Deus, a Natureza e o Homem
Três campos de especulação interessavam aos cabalistas: Deus, a Natureza e o Homem. Eles especulavam a respeito de Deus porque Ele representava a fonte de que emergia a Criação. Especulavam a respeito da Natureza porque ela representava Deus em manifestação. Especulavam acerca do Homem porque ele era o ponto focal de Deus e da Natureza. Os três estavam sutilmente relacionados. O Homem só podia ter significado se considerado como uma centelha da Divindade, moldada pela Natureza. A Natureza só podia ter significado como evidência tangível de Deus em manifestação. E Deus só podia ter significado em função do Homem e da Natureza que Ele criara.O Homem, portanto, era o símbolo, o microcosmo, o pequeno universo que correspondia ao macrocosmo ou grande universo. Através da doutrina das emanações, os cabalistas explicaram de modo aceitável a criação do universo e do homem. Tudo teria resultado da expansão da Divindade. Essa expansão teria sido realizada por meio dos dez Sephiroth, operando em quatro níveis, denominados mundos (a Criação encarada de quatro pontos de vista). Nesses quatro mundos, ou desses quatro pontos de vista, o homem, como símbolo, tornara-se quatro seres diferentes.Considerado como habitante do Mundo Arquétipo de Atziluth, o homem é Adão Kadmon. No mundo de Briah, é um arcanjo. No mundo de Yezirah, onde ele assume forma apreciável aos nossos sentidos, torna-se um anjo, e somente em Assiah, vem se tornar o ser que conhecemos como humano. Era, contudo, para o modelo celestial de homem que os cabalistas sempre dirigem seus pensamentos. Eles o visualizavam à nossa semelhança, relativamente às diversas partes do corpo, e, ao mesmo tempo, como um ser diferente de nós quanto à substância do corpo.Talvez seja mais importante o fato de que eles criaram uma representação concreta dos três campos de sua especulação e a legaram aos seus sucessores místicos de todas as regiões do mundo. Essa representação era o Shekinah, que se tornou um elemento indispensável nod templos rosacruzes. Shekinah significa “Deus entre nós”, e o objeto assim denominado destina-se a lembrar todo místico e todo cabalista das três verdades eternas. As três verdades sugeridas pelo Deus Shekinah, são: Deus, a Natureza e o Homem. As velas denotavam o reino de Deus; o próprio Shekinah, a Natureza, e o ponto à frente do Shekinah, o próprio Homem. O homem pode ser considerado como o ponto mais baixo, sendo Deus o ponto mais elevado. A Natureza situa-se entre Deuse o Homem. Isto sugere a idéia de que o reino de Deus, que transcende a humana compreensão, só pode ser apreciado através do reino da Natureza, onde a imperceptível Divindade pode ser pressentida em Sua manifestação. Sugere também que a evolução do homem para a Divindade se realiza através do domínio dos aspectos de Deus manifesto naquilo que chamamos de Natureza. O Mundo Superior situa-se acima e para além da humana compreensão, num reino de invisibilidade, intangível e infinito.
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