sábado, 19 de maio de 2012

Última Flor do Lácio - Poema

ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA 

Este é o lindo soneto de Olavo Bilac, no qual o poeta , além de se referir
à origem latina do nosso Idioma, descobre nele uma estrutura antitética
de rudeza e beleza; de força, vigor, ternura e doçura saudosas.

Última Flor do Lácio
(Olavo Bilac )


Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "Meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


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