quarta-feira, 31 de março de 2010

Personalidade: Pixinguinha - 0090

Pixinguinha, Precursor da MPB

Necessariamente a pesquisa teria que começar pelo dia 23 de abril de 1898, no bairro de Piedade, Zona Norte do Rio de Janeiro. Ali nasceu Alfredo da Rocha Vianna Jr., o Pixinguinha. Foi ele quem criou as bases da atual música brasileira.
Neto de escravos e filho de músicos, Pixinguinha cresceu num ambiente onde a música tinha lugar de destaque. Se outras famílias daquela época reuniam-se em volta de uma mesa farta, nas festas dos Vianna o prato principal era a música, com o menino Pzindin - apelido dado a Pixinguinha por sua avó - como principal atração. Ele tinha 12 anos de idade e já arrasava no cavaquinho. No ano seguinte começa a tocar flauta, sua grande paixão - até hoje é reconhecido como o melhor flautista brasileiro. Aos 14 anos de idade já era diretor de harmonia de rancho carnavalesco. Com 17, tocava em orquestras, cinemas, cabarés, teatros e, com 19, era orquestrador.
Incansável, Pixinguinha tomou frente em outros grupos musicais como a Orquestra Tipica Pixinguinha-Donga (1928), os Diabos do Céu (1930), a Guarda Velha (1932) e a Orquestra Columbia de Pixinguinha. Com o grupo Guarda Velha acompanhava os cantores Chico Alves, Mário Reis e Carmem Miranda. Participou do jovem cinema nacional com a trilha sonora para os filmes Um dia qualquer e Sol sobre a cama.
Pixinguinha era precursor em tudo que fazia. Foi o primeiro maestro arranjador contratado por uma gravadora no Brasil. Pesquisador incansável de sonoridades e totalmente desprovido de preconceitos, misturou ritmos africanos e música negra americana com os novíssimos acordes nacionais de Ernesto Nazareh e Chiquinha Gonzaga. Reuniu com perfeição os instrumentos de percussão africana com os europeus. Essa foi a gênese da MPB. O poeta Vinícius de Moraes dizia que Pixinguinha era o "ser humano perfeito". Os críticos o consideram pai da MPB.
E perfeita foi sua partida - se é que pode-se chamar de perfeita a morte. Na tarde de um sábado de carnaval, dia 17 de fevereiro de 1973, o "mestre dos mestres" foi a um batizado na igreja Nossa Senhora da Paz, no bairro carioca de Ipanema. Para homenageá-lo, a banda de Ipanema tocava suas composições na praça em frente à igreja. Nesse clima, Pixinguinha teve um enfarte e caiu nos braços de seu único filho e adotivo, Alfredo da Rocha Vianna Neto. Sorte que ele era um compositor incansável e deixou mais de 2 mil músicas. Foram choros, sambas, marchas, baiões, fox e maxixes. Entre elas, pérolas como
Carinhoso, Rosa, Ingênuo, Um a Zero, Lamentos, Urubu, Nostalgia ao luar, Mentirosa e Soluços.

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