Sabedoria advinda
das eleições 2014
No meio esotérico
é comum mensagens, e a esperança de uma mudança radical na consciência coletiva,
a ponto de podermos acessar conscientemente e coletivamente outros planos da
Criação e até mesmo fazer contato direto com seres sutis e mais elevados. Mas,
será que isso é possível ou mesmo está próximo? O que podemos aprender sobre a
realidade humana das últimas eleições aqui no Brasil?
É sabido que nossa humanidade
evolui há milênios e que ainda tem muito a evoluir pela frente. Também se sabe
que a natureza em sua evolução não dá saltos.
Anteriormente realizamos uma
análise chamada “Sinastria” que consistiu em cruzar as características dos
Mapas Astrais dos três principais candidatos à eleição (Aécio Neves, Dilma
Roussef e Marina Silva) com o Mapa Astral do Brasil. Uma das conclusões a que
chegamos foi de que dentre os três não havia um candidato que se destacasse
como sendo o melhor deles. Cada um tem um melhor aproveitamento para um
segmento da sociedade do que o outro, mas existe certo nivelamento de forma a não
existir um “melhor” para o País. O mesmo tende a ocorrer nos relacionamentos
íntimos e afetivos em nossa vida particular. Ou seja, concluímos que não
haveria, dentre eles, um “salvador da pátria”.
Apesar de apaixonadamente
alguns militantes virem virtudes apenas em seu candidato, o fato é que não
existem pessoas muito melhores do que as outras e muito menos perfeitas, dentre
nós.
A humanidade evolui
lentamente. A busca pela melhoria da qualidade de vida é algo constante e que
força os governos, sejam eles quais forem, a ir “ajeitando” a realidade do País
e gradualmente ir sanando problemas, deficiências e carências. O homem de hoje
não é o mesmo do passado, ele está muito mais ativo, participativo e menos
alienado. As conquistas sociais do passado não são perdidas. A CLT, por
exemplo, foi uma conquista muito antiga e os governos posteriores não a
removeram. O mesmo acontecerá com as mais recentes conquistas que beneficiam os
menos favorecidos.
Antigamente, muito
antigamente, os povos eram governados por pessoas consideradas “descendentes de
Deus”, pessoas especiais e tidas como muito melhores, divinas e perfeitas. A
história nos mostrou que estas pessoas eram pessoas comuns, semelhantes aos
seus pares, com as mesmas características de limitação de toda ordem. Este
poder outorgado por sua suposta condição “divina” ensejou governos tirânicos e
despóticos, muitas vezes legitimados pela religião vigente.
Hoje temos no Brasil um
sistema de eleição no qual a maioria das pessoas escolhe seu governante. Neste
sistema, todos são absolutamente iguais, não importa idade, sexo, cor, credo,
condição social, intelectual ou econômica. Este sistema reduz toda a realidade
de uma pessoa a um simples número, a uma simples unidade numérica, deixando de
lado tudo o mais. Uma pessoa é um voto e pronto, nada mais. É um sistema
simples, frio e objetivo. Se ele não contempla uma análise do conhecimento e da
experiência do eleitor, considera muito menos o seu nível de consciência,
valores, conduta ou trabalho realizado em prol da sociedade.
As pesquisas informaram que
60% dos eleitores assistiram o último debate entre os candidatos à presidência.
Segundo a Datafolha, dentre aqueles que assistiram o debate, 36% afirmaram que
Aécio se saiu melhor, 24% achou que quem foi melhor foi a Dilma, 6% se disseram
equilibrados e outros 4% afirmaram que não houve destaque algum.
A pirâmide social, baseada
principalmente na vida econômica, nos mostra que os segmentos mais numerosos e,
portanto, que de fato são a maioria em termos numéricos, por força da própria
economia (distribuição de renda e de oportunidades) se encontra em sua base,
como não poderia deixar de ser (a base piramidal é sempre muito maior do que
seu topo).
Bem, a humanidade deixou de
ser governada por “seres divinos” para serem representadas por aqueles
escolhidos pelo povo mais simples, menos favorecido e mais carente, mas também
que teve menos oportunidade de estudo, de vida e de amplidão de consciência.
A base da pirâmide, conforme
Maslow ensinou, é motivada principalmente pela satisfação de suas necessidades
básicas (alimento, moradia, vestimentas) e pela segurança (não ter a manutenção
de sua vida sob risco). Ou seja, a maioria da população eleitora não só sente necessidade
visceral de ter seu alimento e moradia como quer garantir que isso não se perca
de forma alguma. É simplesmente instinto de conservação da vida. Somente depois
de isso satisfeito é que se parte para outros níveis de interação social. Mas,
para se garantir esta base o ser humano ativa a região de seu cérebro conhecida
como “Reptiliana”, que traz memórias ancestrais, primitivas. Afinal, antes de
sermos seres humanos intelectuais somos animais que precisam se alimentar e
sobreviver. É por isso que as ações motivadas por estas necessidades não
contemplam a reflexão, a prudência e muitas vezes nem mesmo a ética ou a
empatia.
Nossa atual humanidade
terrestre é movida, então, primeiramente pelos instintos animais de preservação
da vida que busca a conquista e a manutenção da satisfação de nossas
necessidades básicas. Para isso não se pensa, se age e se reage
instintivamente.
Outra característica da
natureza instintiva, seja ela humana ou animal, é a emoção geralmente associada
à satisfação ou à frustração de seus objetivos de sobrevivência. Com a emoção
vem a moralidade e também a solidariedade. Os “mais fracos” tendem a se
identificar com a dor e com o sofrimento de outros em igual situação.
É provável que dentre aqueles
que acharam que Aécio “ganhou” o debate existam pessoas que se identificaram
emocionalmente com a situação de vítima de Dilma (de perdedora no debate) e que
se solidarizaram com ela, decidindo assim pelo voto na candidata. Ou seja, o
que para alguns pode ter parecido benéfico para o candidato, na verdade acabou
sendo para a candidata. Isso pode ter ocorrido caso os eleitores que
consideraram que Aécio “venceu” o debate tivessem assistido e analisado a
transmissão e realizado seus julgamentos emocionalmente. É compreensível este
fato, principalmente se considerarmos que as pessoas menos favorecidas, que não
tiveram oportunidade de estudar, podem se ver rotineiramente em situações nas
quais não têm argumentos, conhecimentos ou articulação intelectual suficiente
para sustentar um debate com outra pessoa que teve mais oportunidade de estudos
e conhecimentos.
Se não temos condições de
afirmar que existam seres divinos entre nós, capazes de dirigir nossas vidas
rumo a um futuro melhor, será que pessoas iguais a nós têm consciência para nos
dirigir rumo à evolução? Esta pergunta não tem resposta. Nos parece que o
Divino nos orienta exclusivamente no plano divino. Somente aqueles dentre nós
que conquistam acesso aos planos superiores conseguem uma orientação
proporcional aos seus méritos, às suas conquistas pessoais. Mas, estas pessoas
geralmente não têm o foco nas necessidades da base da pirâmide social, pelo
contrário, têm o foco no topo da pirâmide, em sua realização pessoal. Desta
forma, tendem a não se identificarem e nem conseguirem que aqueles que vivem na
base da pirâmide social se identifiquem com elas.
Este grupo de pessoas que não
se identificam plenamente nem com a base e nem com o topo da pirâmide social
(em termos de desejar o poder) vivem e desejam uma sociedade alternativa, com
valores e objetivos diferentes. Estas pessoas reconhecem tanto suas
necessidades instintivas quanto espirituais e apesar de pertencerem à nossa
sociedade não se identificam com ela.
O topo da pirâmide social
deveria ser coroada, de fato, com uma pessoa muito acima da média, uma pessoa
total e absolutamente abnegada de seus interesses pessoais, que fosse como um
verdadeiro sol, que vivesse para a manutenção da vida, da saúde, da
prosperidade e da evolução daqueles dos quais se responsabiliza, direciona e
representa. Porém, nossa sociedade está muito distante desta realidade. Os
governantes, sejam eles quem forem, por enquanto são pessoas comuns que se
realizaram socialmente, mas não espiritualmente. E, por realização social,
entenda-se a realização dos valores de nossa sociedade formada pela base da
pirâmide. Ou seja, o atual topo da pirâmide social são aquelas pessoas que
conseguiram conquistar a certeza de que não lhe faltará o pão de cada dia e o
abrigo de uma residência e que ainda têm o poder de ajudar outros a chegarem à
mesma condição.
É como se tivesse uma pirâmide
social dentro de cada faixa da grande pirâmide social.
Por enquanto nos parece que a
realidade de nossa sociedade se concentra nos dois níveis básicos da chamada
Pirâmide de Maslow. Teremos ainda que evoluir para a terceira camada que tem
por motivação a vida social. Quando nossa sociedade atingir esta camada, ela
tornará realidade uma vida de cidadania, na qual a pessoa é altruísta, não
pensa somente em si mesma, na satisfação de suas próprias necessidades. É
provável que quando isso ocorrer a economia mudará radicalmente, o acúmulo de
bens e poder já não será o objetivo, haverá colaboração entre camadas sociais,
entre governos e países. Não haverá mais esta “corrida selvagem” do mercado
econômico ou mesmo profissional e nem social. Será um tempo em que a pauta será
a qualidade de vida para todos e que isso não ocorra em desacordo com a
harmonia geral. Neste momento de nossa evolução, levar vantagem não será visto
como esperteza e mérito, como ocorre agora, pelo contrário, será considerado um
crime para com as outras pessoas, para com a sociedade.
Evoluindo ainda mais nossa
humanidade chegará ao patamar em que Maslow considerou que a motivação
principal será a estima. Neste caso, evolutivamente falando não se trada da
autoestima, mas sim a estima e consideração dos outros, da vida em geral, da
realidade. Ou seja, um nível de consciência no qual a pessoa não só contribui
com a sociedade, mas coloca os interesses e necessidades da sociedade acima de
seus próprios. É claro que na história temos exemplos deste naipe, como Madre
Tereza de Calcutá e São Francisco de Assis, mas até chegarmos à uma sociedade
na qual a grande maioria das pessoas pensem, ajam e sintam assim teremos muito
a caminhar. Quando chegarmos à este patamar, aí sim será provável que nos
encontremos coletivamente com seres mais sutis e elevados, que ocorram
aparições para grande número de pessoas. Então, estaremos prontos para no passo
seguinte evoluirmos para uma outra realidade na qual de fato sejamos
iluminados, seres muito melhores, responsáveis pela vida, saúde e
desenvolvimento de outros seres, a partir de planos sutis e elevados da
Criação.
A evolução é evidentemente coletiva,
ela não ocorre na forma piramidal. Não se evolui sozinho, precisamos pertencer
a uma corrente, a uma rede evolutiva. Precisamos nos unir a outros com os
mesmos objetivos, valores, conduta e princípios. Desta forma um apoia e
estimula o outro, assim como nosso código genético é formado por uma espiral de
DNA. Desta forma, a evolução se torna mais fácil, acessível e possível. Talvez
este grupo que não se identifica nem com o topo e nem com a base da pirâmide
possa influenciar esta pirâmide revolucionando conceitos e práticas, ampliando
esta sociedade alternativa e modificando a realidade de nossa atual sociedade.
Mas, para que isso ocorra
precisa-se agir em todos os sentidos. Individualmente devemos alimentar
pensamentos, atitudes e sentimentos, valores e princípios elevados, nobres,
abnegados e altruístas, a cada instante, nos mais simples atos e fatos da vida
cotidiana. Coletivamente devemos nos unir de forma franca, aberta e afetuosa
com outras pessoas, somando forças, apoios, compromissos e ações rumo a um
objetivo maior que esteja acima e além das questões pessoais e individuais.
Vamos então, juntos, trabalhar
pela mudança de nossas realidades individuais e contribuir para uma possível
mudança social, pois estaremos irmanados nos mais elevados princípios e
práticas de natureza tanto social quanto espiritual.
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