sábado, 5 de julho de 2008

A Necessidade de Escrever - A/0015


A Necessidade de Escrever

Todos temos necessidade de escrever, nem que seja para enviar uma carta, preencher um cheque…Para algumas pessoas essa necessidade chega a doer, têm uma necessidade visceral, estúpida de escrever, como se disso dependesse a sua sobrevivência. Necessitam da escrita como que de pão para a boca ou mesmo de respirar. São escravas das palavras, mas numa escravidão positiva, benéfica para quem escreve, benéfica para quem lê.Esta necessidade é como uma sede. Uma sede constante que não se consegue saciar. Quem escreve nunca se sente satisfeito com o que escreveu. O poema, o conto, o texto… tem sempre alguma imperfeição, alguma coisa que poderia estar melhor. E voltam a escrever. A demanda pela perfeição continua, sempre. Como quem bebe um copo de água interminável sem conseguir saciar a sua sede.Como se de uma droga se tratasse, a escrita vicia. Quantos de vocês já pensaram em fazer uma pausa, em estar sem escrever por alguns tempos, mas depois não conseguem, porque se sentem mal, sem ar, com fome. A sofrer por não poderem libertar o que lhes prende.Há ainda quem escreve apenas porque gosta. Um passatempo como colecionar selos, ir ao cinema, passear... Há quem encare a escrita como um modo de estar e não como uma necessidade ou como um vício. Escrever por escrever, apenas.Quem escreve, seja por necessidade, vício ou porque gosta – o escritor, em suma - consegue vestir-se de personagens que não são, sentir o que não sente, descrever locais que não conhece, numa ânsia apenas e só de se libertar, de partilhar.A escrita pode revestir-se de várias capas: podem ser histórias que vivem na memória de quem as passa para o papel, poemas que começam por uma simples brincadeira, simples desabafos, respostas a uma frase que alguém disse, um pedido de desculpa, um carinho a alguém de quem gosta. Precisam apenas de ser palavras que se conjuguem, que se encontrem, se completem.Eu gosto de ler. É essa a minha necessidade. Falta-me o ar, sofro, sinto-me preso muitas vezes, quando não posso ler. Prosa, Poesia, Prosa Poética. Preciso de ler. O meu espírito liberta-se quando leio. Vivo outras vidas, viajo, percebo outros sentimentos.Obrigado a quem escreve por ajudarem a saciar a minha necessidade de ler. Quero continuar lendo (e escrevendo) até o meu último suspiro, pois exercitando esse desejo, minha alma será robustecida para a Eternidade.
04.07.2008

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