Entre
2011 e 2010, o preço médio do livro no Brasil recuou 6,11% nas vendas das
editoras ao mercado. No acumulado entre 2004, quando as editoras tiveram
isenção do PIS/Cofins, e 2011, a queda foi de 21,8%. Descontada a inflação,
significa decréscimo real de 44,9%. Os números constam da pesquisa anual
“Produção e Vendas do Mercado Editorial Brasileiro”, realizada pela conceituada
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).
Os
números mostram que o mercado editorial, por meio da redução dos preços, dentre
outras numerosas ações que vêm sendo empreendidas, está avançando na meta
prioritária de ampliar o hábito de leitura. Pesquisa DataFolha, realizada na
Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em agosto de 2012, corrobora a
tendência de que cresce a procura por livros, inclusive por consumidores de
classes de renda menor: aumentou o número de indivíduos adultos (43% em
2012, contra 38% em 2010) que visitaram a Bienal do Livro pela primeira
vez. Cresceu, ainda, a proporção dos frequentadores da Classe C, de 14% para
19%.
Ainda
segundo o DataFolha, os visitantes, que foram 750 mil na Bienal Internacional
do Livro de São Paulo em 2012, compraram mais: 82% dos frequentadores, ante 80%
em 2010, adquiriram livros no evento. A média cresceu de cinco títulos, em
2010, para seis por pessoa.
O efeito
do menor preço e de ações de estímulo à leitura, como a própria Bienal de São
Paulo, a realização de feiras de livros em todo o País e a compra e
distribuição de obras didáticas, paradidáticas e literárias a alunos das redes
públicas, também se evidencia nos números do mercado. A última edição da
pesquisa FIPE mostra que as editoras brasileiras comercializaram
aproximadamente 469,5 milhões de livros em 2011, estabelecendo um novo recorde de
vendas para o setor.
O número é 7,2% superior ao registrado em 2010, quando
cerca de 438 milhões de exemplares foram comercializados. Do ponto de vista do
faturamento, o resultado também foi positivo, e atingiu a casa dos R$ 4,837
bilhões – um crescimento de 7,36% sobre o ano anterior, o que, se descontada a
inflação de 6,5% pelo IPCA do período, corresponde a um aumento real de 0,81%.
Esse baixo aumento real do faturamento mostra que as
editoras estão trabalhando com pequenas margens, visando prioritariamente
manter os preços cada vez mais acessíveis para os brasileiros. Não se pode
esquecer, ainda, que seus custos, muito além do PIS/Cofins e da isenção
tributária dos livros, também sofrem os efeitos de todos os demais ônus
que recaem sobre a produção no Brasil: os encargos sociais/trabalhistas, os
juros para investimentos, o preço alto da distribuição num país de imenso
território com infraestrutura de transportes e logística deficientes e outras
despesas ao longo da cadeia produtiva.
São visíveis os avanços no sentido de reduzir o preço do
livro e promover a sua democratização. Há, porém, muito o que se fazer em
várias frentes, incluindo o sistema de ensino, as famílias, as entidades de
classe do setor editorial e o poder público, em especial por meio de uma
efetiva reforma tributária, e de medidas positivas como o Vale-Cultura. Se
todos fizerem sua parte, o livro passará a ser um direito inerente à cidadania
brasileira.
(Karine Pansa, 36, sócia-diretora da Girassol
Brasil Edições, é presidente da Câmara Brasileira do Livro-CBL).
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