quarta-feira, 24 de março de 2010

Poema: Viola Companheira - P/0344

Viola Companheira

Aprendi desde menino dedilhar minha viola,
é ela que me consola quando me sinto sozinho;
minha fiel companheira, que nunca me deixa só,
no lá, no mi ou no dó, afinada bem certinho.
Esta viola me acompanha, alegrando o coração
me faz lembrar do sertão e do meu velho ranchinho.

Esta viola companheira, bem encostada no peito,
faz reviver satisfeito o meu passado de glória;
na fazenda onde vivi com meus pais e meus irmãos,
a vida de bons cristãos construindo uma história.

O tempo passou depressa, minha bela mocidade;
somente a triste saudade ficou em minha memória.

Esta viola de pinho conhece o meu sofrimento,
é um divino instrumento que me dá muita alegria;
depois que termina a lida, prá aliviar o meu cansaço
as suas cordas de aço que o bom violeiro aprecia...
vejo o sol no horizonte que se esconde pouco a pouco
o lamento do caboclo quando vai findando o dia.

Ainda guardo a lembrança das boas coisas da vida,
da minha infância querida, que nunca vou esquecer;
meu cavalinho tordilho que meu velho pai me deu,
tudo desapareceu; então, vi a esperança renascer:
deixei bem longe o sertão e chorei a vida inteira,
com a viola companheira abraçado eu vou morrer.

24.03.2010 -Jairo de Lima Alves

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