sábado, 5 de maio de 2012

Mundo Sertanejo: Tinoco

Músicos falam sobre a importância do cantor Tinoco

Para Mazinho Quevedo e Almir Sater, estilo de cantar foi único e influenciou todas as duplas; sertanejo morreu na última sexta-feira. Tinoco está morto e com ele boa parte da história da cultura nacional. Ao lado do irmão Tonico, falecido em 1994, formou a dupla mais famosa da história da MPB. Por sete décadas, gravaram os maiores clássicos da legítima música caipira.

A discografia de Tonico e Tinoco é uma verdadeira aula sobre a identidade cultural do Brasil rural. Os irmãos João Salvador e José Perez (nome de batismo da dupla) cantavam as tristezas e alegrias do homem do campo de um ponto de vista ingênuo, porém poético e verdadeiro.

Falecido aos 91 anos na última sexta, Tinoco deixou para os fãs mais de uma centena de discos, além de 1.500 gravações de clássicos sertanejos. De acordo com o amigo e fã Mazinho Quevedo, Tinoco trabalhou até o último momento de vida. "Perdi um grande amigo meu. Ou como dizia Pena Branca, ‘nosso pai véio’", conta o músico, violeiro e apresentador que, durante a entrevista por telefone, estava a caminho do velório de Tinoco, em São Paulo.

Mazinho foi parceiro do mestre na gravação do CD e DVD "Coração Caipira", gravado ao vivo no Theatro Pedro II e que resultou numa turnê por todo o país. Os dois se encontraram novamente durante os shows de abertura do festival Viola Minha Viola, promovido pela EPTV, e se tornaram grandes amigos.

"Estive com ele na última quarta [dia 2] na gravação do programa ‘Viola, Minha Viola’ [da TV Cultura] que fizeram em sua homenagem e percebi que não estava bem. Estava fraquinho, falando baixinho", conta.

Influência

Para Mazinho, Tinoco e o irmão Tonico foram fundamentais para todas as gerações que vieram depois deles. "Tinoco praticamente inventou a música sertaneja, graças ao seu estilo de cantar, ao colocar a primeira voz à frente. Teve que fazer isso porque Tonico perdeu a voz por causa de uma tuberculose", informa. O músico lembra que todas as duplas atuais, desde Chitãozinho & Xororó, até o pessoal do sertanejo universitário, seguiram esta maneira de cantar.

Para o músico sul-mato-grossense Almir Sater, a importância de Tinoco para a arte brasileira é inquestionável. "Era dono de um estilo original e agora vai encontrar o irmão", afirma.

Segundo Almir, o sertanejo era um excelente cantor e foi uma influência para toda uma geração. "Ele contribuiu muito sim, principalmente para todas essas duplas que apareceram depois", argumenta.


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