a Previsão Impossível
As manifestações populares, inicialmente planejadas e
incitadas pelos partidos de extrema esquerda, levaram às ruas multidões de
brasileiros realmente preocupados com os desmandos de toda a ordem perpetrados
pela companheirada e seus asseclas cooptados por inúmeros cargos públicos
criados para favorecê-los em um dos 40 Ministérios Petralhas.
Como a maioria dos movimentos este se iniciou com uma
justa reivindicação que mobilizou inicialmente apenas a classe média que
precisava pagar a conta do aumento das passagens e não a classe trabalhadora
como pretendiam seus artífices. A PEC 37, demarcações de terras indígenas,
corrupção, falta de investimentos na educação e saúde e uma série de outras
demandas foram sendo incorporadas às manifestações tornando o protesto bastante
difuso e de resultados pouco promissores. O que observamos hoje é que o país
tornou-se refém de um movimento que embora se auto-defina como pacífico vem
causando uma série de transtornos para todos e um alto custo para o país.
Inúmeros analistas se pronunciaram a respeito desta
mobilização das massas que foi capaz de relegar a um segundo plano, na mídia
nacional e internacional, a Copa das Confederações da FIFA. O comentário de um
deles, em especial, chamou minha a atenção pela lucidez e consistência de
argumentos, o de meu caro amigo e mestre Gelio Fregapani que repercuto a
seguir.
A Psicologia das Multidões
Gelio Fregapani, Comentário 170 de 22 de
junho de 2013
É bonito ver uma multidão empolgada. Há uma sensação de
união, da luta por um ideal, de onipotência, mas nunca se sabe o rumo que ela
vai tomar. A psicologia das multidões foi estudada por Gustave Le
Bom, que nos legou preciosos conhecimentos, úteis para quem pensa que um dia
poderá ter que conduzir ou controlar alguma. Ensina ele: “Uma massa é como um selvagem; não está
preparada para admitir que algo possa ficar entre seu desejo e a realização
deste desejo. Ela forma um único ser e fica sujeita à lei de unidade mental das
massas. As personalidades individuais desaparecem e o mais eminente dos homens
dificilmente supera o padrão dos indivíduos mais ordinários. Ela não pode
realizar atos que demandem elevado grau de inteligência. Numa multidão
ensandecida é a estupidez, não a inteligência, que é acumulada. O sentimento de
responsabilidade que controla os indivíduos desaparece completamente. Todo
sentimento e ato são contagiosos. O homem desce diversos degraus na escada da
civilização. Isoladamente, ele pode ser um indivíduo; na massa, ele é um
bárbaro, isto é, uma criatura agindo por instinto. A multidão não constrói. Só
tem força para destruir”.
Quando Le Bom descreveu a multidão, a sociologia
científica (não ideológica) ainda não tinha identificado o estereótipo das
ações das classes sociais, considerava-se que nas multidões predominariam os
elementos da classe dos excluídos, cuja tradicional imprevidência e
irresponsabilidade os conduziriam a destruir tudo. Quando predominam indivíduos
de classe média pode haver alguma diferença no comportamento.
Apesar disto presenciamos a baderna em vários locais do
País. Quebram prédios. Prejudicam o trânsito. Atacam a Polícia para obrigá-la a
revidar. Já era de se esperar que numa multidão houvesse baderneiros e ladrões,
mas quando foram presos vários baderneiros declararam que receberam dinheiro
para criar desordem. Verificou-se que alguns outros trabalhavam no próprio
palácio do Governo, indicando que alguma facção governamental pode estar
envolvida na criação e organização dos presentes movimentos.
Como Teria Começado
O primeiro a convocar uma “manifestação” teria sido o Zé Dirceu. Depois
tivemos os “esculachos”,
organizados pelos esquerdistas radicais, que não foram adiante por falta de
apoio popular. As manifestações que estamos presenciando teriam sido montadas e
organizadas nos centros acadêmicos controlados por movimentos ideológicos de
extrema esquerda, principalmente nos diretórios das Faculdades de Filosofia. Na
orientação esquerdista certamente providenciaram para que não fosse uma
manifestação totalmente pacífica.
Foi fácil sentir as digitais do grupo organizador; A
especialidade número um das esquerdas radicais é incitar as massas O pretexto
para as manifestações foi incoerente e inconsistente e não mobilizou as classes
trabalhadoras, pois trabalhadores recebem vale transporte, mas foi suficiente
para juntar universitários indignados com a corrupção e a politicagem.
Entediados com a vida fácil, mas cheios de vigor, agarraram a oportunidade de
romper com a covardia oficial (do não reaja) e sair em busca de um “Santo Graal”.
Evolução
A verdade é que nem tudo saiu como foi planejada, a
garotada de classe média conteve em parte a violência da multidão e repudiou os
provocadores. O movimento tomou vulto surpreendente por causa da insatisfação
geral e essa insatisfação fez com que as reivindicações fugissem do controle de
seus organizadores. Os partidos políticos tem sido rejeitados, principalmente
os esquerdistas radicais que pretendiam conduzi-lo em favor de seus ideais e
aparece uma possibilidade de forçar a solução de alguns dos problemas
nacionais. Entretanto, os grandes problemas nacionais só foram citados de forma
difusa, até por ignorância dos manifestantes e certamente não serão tratados
prioritariamente fala-se muito contra a corrupção, mas sem objetividade. Quase
não se toca na perigosa questão indígena e ás vezes defende-se romanticamente
posições prejudiciais ao País como a defesa exagerada do meio ambiente.
Final, a Quem as Manifestações
Beneficiam?
Bem, “quid
prodest”? Quem ganha ou pensou ganhar com isto? Poucas dúvidas
restam que o grupo sindicalista do PT (leia-se Zé Dirceu), desejoso de derrubar
a Dilma esteve na liderança, secundado pelo PSOL, PSTU e outros radicais,
claro, contando com a colaboração de vários “companheiros
de viagem” A extrema esquerda soube sempre espalhar ódio entre
diferentes grupos e jogar uns contra os outros. Desta vez conseguiu mobilizar
contra a ordem vigente uma sociedade indignada, mas sem saber direito para onde
apontar suas armas. Cansada da política, dos partidos, do Congresso, dos abusos
do poder, as pessoas saem às ruas com a sensação de que é preciso “fazer algo”, mas não sabem
ao certo o que ou como fazer.
Apesar dos esquerdistas, até agora, terem falhado em
conduzir o movimento para os ideais deles, pode ser que ainda consigam, por
serem os únicos organizados. Até agora tem sido um tiro no pé, pois estão sendo
os mais prejudicados. A tática da reação governamental está dando certo: pouca
intervenção e as imagens de vandalismo criam uma má vontade para com os
vândalos e permitem uma reação forte quando ficar insuportável. Este filme
viveu-se antes de 1964, também comandado por uma esquerda cega e violenta. Por
sorte, naquela época, a classe média foi às ruas com o apoio das Forças Armadas
e inverteu a situação.
Até agora só se vê prejuízos; o custo das depredações
alcançará a dezenas de milhões e o prejuízo nas quebras de negócios e do
turismo passará de um bilhão. A esquerda gritona ficará reduzida ao seu real tamanho,
ou seja, à insignificância, o Governo ficará diminuído e os políticos serão
hostilizados onde quer que apareçam, mas não mudarão de índole. O País perderá força e credibilidade e o sistema
financeiro internacional certamente se aproveitará da ocasião.
O Futuro Incerto
Desta vez ainda não se sabe o rumo que tomará pode ser
que as manifestações se extingam naturalmente tendo apenas dado um susto nos
políticos, assim como podem forçar a solução de alguns atos de corrupção ou
ainda tomar tal vulto que obrigue a intervenção autônoma das Forças Armadas.
Isto dependerá muito da comunicação, na mídia e na internet. Em qualquer caso o prejuízo para o País já foi evidente.
O melhor que poderia ainda acontecer seria marcar o início da substituição da
corrupta Democracia Representativa pela Democracia Direta, aproveitando as
facilidades da internet.
Que Deus Proteja o nosso País!
(Hiram
Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 23 de junho de 2013)
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