domingo, 31 de julho de 2011

Artigo: Humor - A/0984

        RELATO DA EXECUCÃO SUMÁRIA
       DE UMA INTRUSA NA CASA DE UM
               HOUSE-MAN INTELECTUAL

Suponho que as palavras são vestimentas, cujo emprego se faz sempre de acordo com a ocasião. Dia destes, ouvi um intelectual destas paragens ipauçuenses lendo um pedaço de seu amarrotado diário, onde se conferia a presença de termos rebuscados para narrativa de uma rotina descalça, do dia a dia do bom escriba .Ei-la:

Decretei silêncio no recinto de nossa vivenda, em prolegômeno à mudez da casa, visto que nosso rebento, ainda infante, de apoucados janeiros, ressonava em sua alcova.

A custo contive o pânico de minha consorte, que já divisara engastada à parede a figura inerme de uma aracnídeo provido de pelos tétricos, eriçados, com a prole às costas , em posição de ataque. Incontinenti armei um estratagema para surpreendê-lo.

Constatei esgotada a provisão de veneno no frasco de inseticida, na modalidade spray, adrede destinada a tais nocivos espécimes da fauna dos invertebrados, que fizeram sítio em meu entorno.

Presto tomei de um acessório insólito, do arsenal da limpeza doméstica, a fim de executar o desabusado invasor.

No instante em que o peçonhento visitante seqüestrava uma mosca, vali-me pois do citado cabo de vassoura, emprestando ao utensílio inédita e complementar serventia.

Geraldo Generoso

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