos
no videocassete um filme em que somos a personagem principal, com a diferença
de que igualmente vivenciamos as emoções do fato. Não há uma volta efetiva no
tempo, de modo a permitir alteração dos acontecimentos, mas simples lembrança.
Quando isso
ocorre, é porque a pessoa está preparada emocionalmente para suportar uma
vivência do passado, cujo conhecimento lhe permitirá melhor compreender o
presente, liberando-se de traumas e sentimentos que ainda carrega consigo. Mas é importante
ressaltar que o passado não pode ser buscado por mera curiosidade e nem por
leigos, porque o despreparo pode trazer consequências desastrosas, com abalos
emocionais de difícil reajuste. (Donizete Pinheiro)
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