A transcomunicação
instrumental é um recurso que permite a comunicação com os espíritos por meio
de aparelhos eletrônicos. Segundo os transcomunicadores, ela pode ser utilizada
como prova científica de que a morte não existe. As técnicas evoluíram
muito desde o início dos experimentos. Segundo Sonia Rinaldi, fundadora da
Associação Nacional de Transcomunicadores – ANT – e uma das grandes
pesquisadoras do assunto, o Brasil tem hoje os melhores resultados do mundo.
Sonia passou a se interessar pelo assunto em 1988, quando freqüentava o
Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas – IBPP – dirigido pelo dr.
Hernani Guimarães Andrade.
Foi ele quem
sugeriu que iniciasse as gravações, e como naquela época não havia qualquer
tipo de orientação, resolveram então seguir a intuição. Os resultados foram positivos,
mas foram cerca de 16 anos para alcançar uma evolução notável, que começou com
um simples gravador e evoluiu para os telefonemas para o "outro
lado", com sincronia de imagens.
Sua primeira
experiência ocorreu em uma noite em que acionou o gravador e deixou um rádio
ligado ao lado, técnica que hoje se sabe que não é a ideal. Acabou se
distraindo e quando percebeu, a voz do locutor havia mudado para uma voz grave
e arrastada. Relata também que tem acompanhado de perto vários experimentos
realizados por amigos do exterior, mas diz que ainda utilizam processos
antiquados de gravações, com gravadores. Metodologia considerada ultrapassada
para atualidade, já que desde 1998 introduziram a gravação direta em
computador, conseguindo inúmeros avanços que têm sido usado por outros
pesquisadores.
Qual é o país mais
avançado em termos de pesquisa no campo da TCI?
Não há país como o
Brasil, onde ocorre o fenômeno da forma que conseguimos aqui. Temos registros e
documentação completa de cerca de 300 telefonemas para o "outro
lado", devidamente testemunhados por cerca de 260 pessoas que participaram
das experiências. O nosso índice de reconhecimento da voz do falecido é de 83%,
ou seja, altíssimo. Em outras palavras, foram centenas de pais que perderam
seus filhos e puderam reconhecer a voz deles em dezenas de gravações. Cada
telefonema que fazemos registra em média 50 ou 60 respostas, mas temos casos
com até 160 frases-respostas dos falecidos. Isso tudo gravado em cd e ofertado
gratuitamente aos pais que falaram com seus filhos falecidos por telefone, para
que possam elaborar um relatório comentando o conteúdo das respostas e a
possível identificação da voz do ente querido.
Há cerca de um
ano, iniciamos, por orientação dos "comunicantes", a gravação
simultânea de telefonemas e vídeo, com sucesso. Já recebemos imagens em vídeos
que duram até 15 minutos, de sete falecidos, devidamente reconhecidos pelos
pais. No vídeo, alguns falecidos têm até expressão facial, mas esse trabalho
simultâneo ainda está se iniciando.
Como a
transcomunicação pode ajudar no avanço das pesquisas sobre o mundo espiritual?
Na minha opinião,
nenhum outro fenômeno paranormal pode ser comprovado com a mesma facilidade;
nenhum comporta uma investigação matemática; nenhum é concreto o suficiente
para atestar a sobrevivência. Como todos um dia morreremos, seria fundamental
nos prepararmos e saber o que vamos encontrar. Portanto, entendemos que isso
deveria interessar muito a todas as pessoas, mais ainda aos espíritas em
particular, pois é a forma mais simples para comprovar as bases da doutrina, em
confronto com as idéias que negam a realidade da sobrevivência após a morte.
Como o movimento
espírita encara atualmente as pesquisas de TCI?
No começo, foi
difícil fazer as pessoas entenderem que essa é a forma mais concreta e poderosa
para comprovar a sobrevivência após a morte, a base maior do espiritismo. Como,
infelizmente, o espiritismo no Brasil fortaleceu apenas o seu aspecto religioso,
dispensando o científico, a coisa ficou um pouco complicada. Kardec propôs um
tripé como base da doutrina, ou seja, os aspectos religioso, filosófico e
científico. No entanto, a alma boa do brasileiro não exige comprovações e
investigações. Isso é ruim, porque indica que ele "acredita" com
facilidade e isso vale para o que é verdadeiro e o que é falso. Não vemos tanta
gente acreditando em tantas bobagens? Se fossem mais exigentes não endossariam
falsas religiões. Mas nada disso importa, nós fazemos nossa pesquisa de forma a
cumprir aquilo que temos como meta; comprovar cientificamente a realidade da
vida depois da morte. E temos feito inúmeros avanços neste sentido, tendo nos
unido a vários centros internacionais de pesquisas.
Como as pesquisas
de TCI são vistas pela comunidade científica?
A caminhada é
lenta, porque a ciência oficial é ciosa de seus preceitos, ou seja, não arreda
pé daquilo que está estabelecido e evidenciado durante séculos, e para ela, é
certo que a morte é o fim. A ciência e a lógica dizem isso. Claro. Como tirar a
razão de algo tão óbvio. Você morre, é enterrado. Acabou-se. Cadê as evidências
que provam que ocorre outra coisa? Para atingirmos a ciência é preciso falar a
linguagem dela, que está longe de ser a religiosa. Esse é o motivo pelo qual
até hoje, raramente, os fenômenos paranormais despertaram qualquer interesse no
mundo acadêmico. Penso que a lógica e a fé não se afinam, por isso procuramos
falar a linguagem da ciência. Temos nos cercado de físicos, engenheiros e
cientistas. Vamos ver até onde conseguimos ir.
Na sua opinião,
falta mais apoio para as pesquisas do mundo espiritual?
No Brasil, as
pessoas preferem acreditar em qualquer coisa a investigar e ter certeza
racional baseada em evidências concretas. Mas isso não diminui o nosso ânimo,
pois os resultados apontam que estamos no caminho certo. Não existe apoio, porque
qualquer pesquisa, como a que fazemos, inclui custos de equipamentos e análises
técnicas de engenheiros e físicos. Fomos encontrar apoio apenas em um Instituto
Americano, com o qual assinamos um contrato de pesquisa. Isso fez com que
suspendêssemos, ainda que temporariamente, as reuniões para os cadastrados da
Associação Nacional dos Transcomunicadores.
Como o aspecto
moral dos transcomunicadores pode influenciar as comunicações em uma reunião?
Como dependemos em
100% de emissores, para podermos ter qualquer gravação, é de se imaginar que
eles escolherão pessoas dignas como parceiros de trabalho. Sem ética, bons
objetivos e decência, os contatos poderão ser estabelecidos com outras camadas
de comunicantes.
Pode existir
fraude em uma reunião de transcomunicação instrumental?
Dependendo da
moral e do objetivo das pessoas, pode ocorrer fraude em qualquer coisa. Se
estiver vinculada a dinheiro ou fama, isso pode ocorrer. Felizmente não
envolvemos dinheiro nem muito menos temos interesse em aparecer. Faz uns três
anos que estamos afastados do público para poder tocar a pesquisa.
Quantos livros de
sua autoria já foram publicados? Quais são?
São seis livros
publicados especificamente sobre nossa pesquisa, que é uma forma de informar
aos interessados nossos erros e acertos, progressos e descobertas nesses 16
anos de trabalho. Os títulos são: Missão Alpha I – editado em 1996;
Transcomunicação Instrumental – Contatos com o Além por Vias Técnicas – Ed. FE,
1997; Transcomunicação, Espiritismo e Ciência – Ed. DPL , em 2000;
Contatos
Interdimensionais – Ed. Pensamento, em 2000 (vem com CD de vozes paranormais);
Espírito: o Desafio da Comprovação – Ed. Elevação, em 2001 (vem com CD de vozes
paranormais); O Além da Esperança – Ed. & A, em 2002 (esgotado – também
trazia CD de vozes paranormais).
Qualquer pessoa
pode desenvolver a TCI?
Sim, claro. Por
isso estamos elaborando cursos individuais – ou no máximo para 2 ou 3 pessoas –
para que possam aprender as técnicas que usamos. Como no momento isso teria que
ser feito em minha casa, tenho que elaborar com calma as coisas. Mas se os
leitores se interessarem, podem pedir informações através da Caixa Postal 67.005
– CEP 05391-970, São Paulo, SP. Interessados que
venham a escrever para a caixa postal, por gentileza, acrescentar dois selos
para resposta... já que a Associação não tem fins lucrativos. Daremos
preferência para associados da ANT (Associação Nacional dos Transcomunicadores)
e pais que perderam filhos. Vale lembrar, também, que todos os livros da
Associação trazem uma ficha que pode ser enviada para o mesmo endereço. (Revista Cristã de
Espiritismo)
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