O Livro do Pucci - Parte I
Há duas alegorias na Arte Real que considero muito ricas: a do círculo tangenciado por duas paralelas e a da escada de Jacó.
Na verdade, as considero como parte de um mesmo cenário, já que estão vinculadas ao mesmo espaço geográfico. Quando faço a imagem da escada de Jacó no centro do círculo, e projeto esse círculo para o alto, sempre tendo como eixo a escada, a imagem que obtenho é de uma espiral.
A espiral é a própria ilustração gráfica da Evolução. Tentar subir um eixo vertical, é aventurar-se num "pau de sebo", onde geralmente mais se desce do que se sobe. Sem contar que o esforço é desanimador. Já a escada em espiral, tão conhecida dos maçons, simboliza a mudança constante em torno da unidade da essência.
Quem é você neste exato momento? Consegue lembrar de quando você tinha seis ou sete anos? E de quando você tinha quatorze ou quinze? Aquela criança ou aquele adolescente eram você? Claro que sim! Mas você consegue, realmente, sentir-se "eles"? É bem provável que não.
Nós temos uma identidade que nos define como um "ser" do nascimento até a morte. Talvez mais. Mas também estamos num movimento de constante mudança que nos define como um "estar sendo" do mesmo nascimento até a mesma morte.
Nesse movimento constante, podemos estar nos construindo ou nos desconstruindo; podemos estar evoluindo ou involuindo. Acreditamos nós, obreiros da Arte Real, que quando estamos nos conhecendo mais, para aprendermos a submeter nossas vontades, subjugar nossas paixões e fazer progressos no aprendizado da tolerância e da fraternidade estamos evoluindo.
Este livro é um diário de bordo dessa viagem. Nele registrei minhas reflexões e sentimentos durante as viagens de aprendizado na Arte. Por isso começo meu relato falando nesse caminho e no seu significado profundo. Tem sido uma construção dessa escada em espiral, pois o caminho não é dado. Tem que ser construído, pedra por pedra, onde as separações são arbitrárias. Por isso senti dificuldade em colocar certos temas nesta ou naquela parte.
Espero sinceramente que este diário sirva de companhia, de estímulo e de provocação durante as vossas viagens, assim como tantos diários de outros tantos Irmãos serviram e servem às minhas.
Um abraço tríplice e fraterno.
Francisco Cezar de Luca Pucci.
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