Médico Mercenário
Essa crônica é fruto de uma música caipira que ouvi, cujo tema me chamou a atenção, neste momento, quando em toda parte vêm acontecendo episódios sobre a omissão de socorro, quando médicos de maneira arrogante e mercenária deixam de atender os pacientes, pela falta de dinheiro. Com essa atitude, o profissional de saúde deixa de cumprir o juramento que fez ao colar grau, como recomendava Hipócrates, o Pai da Medicina.
Vítima de acidente automobilístico, um rapaz foi altruísticamente atendido na rodovia por um desconhecido, que de imediato levou-o a um hospital da cidade, explicando a ocorrência ao médico de plantão, que por sua vez, negou o atendimento, a menos que alguém assumisse o pagamento, ou que um cheque fosse entregue em caução, com o valor pré-marcado. O médico pediu ao estranho a quantia de 5 mil reais, para que pudesse dar início ao atendimento do moço que agonizava.
Prontamente, o abnegado socorrista disse ao Doutor que atendesse a vítima, pois a soma em dinheiro iria providenciar com algum amigo, pois ele não dispunha desse valor no momento. Falando isso ao médico, se retirou; o rapaz acidentado foi conduzido à enfermaria, enquanto a equipe médica aguardava o dinheiro chegar.
Depois de uma hora, o Bom Samaritano chegou com o dinheiro exigido pelo Médico Mercenário. Como era tarde da noite, ali mesmo no consultório, o dinheiro foi conferido. Então, o Doutor deu ordem à Enfermeira Auxiliar para dar início ao Procedimento Médico à vítima do Acidente na Rodovia.
Coberto por um lençol branco, a atendente de saúde trouxe o rapaz ao Consultório, mas era tarde demais. Não suportando tanta dor, agonizando morreu sem atendimento. Ao conferir os documentos para declarar o óbito, veio a surpresa desagradável. A vítima, um jovem de pouca idade, era o filho caçula do Médico Mercenário, que deixou de exercer a verdadeira medicina, como jurou ao ser diplomado. Sem ter mais o que fazer, o Mercenário apenas lamentou o triste episódio, se retirando do local para chorar sozinho.
Fatos como este narrado, acontecem todos os dias em algum lugar desse imenso Brasil, quando médicos mercenários deixam de cumprir a missão sacerdotal que receberam. A caução exigida é um exemplo claro disso, além de tantas outras falcatruas existentes na classe médica, que permitem que os pacientes venham a óbito, num desrespeito à vida. Para muitos médicos, o ser humano não passa de um objeto, e se esquecem que são pais e seus filhos podem também necessitar de atendimento médico-hospitalar. No entanto, ainda existem médicos abnegados, que exercem com dignidade a profissão, fazendo o bem e curando os doentes com amor e plena dedicação, independentemenete de acordo comercial.
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