domingo, 17 de julho de 2011

Sombra do Altíssimo - Poema - Generoso

SOB A SOMBRA DO ALTÍSSIMO

Vivo a sondar-Te por esta
Pequena fresta de eternidade
Feita de dias e noites tão breves!
E Te imagino acima
De todas as dimensões,
Quer de festejos ou lutos,
Além muito além

De todas as medidas,
E acima de todas as concepções,
Que nascem e morrem nesta e noutras vidas.
Sinto-Te no orvalho cristalino
E na própria madrugada que o distila
Em suaves gotas

Sobre a relva de cada amanhecer...
Escuto-Te no pássaro que gorjeia
No limoeiro, ao pé desta janela
Onde o verão faz acender de luz
Nossa pequena vidraça...
Vejo-Te na criança
no manejo de uma bola.

Vejo-Te no céu, na terra, em toda parte,
Sem ousar entender como de fato és!
Só sei que Te situas muito adiante
Da imaginação que cria a própria arte;
Não te imagino, sequer
Como um poder,
Pois seria compará-lo
A atributos cegos

De forças conhecidas, mas transitórias...
Não! Estás acima do poder
Numa dimensão humanamente ignorada;
Seria blasfêmia comparar a Tua força
Com o assombroso poder nuclear.

Olhando para o infinito
Se te contemplo me extasio
Por Te disfarçares no próprio Nada
Para não nos matar de espanto e temor.
Ocultas-Te no recôndito de cada coração,
Que, às vezes, em vão
Te procura nos céus.

(Geraldo Generoso)

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