sábado, 12 de julho de 2008

Como nos é concedido o Livre -Arbítrio? - A/0022

Como nos é concedido o Livre -Arbítrio?

À medida que o Espírito evolui, cresce em conhecimento, dilata-se o livre arbítrio, forçando-o a libertar-se dos processos deterministas, que inconscientemente o conduzirão ao amadurecimento. O processo do livre arbítrio surge paralelamente ao alvorecer, ao desabrochar da consciência. A sua aquisição proporciona ao ser conduzir o processo de seu adiantamento; uns adiantam-se trabalhando duramente na criação de conquistas espirituais; outros estacionam na indolência, preferindo o repouso ao trabalho fatigante em prol de seu progresso.Há quem progride e há quem estaciona; quem acumule valores e quem os desperdiça. Daí as escalas divergentes de valores morais, éticos e econômicos, que encontramos em nossa sociedade e no planeta.Todos estamos no caminho, cada um com seus conceitos e preconceitos; cada um diferente dos demais; cada um plantando livremente com seus pensamentos, atos e ações a semente de onde irá brotar o inexorável destino.Todos somos livres na escolha das causas nos nossos procedimentos; mas não somos livres na escolha dos efeitos e das reações que nos são impostos pela lei da causalidade.Assim como a faculdade de escolher e de dominar cresce, aumenta, com a capacidade e o merecimento, também cada escolha, no caminho, nos libertará ou nos prenderá aos processos regeneradores. Dessa forma o livre arbítrio não é um fato constante e absoluto, mas um fato progressivo e relativo, ao desenvolvimento espiritual que cada um tenha atingido. Não obstante a nossa liberdade, o processo evolutivo traçado pelas leis superiores da vida permanece inviolável, pois nossa liberdade é relativa e nossas ações nada podem alterar a não ser no que diz respeito a cada um de nós mesmos.A lei no plano da matéria é determinista; no plano do Espírito é liberdade; pela evolução processa-se, para o Espírito, a passagem do determinismo ao livre arbítrio.Com a evolução do ser ao longo dos milênios, amplia-se a consciência e consequentemente as responsabilidades. Instala-se no ser uma ética e uma moral, racional, que traça os grandes rumos da vida individual com poderosos reflexos no campo social. Tal ética e moral não impõe; não obriga. Ela é simplesmente racional e se dirige a seres racionais. Não invoca as iras de um deus vingativo; simplesmente indica e mostra as reações naturais e inevitáveis de uma lei íntima, que é inviolável, perfeita, justa. Nesta ética e nesta moral estão as chaves de todas as dores, de todos os sofrimentos, de todas as diferenças existentes. Se quisermos ser maus, aéticos, imorais, sob quaisquer pontos de vista (e o podemos ser pois a liberdade é sagrada) serão nossas as conseqüências, porque a lei de causalidade (causa e efeito/ação e reação) é inviolável. Na inferioridade, na indignidade, na vileza, na torpeza da natureza humana gerados pelo orgulho e pelo egoísmo, está a causa de todos os males, e na ascensão espiritual todo o remédio para saná-los.A ciência econômica, materialista, parte da premissa hedonística, que na teoria socrática "do bem e do útil, da prudência..., produz, entendida pela índole voluptuária de Arístipo, o hedonismo, ou a filosofia, em que toda a humana bem–aventurança se resolve no prazer."O hedonismo é a "doutrina que considera que o prazer individual e imediato é o único bem possível, princípio e fim da vida moral".As bases reais do fenômeno econômico, estão na aplicação da natureza egoísta do capital no campo dos negócios; que o mercado não é um equilíbrio de direitos, mas uma medição de forças para um estrangulamento recíproco; onde o homem é uma fera envernizada de civilização; onde a ciência (econômica) que o estuda é a codificação do egoísmo, isto é, do instinto mais desagregador do conjunto social.O princípio hedonístico é um princípio anti-solidário, de desagregação que a sociedade econômica traz em si como insanável vício de origem e que reaparece em momentos de crise, como a que passamos na atualidade. Egoísmo de capital, de trabalho, de produtor, de consumidor, egoísmo individual, de classe, de nação.Tal fenômeno econômico é a expressão da lei do mínimo esforço, tomando sempre a forma de coação.Nesta estrutura econômica o equilíbrio entre a oferta e a procura é a resultante de uma luta; a oferta de um produto mais não é do que a exigência de um preço; tudo passa a ser movido pela necessidade própria e não pela consciência das necessidades recíprocas.Demonstra-se sua verdadeira natureza: uma estrutura, um sistema econômico e social prenhe de atritos, um equilíbrio fatigante entre forças contrárias intentando suprimirem-se, agravadas pelo peso do egoísmo.Não podemos nos esquecer do princípio "dou para que me dês", onde o egoísmo avança triunfante, seguindo a lei do mínimo esforço, em busca de equilíbrios novos, falsos, mas que conservam sempre sua marca originária, o egoísmo destruidor.O instinto hedonístico de grande parcela da sociedade, na sua inconsciência de todos os outros valores sociais, avança pisando e destruindo tudo, contanto que se realize a si mesmo; força primitiva (instinto), brutal, e princípio de destruição da sociedade, à qual se devem infinitas crises e reveses.Olhemos com os olhos de ver o que se passa ao nosso derredor e alhures. Vemos que os bens, não seguem o caminho da necessidade; a riqueza é atraída pela riqueza e foge da pobreza. A psicologia hedonística faz com que o dinheiro corra para onde não tem serventia (vejam-se os impostos, o repasse de verbas da União aos Estados e Municípios), e o afasta de onde poderia suavizar a dor, proteger a vida (saúde, educação, segurança). Todos se afastam do fraco, do vencido, do excluído e, mal uma fraqueza se manifeste, tudo concorre para agrava-la, empurrando a vítima para o declive da ruína.A riqueza do Estado, a distribuição das verbas, dificilmente alcança a sua finalidade, que deveria ser a de se tornar um meio de vida e de melhoria, para se tornar, como acontece, um meio de opressão, de corrupção, que absorve e destrói a vida, em lugar de fecunda-la e soergue-la. Nosso século, que se finda, olvidou o Espírito, para criar ciência mecânica, materialista, formadora de toda nossa estrutura cultural. No entanto, as leis da vida, adormecidas por milênios, sofreram um choque repentino, e hoje estão acordadas para nos impelir em direção à nova civilização do terceiro milênio.Tal civilização deverá ter como lema: Ama o teu próximo como a si mesmo.Para podermos vivenciar a nova fase que se aproxima, lembremo-nos que a vida é uma viagem, e nada mais possuímos do que as nossas obras.A toda hora se morre e a toda hora se renasce, mas cada qual é sempre filho de si mesmo. A evolução, assinalada pelo movimento do tempo, não pode parar. Da mesma forma, não podemos parar pois uma grande influência, uma grande atração, a tudo rege: o Amor.Ao nível da matéria chama-se atração e coesão; ao nível da energia, impulso e transmissão; ao nível do espírito, impulso de vida e ascensSabemos que os conceitos aqui expostos se encontram muito distanciados do mundo feito de mentiras e de desconfianças, porque no coração dos homens, e seus sistemas, dominam o egoísmo e a violência; não o bem, mas o mal.No entanto, podemos alertar que se um princípio ético e moral, coordenador, não organizar a sociedade humana, ela se desagregará no embate dos egoísmos.Estamos em uma curva da historia, no alvorecer de uma civilização nova.Não se amedrontem os justos e os aflitos, que observam a algaraviada humana que acompanha a falsa glória, a riqueza, o prazer, porque, se com isso alguém vence e goza por um momento, as leis da vida vigiam.Os princípios éticos e morais puros se corrompem e então adquirem valor de mentira, que é o processo de desagregação dos ideais.Momentos de dores e angustias se avizinham daqueles que de uma missão fazem uma profissão e põe o espírito por base do poder humano; daqueles que mentem e induzem à mentira; daqueles que dando exemplos de afortunada injustiça, a propõe como norma de vida; dos religiosos e das religiões que não desempenharam a função de preservar e salvar os valores espirituais do mundo.

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