O gênio Albert Einstein disse: “Todas
as religiões, todas as artes e todas as ciências são o ramo de uma mesma
árvore. Todas essas aspirações visam ao enobrecimento da vida humana,
elevando-a acima da esfera da existência puramente material e conduzindo o
indivíduo para a liberdade.”
A dimensão espiritual na vida
humana vem encontrando espaços crescentes nas melhores comunidades acadêmicas. Um
grupo interdisciplinar e interinstitucional teve a louvável iniciativa de
organizar um Encontro de Espiritualidade e Qualidade de Vida.
Teólogos, médicos, psicólogos,
educadores, filósofos e outros cientistas, independentemente de vinculações
eclesiais ou grupos espiritualistas,
reuniram-se e dialogaram com muita liberdade acadêmica e espírito fraterno
sobre o tema. Rorberto Francisco Rauch deu ênfase ao assunto, com a expressão: “fazendo
votos de que futuros Encontros dessa natureza se repitam tornando cada vez mais
real o sentido da vida, demonstrando que a próxima idade do Homem será
mística ou não será nada.”
Como se pode definir
espiritualidade? Espiritualidade é viver com espírito e, portanto, é uma
dimensão constitutiva do ser humano. Espiritualidade é uma expressão para
designar a totalidade do ser humano enquanto sentido e vitalidade, por isso
espiritualidade significa viver segundo a dinâmica profunda da vida. Isso
significa que tudo na existência é visto a partir de um novo olhar onde o ser
humano vai construindo a sua integralidade e a sua integração com tudo que o
cerca.
A ideia de que ciência e
espiritualidade são áreas antagônicas já faz parte do passado. Pesquisas feitas
em países como Brasil, Canadá e Estados Unidos buscam provar como experiências
de caráter espiritual ajudam a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Essa
tendência vem se firmando há alguns anos e ganha maior destaque com o aumento
dos estudos sobre o assunto. Inúmeras pesquisas hoje indicam que pessoas que
professam uma fé apresentam alguns resultados benéficos distintos na
psicoterapia. Existe uma associação entre a dimensão de fé e o trabalho psicoterápico.
Um potencializa o outro, gerando uma melhor qualidade de vida, bem-estar e
alívio dos sintomas. Em termos emocionais, a espiritualidade propicia uma
maneira diferenciada de tratar as dificuldades, que podem ser vistas como experiências
de vida.
Em meados do século XX, muitos
temiam que o processo de secularização não só minaria as bases da fé, mas
também eliminaria o espaço da religião. Apostava-se na ciência e na técnica
como caminho para a solução de todos os problemas humanos. E tudo indica que o
subconsciente espiritual se vingou. Nunca houve tamanha proliferação religiosa
como na segunda metade do século XX. Tomou-se consciência não só dos limites da
ciência e da técnica, mas que a religião brota de fontes profundas do Homem.
Nos últimos anos, em alguns
ambientes acadêmicos, percebe-se não só certa valorização positiva da religião,
mas surge uma revitalização da vida religiosa, uma recuperação do sentido de
Deus. Entre os cristãos podemos exemplificar com o movimento de oração
carismática. Ensaiam-se muitas formas, estilos e métodos para avançar na
experiência de Deus. Há, sem dúvida, uma forte busca do espiritual.
Todas as religiões têm sua
espiritualidade e mística. O pensador francês H. Bergson dizia que uma religião
sem mística não passa de ideologia. Se o Espírito de Deus é um, num primeiro
momento, podemos dizer que só há uma espiritualidade. Todos na Igreja são
chamados à santidade, embora esta se exprima de vários modos. Mas, sendo uma, a
espiritualidade também é múltipla, segundo a condição do sujeito, segundo seu
carisma, os dons da natureza e da graça, a vocação de cada um. O certo é que a
espiritualidade, reduzida a uma sedimentação em conceitos e em doutrina, pode
permanecer alheia à verdadeira vida. A verdadeira vida não se descreve,
experimenta-se, vive-se.
O vocábulo místico aparece
no século V a.C. (Ésquilo, Sófocles, Heródoto) significando algo concernente
aos mistérios. No platonismo e no gnosticismo deixou de se referir à relação cultual
com a Divindade para significar o fundamento divino do ser do mundo, escondido
e velado nos ritos, nos mitos e nos símbolos, acessível somente a quem é capaz
de um tal tipo de conhecimento. Há diferença entre espiritualidade e mística,
mas muitas vezes os dois termos são usados como sinônimos. Usa-se o termo mística
para designar a experiência íntima de uma realidade transcendente, a
vivência de ideologias fortemente arraigadas e absorventes ou, no que nos
interessa, a comunhão com Deus.
Segundo os próprios místicos, a
experiência mística tem caráter repentino e breve do instante necessário para
esta experiência. Tal pode ser um êxtase, uma saída ou perda de si mesmo, uma
irrupção repentina do Absoluto. Não se trata de um privilégio de poucos
eleitos, mas de um aspecto e de um fruto da fé e do amor-divino, dado por Deus.
O místico parece ver e perceber o que os demais não vêem nem percebem.
Se durante séculos religião e
ciência estiveram ocupando domínios completamente separados, para não dizer em
conflito e até irreconciliáveis, esta virada de milênio reservou-nos viver uma
reviravolta no assunto. Einstein referiu que um cientista podia, efetivamente,
ser um homem religioso. Ele, por exemplo, acreditava em uma perspectiva
“cósmica”.
Com isto em mente, é possível a
inferência de que a Espiritualidade poderá, de forma análoga, incidir sobre os
processos de bem-estar, assim como os relativos à aquisição de conhecimentos,
no sentido de facilitá-los ou dificultá-los, segundo o modo como o indivíduo
pratica, percebe, compreende o fato Espiritual ou a Divindade.
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