sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O Último Adeus - A/0261

O Último Adeus
Nos dias de hoje estamos sempre levando a morte como uma coisa comum. Algo parecido com os tempos de guerra onde esta palavra é ouvida desde o café da manhã até a hora de deitar. Nossos sentidos estão anestesiados com tais afirmações vindas de amigos, do noticiário e até das conversas informais na fila do banco, elevador e encontros sociais. Você ouve que fulano morreu, que em algum lugar no Brasil pessoas morreram em tiroteios entre a polícia e traficantes, que uma ou mais pessoas brigaram em um bar e matou o outro com 5 ou 6 facadas no abdômen. Pessoas maravilhosas da nossa época tiveram suas vidas terminadas pela violência ou mesmo pelo descaso próprio ou das autoridades. Você ouve e engole tudo como um remédio ruim, faz cara feia, mas engole, sem questionar e tem vezes que agradece a Deus pela sorte que você e seus familiares tem. Será que devemos continuar agindo desta maneira? A Morte é muito mais que um ato violento, é o cessar completo de uma VIDA. Não digo o sopro divino que Deus nos deu, digo que aquela consciência deixou de pensar, sonhar e produzir o resultado de seus sonhos. Digo que aquele ser, deixou de existir, não somente para nós, que não estamos sentindo nada, digo para ELE mesmo. Já li, que houve momentos em que a humanidade sofreu milhares ou milhões de perdas de vidas. Foram pragas como a peste negra, a influenza espanhola entre tantas outras epidemias mundiais. Vidas foram ceifadas como trigo em dia de colheita. Os corpos foram empilhados como tal para serem enterrados ou queimados, para evitar uma maior perda de vidas. A Morte, é a única certeza que temos. Ela deverá vir de forma implacável nas nossas vidas. A Morte pode até ser um alívio para quem está sofrendo algum tipo de privação, ou o cessar completo da criação ou manutenção de alguma coisa. A Morte pela violência física, não é nada. Alguém pode morrer sob métodos masoquistas, mas a MAIOR violência é a interrupção daquela consciência. É o término daquele ser pensante, sonhador e produtivo como eu e você. Todos sabemos que o fim está próximo, ele sempre nos ronda. Estamos sempre ouvindo notícias tristes que parentes de amigos ou pessoas próximas deixaram o nosso meio. Eu mesmo tive 2 grandes perdas na minha vida, meu pai e o meu padrastos. Homens que tinham o brilho da vida nos olhos, estavam sempre produzindo idéias, meu pai teve a sua vida terminada no meio de projetos grandiosos, obras de arte que iriam embelezar e talvez mudar o conceito artístico de Brasília e quem sabe do Brasil e mundo? Meu padrasto estava também iniciando atividades produtivas, o terceiro ciclo de sua vida. Ambos tiveram suas vidas terminadas de forma abrupta, praticamente a olhos vistos. O fim pode ser triste, bem como pode não ser tanto assim. Cada religião tem a sua forma de encarar a morte. Cada uma prega que a sua consciência será transportada para outra existência, onde você evoluirá ou até poderá retornar para outra vivência. Algumas culturas, também vêem a velhice, como um peso para a sociedade, então os velhos precisam dar espaço aos mais jovens. Sempre existe alguma justificativa para a morte, mas ninguém se questiona da validade de tudo isso... da Verdade escondida nas palavras que nos são apresentadas. O instinto de sobrevivência, está presente em todos nós. Não há nenhum ser humano que por mais evoluído intelectualmente que seja, que não tenha medo do fim. Evitar a morte é algo que está totalmente integrado no nosso ser. Sempre que há alguma eminência de perigo, nosso sistema é inundado de adrenalina, que nos deixa mais alerta. Eu sei que um dia deixarei de estar presente com todos, para mim, este dia será triste. Alguns podem dizer que não tem nada haver, porque estarei indo para o paraíso, e estarei ao lado direito de Deus. Eu acredito nisso, mas mesmo assim será triste. A tristeza não será porque morri de alguma forma triste ou dolorida, sim porque deixarei de estar presente com minhas idéias, conceitos e presença na vida das pessoas que amo. Estou sendo egoísta? Estou sendo megalomaníaco? Penso que não, estou sendo sincero, se eu não acreditar que tenho valor, para que estaria escrevendo este texto? Penso que você também tem o mesmo sentimento. A sua vida TEM VALOR! O valor da vida está no que sentimos por nós mesmos. Precisamos sentir valor nas nossas ações, até mesmo na última. Sabendo disso, deveríamos dar MUITO mais valor a vida de outras pessoas, porque por mais insignificantes que sejam, elas SÃO vidas como eu e você. Todas são merecedoras de carinho, amor e atenção. Se tudo isso é verdade, porque sentimos quase que um prazer incontido quando ouvimos sobre mortes e mortes pelo mundo a fora? Porque até sentimos aliviados quando sabemos que alguém perdeu a vida e não vou você ou alguém próximo? Hoje vivemos em um mundo com bilhões de pessoas. Mil vidas é muita coisa. Um milhão é uma multidão, imagine 1 bilhão? Pois é, realmente a mortalidade deve estar presente devido a quantidade de gente existente hoje em dia, mesmo assim, todos são vidas consciente e merecedoras de pelo menos um Último Adeus. Não digo que devemos chorar para cada um, mas não devemos ficar aliviados com os fatos, devemos sentir a perda e dependendo de como ocorreu, precisamos mostrar o nosso repúdio e claro, tomar alguma atitude. (Ruben Zavallos Jr.)

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