segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Artigo: O Voto - A/01008

VOTO, UMA MOEDA VALIOSA

Da remota prática do escambo, em que as mercadorias eram trocadas: 1 boi por alguns sacos de trigo; uma ovelha por um arado; um animal de tração por alguns sacos de alfafa, até que o sal virou moeda e, por muito tempo, o ouro foi o lastro para simbolizar as riquezas e efetuar as trocas.

Com a evolução do tempo vieram as moedas de prata e cobre, até chegarmos, num demorado tempo de espera, às cédulas em dinheiro que hoje imperam no mundo todo, com o dólar, o euro e a libra esterlina ponteando os valores mais significativos.

Não bastassem esses recursos de troca, sem falar no cartão de crédito e outras modalidades, no Brasil temos a moeda do voto. Moeda nem sempre valorizada para quem a emite, hoje através de urnas eletrônicas, num piscar de olhos, guindando a postos de mando pessoas que postulam cargos os mais diferentes.

Nem sempre quem a emite tem consciência do valor que ela representa, pois hoje o que se assiste em todos os níveis da representatividade popular – em cargos executivos e legislativos – é a sanha do lucro que anima os detentores de tais poderes.

Assim é na proporção micro, assim, na proporção macro. Os congressistas, sim, valorizam muito bem os seus votos, trocando pela facilidade de fazer emendas e ocupar, tal qual nas capitanias hereditárias, cargos e mais cargos para manutenção de seus postos, sem consciência do verdadeiro valor da função pública, que não consiste em enriquecer-se tão depressa.

Agora mesmo, com a absolvição da deputada Jaqueline Roriz, do Distrito Federal, flagrada recebendo dinheiro, eis que os deputados, mais do que depressa, a isentam de qualquer responsabilidade, numa demonstração explícita de péssimo exemplo para o povo, que é o verdadeiro dono de seus votos.

Eu fico imaginando o que será que a juventude pensa de tudo isso? Mensalão, Mensalinho, desvios de dinheiro público às carradas, impunidade a céu aberto.

Gostaria de entender o que vai na cabeça dos jovens diante de tanta patifaria e tanta picaretagem. Exatamente por parte dos que devem inspirar exemplos e, quer queiram quer não, são condutores do processo político.

O difícil de tudo é que se nos afigura ser uma sangria desatada. Quando pensamos que iremos respirar um pouco do ar puro da cidadania, lá vem mais um escândalo que nos faz balançar a crença – que deve prevalecer sempre e apesar de tudo – no próprio sistema democrático federativo.

Em outros tempos a juventude era mais participativa, vivia mais os problemas e soluções do Estado. Hoje não parece demonstrar o mesmo entusiasmo, como se chegassem os jovens ao ponto de: ou achar que a ladroeira é natural, ou sentirem-se impotentes e rendidos à triste realidade que presenciam diariamente.

(Geraldo Generoso, Jornalista e Escritor – Ipaussu, SP)



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