quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Artigo: Jornal e Cultura - Tribuna do Povo A/01624

Penalizar um Jornal do Interior equivale 
a sacrificar a Cultura de um Povo

Os jornais do interior passam por duras provas para sobreviver. As pessoas dotadas de sensibilidade, e que vez ou outra, convivem com o trabalho diuturno de quem se desdobra para promover a cultura numa cidade interiorana através de páginas impressas,  hão de entender a angústia  de quem escolheu o caminho da comunicação, revelada aqui.

Os jornalistas e pequenos empresários de veículos interioranos são verdadeiros heróis da Imprensa. Eles pretendem exercer a liberdade, mas às vezes são sufocados. Pagam um preço alto, se quiserem publicar tão-somente a verdade. Não podem tomar partido e nem emitir opinião, pois logo serão julgados e punidos, tanto pela opinião pública como também pelas autoridades competentes. Nem sempre o julgamento é justo, porque falta para alguns a equidade e o bom senso quando o assunto é julgar.

Os jornais têm dificuldades imensas para vencer tantas barreiras, sendo uma delas a escassez de recursos financeiros. É pouco o apoio oferecido a um jornal do interior, e nos momentos mais difíceis, recorre a empréstimos e à colaboração de amigos, para que a esperança não venha a morrer, deixando de existir o sonho do pequeno empreendedor.

Durante os períodos eleitorais, surgem as tormentas costumeiras no enfrentamento da lei pertinente  e da perversidade de quem se apressa para punir, na qualidade de fiscais da lei. É muito fácil, para quem está confortavelmente instalado em gabinetes refrigerados e com altos salários pagos pelo Estado, censurar e punir os trabalhadores da Imprensa, ou o próprio veículo de comunicação, que por falta de recursos, não pode contar com uma assessoria jurídica para defender seus interesses nas instâncias do Poder Judiciário.

É isso que temos visto nas pequenas cidades, quando os pequenos jornais recebem multas praticamente impagáveis, porque os nossos “promotores de justiça” – não são todos -, adotam medidas duras contra esses jornais, que no dia a dia promovem a cultura a duras penas. No mínimo, deveria ser utilizado o bom senso, visto que até mesmo as ações do Ministério Público são divulgadas a título de informação, mas com as despesas inerentes por conta do jornal.

Quem age desta maneira, sem levar em conta que um desserviço estaria sendo prestado à cultura, deixa de avaliar o bem que faz à Comunidade um pequeno veículo de comunicação. É prerrogativa do Promotor fiscalizar a lei, mas também deveria, antes de punir,  ser um parceiro, orientando a sofrida Imprensa nas questões fundamentais no contexto do ordenamento jurídico e nas horas mais difíceis que enfrenta para levar a boa informação a quem dela necessita.  


Se pudessem parar um pouco para refletir sobre os serviços prestados por um jornal à Comunidade, certamente os critérios seriam outros na hora de punir com as pesadas multas. No caso específico do Jornal Tribuna do Povo, seus leitores são testemunhas sobre os bons serviços que já foram prestados ao longo de mais de 35 anos de história. 

Se alguns erros foram cometidos, a tentativa sempre foi de acertar. Ainda estamos de pé, porque acreditamos nas pessoas e também na Justiça dos Homens. (JLA)

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