segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Fernando Pessoa - Poema de 1934

A CRUZ A ROSA E A ROSACRUZ .'.
(Poema datado de 6/2/1934 de Fernando Pessoa)

 "Porque choras de que existe
A terra e o que a terra tem?...
Tudo nosso – mal ou bem –
É fictício e só persiste
Porque a alma aqui é ninguém.

Não chores! Tudo é o nada
Onde os astros luzes são.
Tudo é lei e confusão.
Toma este mundo por estrada
E vai como os santos vão.

Levantado de onde lavra
O inferno em que somos réus
Sob o silêncio dos céus,
Encontrarás a Palavra,
O Nome interno de Deus.

E, além da dupla unidade
Do que em dois sexos mistura
A ventura e a desventura,
O sonho e a realidade,
Serás quem já não procura.

Porque, limpo do Universo,
Em Cristo nosso Senhor,
Por sua verdade e amor,
Reunirás o disperso
E a Cruz abrirá em Flor."

Fernando Pessoa
[Por Silene Mattos]

Paz Profunda.

Nenhum comentário: