domingo, 21 de dezembro de 2008

Masturbação faz mal? - A/0192

Masturbação faz mal?
A masturbação é uma atividade sexual que traz prazer e alívio de tensões, além de concorrer para o conhecimento do próprio corpo. Apesar de ser uma prática sexual muito antiga, conhecida pela humanidade há vários séc., fala-se muito pouco sobre ela. Seja porque não atende à reprodução da espécie, tem sido rodeada de muita repressão e preconceitos. Sendo uma atividade sexual presente em todas as faixas etárias.A criança, por exemplo, brinca com o seu corpo desde pequenina. Explora cada parte dele e, por vezes, se detém nos genitais. Descobre que o corpo é fonte de prazer e gosta das sensações que obtém. Quando os pais ou os adultos que cuidam da criança permitem esta auto-exploração, a criança vai formando sua imagem e descobre a si mesma e a seu corpo como fonte de prazer.Se, pelo contrário, a criança for repreendida, isto ocorrerá para que internalize o sexo como coisa feia ou proibida. Geralmente a criança cresce com a noção de que há algo errado na manipulação de seu próprio corpo. Mas é comum continuar a auto-estimulação, agora às escondidas. É freqüente aprender com os irmãos mais velhos ou com os colegas da mesma idade a obter orgasmo através da masturbação, geralmente recorrendo simultaneamente a revistas ou fotografias eróticas.A causa mais freqüente de masturbação é a pressão do instinto sexual, sem que seja possível satisfazê-lo com relações sexuais normais. Por isso a masturbação é apenas um recurso geral a que recorre todo indivíduo sexualmente sozinho.Muito se questiona se a masturbação faz mal.Tudo em excesso faz mal?Todo processo repetitivo se torna um hábito.Este pode ser positivo ou negativo.Os indivíduos que, no decurso de anos de masturbação, aperfeiçoaram uma técnica especial de obtenção do prazer, quando partem para relações sexuais ditas normais não sentem muitas das vezes prazer que proporciona a masturbação. Por isso, mesmo quando tem oportunidade de exercer a atividade sexual normal, acabam, após algum tempo, voltando aos seus métodos habituais, sobretudo quando não se realizam sexualmente. Uma masturbação erigida em sistema voluptuoso inutiliza os indivíduos para as relações normais.A Freqüência da masturbação entre os jovens do sexo masculino é maior em relação à do sexo feminino. Em geral é na puberdade, nesta fase o instinto sexual é particularmente ativo e ainda não está “sublimado” por outras tarefas. Em regra o início das relações normais marca o fim do período da masturbação.A masturbação entre as jovens do sexo feminino é menor. Nelas o instinto sexual não irrompe com tanta força e violência como nos rapazes. As partes genitais da menina não são tão “proeminentes” como as do homem, e por isso se prestam menos à excitação do que o membro masculino. Não sendo, como o rapaz, atraída mediante pulsões noturnas e sonhos eróticos.O sentimento das meninas não é tão “genital”, isto é, tão concentrado sobre os órgãos genitais como o do homem. Mesclada de muitas outras qualidades de sentimento semissexual, de tal sorte que nela o instinto sexual pode ser muito mais facilmente reprimido que o instinto de procriação do homem. Das mulheres que nunca praticaram a masturbação a maioria pertence à categoria dos temperamentos infantis e frígidos.A repressão dos adultos em relação às crianças não se dá da mesma forma. O menino é severamente repreendido, talvez porque a manipulação do genital seja mais visível, já que o pênis é um órgão externo. A menina poderia sofrer uma repressão mais forte, por toda a imagem de “mulher” já definida pela sociedade, mas parece que muitas mães preferem não ver ou interpretar de outra maneira os comportamentos das meninas dirigidos à manipulação dos genitais ou à busca de prazer com seu corpo. A repressão social se dá de muitas formas, desde o ralhar ou bater na criança, até os comentários do tipo “isso é feio, não se faz”, “uma menina não se comporta assim”. E ela se sustenta pela desinformação e pela difusão de preconceitos: masturbar-se dá espinhas, faz crescer os seios nos meninos, deixa a pessoa doente, provoca esterilidade etc.Como nos ensinam os fatos, a masturbação não é em si nociva à saúde. Não se conhece um exemplo de alguém que tenha sofrido danos físicos ou espirituais resultantes de masturbação moderada. Cada qual entenda o que é moderado.A teoria de que o excesso da masturbação produzia graves doenças mentais e nervosas. Essa teoria terrorífica resultou, como muitas outras teorias errôneas, da conhecida confusão entre causa e efeito.Durante as relações sexuais o cérebro recebe do exterior as excitações de um acontecimento real. Na masturbação essa excitação precisa ser produzida artificialmente pela imaginação e transformar-se num “substituto artificial do acontecimento”. Em virtude da participação e tensão antinaturais da imaginação, a masturbação carece de efeito benéfico.A masturbação é geralmente uma prática solitária, embora possa ser feita entre duas ou mais pessoa, do mesmo ou do outro sexo. Neste caso podemos falar também em manipulação e trocas de carícias. O instinto sexual é por excelência gregário. Ele deve levar o ser a procurar outro ser. A masturbação, entretanto, é uma manobra extremamente ao contrário do que corresponde à natureza do instinto sexual. Enquanto o indivíduo for dominado pelo instinto e levado pela irritação dos sentidos a um estado de excitação, mover-se-á num ambiente de ilusão dos sentimentos. Logo, porém, que cai de novo em si, ele reconhece sua verdadeira e trágica situação. Assim, passa do desejo ao gozo e durante o gozo suspira pelo desejo.Costuma-se encarar a masturbação apenas como uma prática preparatória ou substitutiva da vida sexual regular a dois. E é comum encontrar-se a idéia de que ela é uma prática restrita a uma faixa de idade, que vai da puberdade ao final da adolescência. Isto, porém, é errôneo, pois dispomos hoje de dados que mostram que a masturbação é disseminada entre homens e mulheres, sejam crianças, jovens, adultos ou idosos. Alguns estudiosos estimam que mais de 90% dos homens e acima de 60% das mulheres conhecem a experiência da masturbação e a utilizam (ou utilizaram) num determinado período de tempo.A perda de esperma por si só não prejudica o corpo. As glândulas sexuais do homem são quase inesgotáveis. Um a três esvaziamentos semanais das glândulas nenhum mal fazem a um indivíduo. Só quando a masturbação é praticada de três a dez vezes por dia, é que aparecem, naturalmente, sinais de esgotamento tanto das glândulas como do sistema nervoso.Na adolescência, a masturbação cumpre a tarefa de aliviar tensões e trazer prazer, geralmente acompanhada de fantasias sexuais. Além de facilitar o conhecimento do próprio corpo, concorre para o equilíbrio emocional numa fase em que o jovem se sente inseguro pelas transformações físicas e psicológicas de seu organismo.A masturbação pode, também, ser um sintoma de conflitos não sexuais. O indivíduo pode usar a masturbação como canal para o alívio de tensões decorrentes de conflitos na escola, com os amigos, na família ou no trabalho. A prática freqüente da masturbação pode, efetivamente, encobrir dificuldades no contato afetivo e social com os outros, que evidenciariam algum tipo de conflito interno. Trata-se, neste caso, de lidar com esses conflitos e não condenar a masturbação. A masturbação em si não é um problema, mas a válvula de escape que pode funcionar para compensar dificuldades.Após esta gama de informações fica uma pergunta.Será a masturbação nociva à saúde?Contato: falandodesexualidade@hotmail.comDados retirados do livro “A Visão Holística da Sexualidade” (Rosevel Rodrigues Pereira).

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