(Geraldo Peres Generoso – Páscoa de 2006)
SIMÃO PEDRO
Hoje comemoramos a Páscoa de 2006, em meio a um tempo que rodou espesso, de sangue, suor e lágrimas, por gerações sofridas, como registra a história e a mídia ainda fresca, hoje muito mais aperfeiçoada e presente em cada fresta de vida do planeta. Muitos outros sobrevieram à nossa passagem apostólica, no anúncio da Boa Nova de que fomos pioneiros e partícipes, contigo, ó Divino Mestre, por estradas poeirentas, por pousadas inseguras, em estalagens improvisadas ao longo dos caminhos. Ou então, à margem de mares bravios que, não raro, desafiavam nossa habilidade de veteranos pescadores. E nesses momentos, mais de uma vez, ó Mestre, mesmo depois de ascensionado à casa do Pai, não relutastes em nos estender a Tua mão e o Teu conselho para que a pesca fosse farta, com isso nos alegrando, sempre a nos propiciar o conforto seguro de Tua Divina Presença. Como bem disseste, ó Senhor, nem só de pão vive o homem, nem homem algum, nem mesmo o Filho do Homem, poderia mudar da lei sequer um jota ou um til. Mas podemos nos abeberar em Teu prístino saber, pelo que de Ti ouvimos em pessoa, com os olhos nos olhos, e abarcar nosso entendimento em nuances nem sempre explícitas por algumas correntes que se fizeram ao longo do caudal do cristianismo prático. Hoje assistimos, em grande parte do globo, a fome rondando as favelas e choupanas, nos campos e nas cidades. Sabemos que tal situação não é do agrado de Teu coração, ó Mestre Supremo, emissário encarnado do Deus vivo. Nunca descuraste de atender ao pobre, mesmo em multidão como naquela multiplicação que assisti, quando fizeste de cinco pães e dois peixes um dos Teus maiores milagres. Nossas redes mirradas se enchiam de peixes à Tua simples presença. Por isso, na mensagem que me é dada aqui explicitar, Grande Mestre, quero deixar claro, sim, que a Igreja, a Tua verdadeira Igreja, que seja digna do nome de Cristo, precisa zelar pelo ganha pão dos seus adeptos, desde os mais escolhidos aos mais humildes, porque Deus nos fez seres limitados pela fome, pela necessidade do alimento. Se do contrário, nos alimentaria de luz apenas, ou nos faria imunes a esse instinto, ou nos proveria de tal sorte que os menos favorecidos não precisassem contar com o concurso dos mais favorecidos.A minha exortação, Divino Mestre, é que a Igreja nunca se acovarde ante à fome, à injustiça dos bem comidos e bem bebidos em prejuízo dos deserdados pela fortuna. Morrer por Ti, ó Mestre, hoje não significa mais imolar-se por respeito ou amor a uma idéia, mas colocar a própria vida em favor dos semelhantes, como nos ensinaste, com todas as letras “amar o próximo como a nós mesmos”.
ANDRÉ
Divino Mestre Jesus Cristo, presente nesta ceia de 2006, faz-se um momento em que nos convida à reflexão e avaliação de nosso trabalho evangelizador pelos quatro cantos do mundo. Partilhamos Contigo de muitas jornadas, e bem nos afiançaste que a nossa vida já não era mais nossa, mas Tua, em favor de todos os homens e mulheres deste orbe.Olhamos para trás, e vemos o rastro de nossas sandálias por sobre gerações que se foram, e bem avaliamos outras que, seguramente, virão a este plano de manifestação. Sofremos na carne a escassez que nos fez concentrar, unicamente, nossa busca na riqueza espiritual que espelhaste ao longo de Tua santa vida. Mas, permita-me Augusto Mestre, falar um pouco de mim mesmo e da minha experiência em tê-Lo ao nosso lado nos momentos bons e nas horas difíceis. A Tua Presença, ó Senhor, era tão forte, tão segura e tão benfazeja, que aquele tempo decorreu, aos meus olhos, com muita pressa. Bem lá no fundo de meu coração, e no coração dos irmãos apóstolos – por Ti escolhidos – jazia uma certeza de que o reino de Deus, cedo ou tarde, prevalecerá sobre a Terra como uma luz que nunca se extinguirá. Era mais do que simplesmente acalentar a fé em resultados. Consistia, antes e acima de tudo, em sentir essa certeza que tomava conta de nosso coração e de nossa vida. Os momentos em que nos ensinaste – em oculto ou em público – foram coroados de resultados que desafiaram o tempo. Hoje o Teu nome é o mais conhecido na face do planeta. A tal ponto que nestes dias, ninguém se envergonha de se dizer cristão. Alguns até assim se rotulam sem mérito, mas é um status pertencer ao Teu reino. Mesmo em meio às aldeolas mais simples, ou na pompa das catedrais de todos os países de todos os mundos da Terra, o Teu nome, ó Cristo, cintila de ponta a ponta como a promessa de uma nova alvorada. Do tempo anunciado que vem aos poucos chegando na forma de pessoas inspiradas, cheias do Espírito Santo que enviaste e que, a cada dia, aproxima o homem de Deus de forma definitiva,. Ó Santíssimo Mestre, nossa messe não foi em vão e nossa recompensa maior é saber – entre o orgulho e o temor – de que somos e seremos sempre um dos Vossos.
TIAGO
Reunidos nesta Páscoa Cristã de 2006, em que celebramos, conjuntamente, a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, aqui presente, poderia a comodidade levar-me a fazer minhas as palavras de meus antecessores, dignos irmãos apóstolos Simão Pedro e André. Mas sendo o Evangelho sinônimo de Boas Novas, também quero aqui juntar, de forma reverente pela presença do nosso Mestre Supremo, algumas palavras nascidas, mais de meu coração do que do intelecto.Lembro-me bem quando o nosso Senhor, de forma enfática, obrigou-se a dizer a nós e às turbas, aos reis e aos plebeus, e a todos os homens e mulheres debaixo dos céus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, quem me segue não anda em trevas”. Assim, a luz que o Filho de Deus Vivo fez incidir sobre nossos corações foi como um sol sobre a seara, daquela messe em que nos fizemos “pescadores de homens”. Hoje transcorre já mais de 2000 anos em que nosso labor teve início, sem promessa de qualquer êxito e hibernou por decênios a mensagem, como semente a incubar na terra , para depois florescer e frutificar no que hoje está o Reino de Deus consolidado sobre este planeta. Eis que surgiram, e mesmo antes já haviam, caminhos diversos para os caminheiros na senda da luz. Inobstante, o ensinamento de Cristo se firmou, como Ele mesmo dizia, sobre a rocha das consciências e não foi em vão que Ele proclamou: “Eis que estarei convosco até o final dos tempos”. Cristianismo é liberdade. É entender a igualdade como decorrência da legítima e inegável filiação divina, e, inobstante, vemos que a solda dessa fraternidade exigida nem sempre inclui o ingrediente da caridade verdadeira, chave universal que tem o condão de abrir os portais celestes. Lembro-me da vida difícil dos nossos tempos de apóstolos, escarnecidos dos poderosos e dos sábios daquela época. Hoje vemos, à farta, que as palavras de Cristo permanecem como o único caminho para a realização plena dos mais profundos anelos do ser humano. Páscoa de 2005, aqui reunidos na chama do Cristo vivo e ressurreto, somos testemunhas de sempre das bênçãos divinas que estão aí para quem quiser e a quem pedir. Fomos escarnecidos, encarcerados, martirizados – e, curiosamente, perdendo nossas vidas temporais, agora vivemos na realidade eterna sob os auspícios diretos de nosso Amado Mestre. Nossa fé e nossa esperança se justifica, porque as palavras de Cristo são eternas, e assim as promessas que com que Ele nos prodigalizou de forma clara e patente. Vivemos no sabor eterno da vida sem final, e por semelhança podemos avaliar que assim será para todos os que crêem e, principalmente, para aqueles que fazem a vontade de Deus Pai.
JOÃO
Nesta ceia pascal, sob a égide de Cristo, estamos reunidos – em Espírito e em Verdade – sob a liderança de nosso Único Senhor. Fui chamado de Discípulo Amado pelo Mestre maior, e isto, em lugar de orgulho, me carregou com uma enorme responsabilidade: a de sempre corresponder, em meu coração e em todo o meu entendimento, ao que Ele esperava de mim nessa condição. Muitas e muitas vezes julguei incômoda essa deferência, pois temia engendrar ciúmes em meus amados companheiros, na seara comum onde eu sempre me considerei o menor de todos. Avaliando aqui o lado natural de nossas andanças, em que Jesus Cristo era nosso sol de meio dia na travessia de tantas jornadas, confesso-me um homem feliz, mesmo em meu lado humano, quando via o aparato com que as pessoas buscavam Nosso Grande Senhor por onde passávamos. Que alegria das gentes, mormente as mais humildes, pela chegada do Mestre num vilarejo, levando saúde, esperança, confiança, fé e, acima de tudo, o Amor que era Ele mesmo em pessoa, dessedentando aqueles corações abandonados pela sorte.Mantinha consciência, meus caros irmãos Apóstolos, de que nos fora dado o privilégio limitadíssimo, entre tantos seres humanos, em acompanhar a legítima Encarnação do Verdadeiro e Supremo Amor que visitou o mundo. E a Ressurreição de Cristo? – essa mesma ressurreição que hoje comemoramos juntos, nesta memória de mais de dois mil anos transcorridos, em que a mensagem permanece viva como sempre, porque a mensagem do Cristo é eterna. Agora mesmo, conversando com Simão, o Zelote, ele me perguntava, numa busca de avaliação, se nosso método de ensino garantiu esse sucesso, ou foi simplesmente a Graça de Deus que, derramada sobre nós por via do Espírito Santo, nos fez vingada a messe em tão alta proporção. E eu lhe disse que a Graça em si mesma é que opera a mudança e faz o homem nascer de novo, quando ele se achega a Deus pela prece e contemplação. Acho, caros amigos apóstolos, meus irmãos, que aquelas palavras do Mestre exortando as pessoas a “não colocar remendo novo em roupa velha” é um mandamento fundamental. Nossos sucessores, em grande parte, repetiram o método judaico de tentar buscar e praticar o bem e, dessa forma, encontrar a Deus. Creio que a via inversa é a correta: Buscar Deus, insuflar-se de Deus, despertando a própria divindade interior, é que realmente se dá o encontro com a Divina Presença ancorada em cada coração humano. Não adianta ir-se fazendo cristão ao s pedaços e por etapa, mas de forma radical, encontrando Deus o bem é mera conseqüência. Creio que isto hoje está sendo evidenciado, e foi um grande passo na busca da verdadeira identidade com Deus e Seu reino infinito.
FILIPE
Volvendo os olhos para o passado de nossas lutas e glórias quando no plano terreno, em que o trabalho conjunto fazia do “maior entre nós seria sempre aquele que serve” – como o Senhor, Mestre Jesus, nos ensinou, é bem verdade que também confirmamos Vossa exortação de que “a carne é fraca”. Imbuídos do privilégio de Vossa Presença, ó Deus então encarnado, atravessamos procelas e calmarias, sempre de forma equânime na busca do objetivo que o Senhor inculcou em nós com fogo dos céus. Hoje comemoramos a Ressurreição de Cristo, que é também a nossa, pois aqui estamos juntos, unidos, inseparáveis, mesmo tendo a lamentar os muitos que tombaram ao longo do caminho das tentações e fraquejaram. Mas o Cristianismo é sinônimo de quê? De perdão e misericórdia, em confronto com a antiga lei do “olho por olho, dente por dente”. Se nós avaliarmos bem o nosso projeto, conduzido pelo Mestre, iremos constatar que, na verdade, deixamos para trás um jeito antigo de enxergar e amar a Deus. Talvez nos espante hoje que a escravidão – pelo menos em grande monta – já não existe no planeta. As minorias são mais respeitadas. O preconceito é algo fora de moda, e Deus é por todos, de uma forma em que os cultos são respeitados e, apesar das guerras, o mundo anseia pela paz. Mestre Querido, amigos de longa data, nossa seara prossegue pela mão de muitos. Claro que há a imperfeição humana, da qual Jesus nunca se escandalizou e nos alertou para que mantivéssemos um espírito da mais ampla tolerância para com os queridos pecadores que Ele tanto amou e pelos quais morreu na cruz. Feliz Páscoa a todos, pois estamos juntos de nosso Mestre e estamos unidos como há mais de dois mil anos no propósito de elevar o homem da queda para as alturas e das trevas para a luz.
Neste recinto reunidos, de forma reservada, mesmo em meio à quietude e à serenidade do ambiente, sinto a alma em exultação incontida, num êxtase de reencontro convosco, amados irmãos, sob o manto do Mestre Jesus Cristo aqui presente. Venerado Mestre, vós nos ensinastes tantas coisas simples, do modo Vosso, e de forma tão segura, que nos fez sentir, a cada um, apesar da sua juventude terrena de então, não meramente o nosso chefe, mas mais até que se fosses nosso próprio pai. Na comensalidade daquela quinta-feira de 2005 anos atrás, ceamos em Tua companhia, celebramos nossos primeiros êxitos na missão abraçada e, após, nos foi dado digerir de forma tão amarga o Teu cruel e imerecido sofrimento, fruto da estupidez humana que, vez por outra, se levanta no proscênio do mundo ávida de sangue. Senhor Jesus Cristo, e amigos presentes, a reunião desta noite nos enseja considerar que o tempo é algo muito relativo. Que aquelas mesmas multidões que acorriam a Vós em busca de cura e consolo, trazem nos mesmos rostos encovados, nas faces tristes, nos corpos alquebrados, nas mentes em desequilíbrio, a mesma dor daquela era em que palmilhamos juntos as estradas da Galiléia. Mas o nosso apostolado, Senhor Jesus e amados irmãos, mudou, sim, o conceito sobre a própria vida. O próprio pecado, graças a Jesus Cristo e seus ensinos deixou de ser visto como algo irremissível, a justiça, a própria justiça do mundo sofreu os efeitos do enorme impacto soprado pelos ventos da Nova Aliança. Hoje podemos ver, ao abrir os mapas do globo terrestre, países que a geografia chama de lugares do Primeiro Mundo. A Europa, por exemplo, impôs à Turquia, quando esta pretendeu integrar-se à União Européia, que só a aceitaria na União Européia, se a pena de morte fosse abolida em seu território. Os presos de nosso tempo humano na Terra, eram injustiçados ao extremo, e a palavra Direitos Humanos nos era totalmente alheia e desconhecida. A velocidade das comunicações, ainda recentemente, no encerrar do ano passado (terreno) mostrou de forma concreta a solidariedade de países para países flagelados pelo maremoto que assolou as costas da Tailândia e de mais quase 10 países. Como bem disseste, Ó Mestre Sagrado, não viestes para revogar a lei, mesmo que com Vossa ira santa tenhais muitas vezes afrontado ao status quo vigente. A fraternidade humana está em marcha, sim, como podemos constatar felizmente. Mas a obra de um Deus não se completa mesmo em poucos anos, ou mesmo poucos séculos. Eu tenho esperança, ó Mestre, de que mais e mais o mundo se dobrará, como profetizado que a Deus se dobrarão todos os joelhos, que o paraíso se firmará na terra inelutavelmente. Cumprindo ressaltar, como bem o disseste, que o Reino dos Céus prevalecerá a partir do interior de cada um para o todo da humanidade. Concluindo, rejubilo-me por este instante em que volvemos os olhos para os séculos transcorridos, ao mesmo tempo que assombro-me pela gigantesca proporção do que ainda resta para os nossos sucessores realizarem em nosso planeta.
Antes e acima de tudo, uso esta oportunidade solene, ao mesmo tempo simples e despojada ao feitio do Mestre de todos nós, para uma justa reparação, ou antes, um esclarecimento aos crentes de hoje. Meu nome sempre foi tomado como álibi para justificar aqueles que duvidam, na gasta expressão de ver para crer. Quando eu Vos segui, ó Mestre Divino, não hesitei em fazê-lo e nenhuma dúvida me alcançou, mesmo em meio ao assombro de minha mente humana por considerar-me de tão apoucados méritos para a missão do apostolado. Ainda nos fins da década de 40 da Era Cristã, quis Deus que viesse a lume o Quinto Evangelho que fui inspirado a escrever, ressaltando, exatamente, a verdade de que quando o ser humano percebe o quanto Deus vive dentro dele ele se torna estupefato. No dizer de hoje, em muitos idiomas, por muitas gentes, é comum a expressão “isso é bom demais para ser verdade”. Nós todos, que vimos o martírio de nosso Mestre no Calvário, escalando aquele monte entre lágrimas e sangue, insultos e escarnecimentos, - imaginem só – quando naquela noite Ele nos revelou a Sua presença como se nada houvesse acontecido. À altura daquela idade, é verdade que eu, Tomé, também conhecido como Dídimo, sempre fui guiado mais pelo raciocínio objetivo, mas em nenhum momento padeci de qualquer receio quanto à grandeza da missão de Cristo, do qual fui o mais humilde dos servos. Hoje, pessoas de todos os quadrantes já mantêm uma visão mais conciliatória entre a ciência e a religião – aqui entendida como caminho para Deus. A física quântica demonstra uma outra concepcão sobre a própria matéria, em que se denota – falando a grosso modo – que tudo é espírito. Há, creio eu, um longo caminho a ser percorrido, até que a ciência do mundo se funda na ciência divina. Mas é inegável que esse abraço, por via do progresso em todos os setores, não está longe de ser assistido pela humanidade. Aliás, já era previsto por Daniel que “a ciência se multiplicará”. Isto, obviamente, faz parte – ao contrário do que se pensa, de todo um processo para que Deus se revele, ou antes, que os homens tenham consciência da onipresença divina em todo o Universo. Sou o mesmo velho Tomé, companheiro menor do Mestre e dos Irmãos. Vi e creio na sublimidade de Cristo e, perdoem-me, orgulho-me pela deferência humilde do Mestre em corrigir-me esse enfoque e me ensinado : Bem aventurados os que não viram e creram.
MATEUS
Nesta Páscoa do Cristo, ainda que uníssonos num mesmo tema da Boa Nova, aqui nos congraçamos após a longa jornada que empreendemos juntos sob as ordens do Mestre.Ele reduziu todo o mandamento e práticas judaicas a um denominador comum suficientemente poderoso. Legítimas chaves para abrir as portas do Reino vazadas na síntese de sua proposta: Amarás a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. Todavia, quanto de terra cada cristão há que revolver do próprio sepulcro em que se encerram as contradições do mundo e as tentações que visitam cada coração terreno. Ninguém, nenhum dos líderes espirituais do Planeta compreenderam melhor o coração humano e assim configurou a rota de seus seguidores e propagadores melhor do que o Senhor, ó Divino Mestre. Se alguém pode arvorar-se em conhecer na profundidade a alma humana, esse alguém foi Tu, Senhor, que desde o princípio nos alertava – e ao mundo todo - : Não julgueis para não serdes julgados e com a mesma medida que medirdes os outros, estes medirão a vós. Durante meu modesto ministério, um dia me surpreendi a pensar de quanta misericórdia e perdão precisam os homens e mulheres em todos os tempos! Quantos motivos a mundana vivência induz o ser humano a fraquejar na fé. A quantas e quantas tentações não estão sujeitos todos os filhos de mulher na face da Terra. Nós mesmos, meus caros irmãos apóstolos, meus iguais e igualmente testemunhas da vida e obra de Cristo, quantas vezes nos fraquejamos em meio aos cansaços das jornadas poeirentas palmilhadas na Judéia de um extremo ao outro? Mesmo tendo no barco pesqueiro a Divina Presença do Cristo, por que foi que aqueles pescadores – Seus amigos e discípulos, tremeram ante o temporal que se abateu em pleno mar ? Que me perdoe a citação, mas não o faço em ausência, o próprio irmão, o amado Simão Pedro, num momento de fraqueza negou peremptoriamente ser um dos Dele na missão salvítica a que abraçara. Não faço esta citação em forma de qualquer matiz de julgamento, mas apenas para advogar pelos descrentes e pelos ateus. Poderia citar também o companheiro Judas de Carió que foi ao extremo de entregar o Mestre ao Sinédrio, mesmo tendo vivido com Ele e comido de seu pão e bebido de seu vinho, numa noite como esta? Assim, meus caros apóstolos, que aqueles que nos seguem, com outros rastros sobre as estradas que hoje palmilham na difusão da boa nova, mantenham sempre um coração compassivo como nos ensinaste e nos convenceste, ó Mestre Supremo, em estabelecer como primeira condição do verdadeiro amor a compreensão misericordiosa. Finalizo minhas palavras, reiterando aquelas do Mestre Jesus aqui presente, que volvamos sempre os olhos para a vida e graça superabundante de Deus que está e estará sempre ao alcance de uma simples prece. Ó Mestre da Vida e da Ressurreição, fosse pelos nossos méritos, nenhum de nós teria merecido seguir os Teus passos. A Tua misericórdia nos fez conhecer o reino, e o Teu amor nos plenifica em qualquer dimensão que sejamos colocados.
TIAGO – Filho de Alfeu
Amado Mestre e caros Irmãos. Não éramos versados nas ciências ocultas nem postulávamos lugares entre os doutores, pretensos professores arvorados no conhecimento esotérico, restrito a uns poucos “eleitos” desde os tempos egípcios onde se infundia, em círculos restritos, um conhecimento com condões de magia. Não! Ora à margem do antigo poço de Jacó, dialogando com pessoas do povo, com gente da plebe, o Senhor ensinava a arte da vida, que é simples, sem rodeios, como o nascer e o morrer, que a maioria das pessoas complicam tanto. Nós, ao Teu lado, Senhor Jesus, bebemos dessa simplicidade e, este menor dos Teus servos, sempre entendeu – como bem o ensinaste que: “bem aventurados são os pobres de espírito”. Livres que estão – esses pobres de espírito – das complicações teóricas e de práticas complicadas, como se fosse possível a Deus se esconder dos homens. Nosso Mestre, caros irmãos presentes, foi universal em Sua mensagem, sem excluir em hipótese alguma, os humildes pelos quais tanto zelou e, também pelos quais, e principalmente, morreu na cruz. Decorridos vinte e um séculos de cristianismo, quantos e quantos mestres também lançaram suas propostas. Alguns encerrados em suas torres de marfim, outros sugerindo práticas exóticas, outros criando polêmicas as mais diversas, ainda outros, criando seitas complicadas, alguns até cumpliciados com o mal em seus pactos de sangue e sacrifícios abolidos por Jesus Cristo. Como apóstolos do Senhor, Dele aprendemos o valor supremo do Amor como único caminho. Receita aparentemente simples, caminho relativamente fácil, mas como Ele próprio disse : estreito é o caminho que leva à vida eterna e largo o caminho que conduz à perdição. A mensagem viva de Cristo, que nós pregamos em nossa jornada terrena, que humanamente vai longe no tempo, continua, sim, infalível, pelos séculos dos séculos. O Mestre Jesus, por justa razão – por ter sido aquele que mais serviu, inevitavelmente é o maior entre todos os mestres. Fomos agraciados pela companhia da luz que nos alumiou na Terra, e hoje contemplamos um mundo que, à primeira vista, parece imergir no caos. Mas a mente humana é muito limitada para imaginar e antever coisas celestes. Nenhum ouvido ouviu, nem olhos viram, nem chegou ao coração do homem o que Deus preparou aos que O amam. É áspera a jornada terrena, como o foi ao próprio Cristo em sua passagem por este mundo, mas que fique sempre presente no coração de toda criatura, que assim como Jesus venceu o mundo, declarando mesmo que “Meu Reino não é deste mundo”, assim também é válida a certeza de que no coração de Deus nenhum ente está esquecido, pois nem a vida nem a própria morte nos separa do amor divino que está em Cristo.
TADEU
Mais uma vez estamos juntos, sob a chefia do Cristo, Senhor Nosso, e aqui também trago as minhas considerações, referentes a estes dois milênios transcorridos. Entre recifes e escolhos fizemos nossa travessia cristã, em meio a um mundo carente, contraditório, cheio de tentações e de armadilhas a cada passo. Mas hoje, num balanço isento de todo nosso ministério, graças a Deus aí estão os frutos, ainda que muito aquém do idealmente desejado. O Cristo – aqui presente – que se fez no pão da vida, é suficientemente capaz, mercê de sua divindade interior, alimentar multidões muito maiores do que aquela às margens do Lago de Genezaré.O grande problema, é isto não soa estranho aos prezados irmãos apóstolos, é a fome de Deus que já nasce com o homem. E o homem se faz infeliz quando sacia sua fome e sede do Criador com alimentos impróprios à sua digestão espiritual. É bem verdade que hoje temos uma juventude mais complexa que a do nosso tempo. Contam-se aos milhões o número de filhos pródigos, como aquele retratado pelo Mestre Jesus, e que na verdade ilustra uma verdade profunda, não assimilável à primeira vista. As drogas infelicitando as nações como um flagelo constante, não só nas grandes cidades, mas até mesmo nos pequenos vilarejos, onde as pessoas famintas pelo pão da vida se atiram em direção a esses alimentos falsos e perniciosos, na direção da morte dos próprios sonhos mais caros. Mas ao mesmo tempo que é um problema, está incrustada na própria questão uma promessa de redenção. Sim, porque cedo ou tarde, mais dia, menos dia, as pessoas compreenderão a verdadeira natureza de sua necessidade de Deus. Não são poucos os que encontram a fonte prístina da Divina Providência, ressuscitam para a verdadeira vida. Nós, moços ainda, fomos guiados pelo Mestre e, talvez nossa pouca idade – aliás inadequada até aos padrões daquele tempo como mentores – tínhamos a nos sustentar a Presença de Jesus Cristo. Obrigávamo-nos a grandes caminhadas, sujeitos a perigos de toda espécie e, daí a necessidade de energia que a juventude concede. Não semeamos somente a Palavra de Deus. Vivenciávamos uma consciência plenificada da influência do próprio Cristo, e isto nos fez manter acesa a chama cristã. Legamos a outros, nossos sucessores, a missão de disseminar a Boa Nova. O Evangelho que nunca envelhece ! Hoje, aqui reunidos, estamos com a consciência tranqüila, mesmo sabendo que há dificuldades no mundo por que passamos na condição humana. Mas o homem, todo homem ou mulher, está fadado a ser ou tornar-se na condição de filho de Deus, porque não há outro Criador além d’Ele. Eu acredito não só no milagre do Pão da Vida Eterna, mas o que me tranqüiliza é a fome por Deus que ainda está presente no coração de cada criatura debaixo do céu.
SIMÃO, o Zelote
Convocado pelo Mestre, a esta Ceia que torna aquela de milênios anos atrás a penúltima, também trago minha mensagem de cristão e apóstolo nesta oportunidade tão especial para mim e demais irmãos. A civilização caminhou a passos largos. Ao longo da história se desenrolou o drama de nações e impérios que se ergueram e caíram. Muitos e muitos foram martirizados pela causa de Cristo. Não necessariamente no sentido estrito da confissão cristã. Igualmente pessoas sem culpa forma e são imoladas por conta da estupidez humana que, infelizmente, ainda grassa sobre a Terra como erva de difícil erradicação. O povo judeu, em grande parte lançado ao holocausto; as revoluções e guerras que se travaram entre os povos, ressaltando o que he de pior na natureza humana, são fatos horríveis que nos leva a desejar que, depressa, Cristo tome as rédeas do planeta e instile em cada coração o amor fraternal. Vemos nações oprimindo nações em nome do falso deus Mamon, como nos nossos tempos, sob o tacão dos imperadores romanos, o mundo sentia o peso da opressão e do poder temporal. Ainda assim, a mensagem vingou e se multiplicou. O ensinamento de nosso Mestre Jesus Cristo é tão radical que, mesmo em meio a tantos desencontros humanos, até mesmo os falsos profetas acabaram por ser útil, de algum modo, à causa cristã. É que a Verdade tem o condão de eternidade, e como bem o disse Jesus “os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras irão permanecer“ .Igrejas se levantam a cada dia, em algum pontinho desse planeta minúsculo. Por mais que o interesse pessoal fale alto, principalmente no coração de alguns líderes que amoedam seus sermões, é sempre válida a presença de um templo onde as pessoas, invariavelmente, buscam o consolo, a esperança e, na simples busca, podem encontrar a fé. Não há quem não se modifique ao conhecer a mensagem – tão simples, tão profunda e tão eterna – que mais dia menos dia acabe por transformar-se no íntimo, cansado das próprias misérias. A população do mundo, hoje contada em bilhões, certamente é um desafio maior aos escudeiros de Deus no resgate de suas almas.E eis que Deus proveu o mundo de meios de informação muito mais velozes e abrangentes, a ponto de o mundo se tornar uma “aldeia global”. Oras, meu Mestre e Senhor Jesus Cristo, se o mundo se desse ao pequeno trabalho de instrumentalizar todas as possibilidades para conhecer a Deus, amando-o em espírito e em verdade. Recursos é o que hoje não faltam, mesmo nos rincões mais afastados do planeta. Todavia, devagar, paulatinamente, a verdade vai prevalecer, e as pessoas irão melhor avaliar o quanto desperdiçam em suas vidas relegando Deus a um segundo ou terceiro, ou mesmo último plano. Cada cristão deve ser zeloso para com o fato de que Deus está mais próximo do que pés e mãos, mais perto de nós do que o nosso próprio fôlego. Amando-nos e sempre franqueando-nos Sua presença, a cada segundo de vida. No entanto, nem sempre isto acontece, e eis que a pérola de grande valor, a que o Senhor, Mestre, se referiu, fica relegada ao esquecimento ou enterrada no mais profundo do solo. Estas horas alegres em que nos juntamos, sirva-nos para rejubilarmo-nos com aqueles que encontraram Cristo, o único e verdadeiro caminho, verdade e vida para todo e qualquer coração.
JUDAS ISCARIOTES
Durante meu tempo de transcurso pela terra, sabe-o o Mestre Jesus e meus companheiros daquele tempo, que sempre me revelei um patriota. Sei bem que a estatura do Cristo foi infinitamente maior do que a dimensão dos meus erros. O maior entre eles, talvez, foi a de acreditar que a política resolveria os problemas de nosso então povo judeu, massacrado sob as botas dos generais romanos.Aquilo me feria o orgulho e me aguilhoava dia e noite. E quando o Mestre propunha um Reino, eu O via como o soberano bondoso, justo, capaz de realizar a prosperidade da gente de então e estabelecer um poderio que duraria pelos séculos afora. Não quero com isto, justificar o meu pecado do que chamaram traição. O que ocorreu foi que fiquei entre a cruz e a espada, pois alimentara tanto a minha ideologia de libertação que fui incapaz de traí-la, e com isso cometi aquele absurdo de entregar nosso Mestre. Mas, de pronto corri com o dinheiro para devolver e a altos brados eu lamentei, do mais fundo de meu coração a injustiça que perpetrei tomado pelo ego que me induziu, num ciclone incontrolável, a acreditar-me traído, já que o Mestre deixou bem claro, em ternos nada ambíguos “Meu Reino não é deste mundo”. O erro seguinte que pratiquei foi o de ter sufocado a esperança, que juntamente com a fé e a caridade são as condições de salvação como de fato sabíamos. Não! Eu me desesperei ao ponto de – moído pelo remorso – como sabem, enforquei-me colocando fim à vida terrena (apenas). Tivesse eu um minuto de lucidez cristã, - justo eu, que como vós, os demais, tão bem conhecíamos a grandeza do coração divino de nosso Mestre, não poderia ter cometido esse ato extremo, fugindo pela porta falsa do suicídio a um problema que era espiritual. Obviamente, o Cristo de Deus ter-me-ia perdoado, como Ele próprio nos exortou a perdoar setenta vezes sete, quando um entre vós levantou essa questão. Portanto, o fato de aqui também estar, me oferece azo para expor, do meu ponto de vista, os meus motivos, ainda que tresloucados e sem razão. Há até alguns que me comparam a Lúcifer, pelo fato de ter-me desertado da causa cristã. Mas há uma grande diferença entre mim e ele. Pois, como arcanjo que servia na corte celeste, seu desejo era ser maior que o Criador. Em meu caso foi diferente. Eu querida Cristo sempre maior que a mim. Eu o queria rei dos judeus, sem me dar conta de que Jesus, o Cristo é o Rei de todos os reinos, onde não existe a corrupção nem a efemeridade que leva à morte todos os governos e governantes. A comparação que aqui deixo não é para minorar a dimensão de minha falta, mas que fique assinalado, de uma vez por todas, que não menos do que os demais, eu adorava e adoro Nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo. O erro foi tê-Lo amado ao meu modo, com a alma cheia de terra e de mundanidade, crendo que “remendo novo em roupa velha”possa a alguém vestir dignamente. Ademais, o Cristo ressuscitou dos mortos e demonstrou a todos, ser o senhor da vida e da própria morte, façanha que nenhum mortal pode sequer imaginar possível.
A MENSAGEM DO MESTRE
Paz seja convosco! Nesta Páscoa do ano 2006 de nosso calendário, aqui nos encontramos, em espírito e em verdade. Hoje, como naqueles idos tempos, marcados pela eclosão da mensagem de que fui portador, vós todos, cada qual a seu modo, fizeram-se partícipes de um novo reino. Criamos estreitos elos de fraternidade e juntos rimos e choramos, neste vale de lágrimas, tendo sempre em mira o alvo celeste da redenção plena. Por cada mensagem, de cada um de vós, neste encontro amistoso e fraterno, foi possível constatar que as nossas sementes vingaram, apesar das aparências assustadoras de um tempo em que tudo mudou. Apesar das mudanças, muitos aspectos da vida melhoraram. Outros se tornaram em desafio ainda maior para os apóstolos da atualidade temporal que ora transcorre. Tudo o que registra os evangelhos, meu caros irmãos em Deus Pai, aí está sem prazo de validade vencida, porque se constituem em verdades eternas. A raiz do ensinamento – “Ama a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a ti mesmo” permanece como uma chave eterna para abertura do Reino, em todas e quaisquer circunstâncias. Deus Pai fez conhecida esta mensagem, para extrair das profundezas do espírito de cada um, a verdade que ali jaz antes que Abraão existisse. As aparências que, como fantasmas, assustam pessoas em todos os quadrantes, e leva inquietações aos corações de hoje, são frágeis demais para desafiar e abalar os propósitos do Altíssimo. Todo nascimento é inevitavelmente doloroso no parto que dá à luz os legítimos propósitos da vida, conferida pelo Creador. Aquele que está em vós, e em cada vivente na face da terra, na forma invisível, sempre sustenta a Sua própria creação, como pai zeloso e vigilante. Tudo conspira para render-se ao Onipotente, mesmo quando, em meio às turbulências do planeta, tudo parece sinalizar rumo ao caos irremediável. A queda do homem, afinal de contas, não se constitui em algo fatal e irremediável. Depois de creado mediante o sopro divino, o próprio homem, onde quer que fosse, tanto para baixo como para cima, leva e levará sempre Deus consigo por onde quer que se enveredem os seus passos. Na Terra, há muitas histórias de amor das mais diferentes formas. Alguns de juras presumivelmente eternas, mas nenhuma forma de amor se assemelha, nem de longe, ao Amor inefável e eterno do Todo Poderoso. Assim, ninguém pode visualizar o homem, qualquer homem ou mulher, como um ente caído das excelsas graças de Deus. As graças d’Ele não são ao feitio das benesses humanas, que os tempos modificam e as circunstâncias transformam. Não, meus caros irmãos, o Amor Divino está em toda parte, como ora aqui sentimos, e reinará sempre pelos séculos dos séculos, até que se atinja, na prática, a plenitude do entendimento humano para as coisas celestes. O grande desafio humano é que Deus é sempre zeloso – e não abre mão em hipótese alguma – de conferir liberdade a toda criatura. No momento que conferiu o dom de pensamento e raciocínio, o Creador deixou a cada qual a decisão de escolha, e isto nos deve fazer ainda mais admirados e reverentes para com o Autor da vida. Assim, aqueles que se achegam à Divina Presença, se assim o fazem, assim procedem na mais ampla liberdade, sem qualquer coação de qualquer natureza. Momentaneamente, o mundo ainda atravessa percalços os mais diversos e desafiantes, a ponto de muitos clamarem pelo fim dos tempos, esquecidos que depois de tudo há a promessa da Jerusalém Celeste. Mas tudo isto é natural. Há tensões, sim, na alma humana, como aquela que ao ferir a lira extrai música e harmonia, e ao fim resulta numa canção agradável. Infelizmente, caros irmãos, cumpre aqui uma ressalva que considero necessária. Como o mundo poderia ser diferente se as pessoas dessem a Deus, que é o Todo, a parte que cabe a Ele , e desse ao mundo, ao poder temporal, a César, como disse em nosso tempo – não mais que a parte que lhe é devida. Não falo dos tributos, dos impostos, das taxas, porque tais são naturalmente necessários para o desenrolar da vida dos cidadãos e das sociedades. Falo do tributo que a esmagadora maioria se apressa em pagar pelo consumismo, pelas novidades, pelos atrativos do mercado, teleguiados pela propaganda que os faz crer carentes de tantas coisas que não precisam, de tantas comodidades inúteis, de tantas futilidades por alto preço. Hoje, se compararmos com aquele tempo em que peregrinávamos pela Terra, o desafio aos modernos apóstolos é sumamente mais expressivo. Quando foi dito que é impossível servir a Deus e a Mamon (as riquezas) – àquele tempo já tínhamos esse desafio, que hoje é muitíssimo maior. Todavia, não há razão plausível para essa consumição incessante de almas e corações em busca das mercadorias e prazeres do mundo. Esses irmãos deveriam lembrar-se que Deus é Tudo. Que o Seu reino abarca desde o invisível ao palpável, sem d’Ele escapar sequer um átomo. Se o ser humano realmente entregar-se a Deus e tributar a Ele, como um Todo, o seu coração, com a fé que já está em si, Deus o proverá até do supérfluo, isentando-o do martírio dos desejos não satisfeitos. Sim, porque se a alma não tiver rédeas, olhará pelo que deseja como quem olha para o horizonte, sempre além de onde se parece ser avistado. A solução, de tão simples que é, se torna complexa e aparentemente irrealizável. Também é de se lastimar que as pessoas acostumam-se a uma visão acanhada de Deus e se contentam com as mazelas, com as misérias da vida, com a pequenez do próprio mundo individual, abortando toda e qualquer esperança. A estes é que compete aos apóstolos de hoje, acordar para a realidade de que Deus é simplesmente TODO PODEROSO. Que provas outras precisa cada pessoa na face da terra para proclamar a bondade e o amor infinito de Deus Pai? Mas, como disse há pouco, o homem levará, inelutavelmente, a centelha divina onde quer que esteja. Ainda que fizesse sua cama no inferno, Deus lá estaria presente. É por isso que a esperança se justifica, e os apóstolos, com isto em mente, nunca desistirão da messe abraçada. Também Deus, em Sua Providência infinita, jamais se fará oculto dos que o buscam, e a ninguém que O procure Ele lançará fora. Porque a evidência de Deus é tão grande que as próprias pedras atestam-lhe a Sua Presença amorosa.
Meus irmãos, finalizemos nossa Páscoa, cônscios da Presença Divina em cada coração humano. Assim visualizando, mesmo o menor entre os seres, estaremos vendo Deus em cada um, e esta é a verdade pela qual terrenamente vivi e morri: O REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE NÓS MESMOS.
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