sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O Policial - A/0140

O Policial
“Se quiserdes ser policiais, sede. Mas, sabei sê-lo. O policial não é o traje, não é o semblante mau, não é a arma à mostra, não é a carteira de identidade, não é o andar de braços arqueados, de peito estufado, de chapéu caído sobre os olhos.O policial é o homem, é o chefe de família, é o pai, é o filho, é o irmão, é o amigo, é o cidadão pacífico e amável, é o ser humano que anda pelas ruas de ar sereno e austero, obediente às regras de cortesia, como todos os outros homens. Ser policial não é uma pose de corpo: é uma atitude, uma conduta, um comportamento constante do homem investido numa função que tem por objetivo a segurança e a tranqüilidade dos demais homens. Ele deve ser, por definição, um homem seguro e tranqüilo, para agir com segurança, e assim, obter a tranqüilidade e a segurança públicas. Não é ser 007: é ser 777, isto é, as três perfeições – Perfeição no pensar, Perfeição no falar, Perfeição no agir, já que o 7 é o número da Perfeição. Sede leias nas investigações; sede fiéis na redação dos depoimentos; sede imparciais nos relatórios.Sabei que a obra na justiça penal assenta quase toda no vosso trabalho. Tenho mais medo de um escrivão de polícia da roça do que o parecer dum jurisconsulto. A honra, a dignidade, a tranqüilidade dos homens de bem estão, em grande parte, em vossas mãos, em certos momentos da vida. Cuidai desse tesouro, porque nada é mais fungível do que esses bens eternos. Mesmo aos criminosos, tratai-os com humanidade. Não trateis os homens como coisas, porém como pessoas humanas. Sabei que para cada crime há um autor. Mas não tenhais pressa em acha-los por processos violentos. Isso não é a ética do verdadeiro policial. Nada resiste ao diálogo bem dirigido. Não há segredos indesvendáveis para a inteligência. Palavra puxa palavra. Já ouviste isso. Pois é essa a vossa arma: a palavra, o diálogo, a conversação. A lógica é a mais potente e a mais perigosa de todas as armas. Contra ela, nada é possível. Tende paciência e perseverança, e achareis o autor, mas apontai o autor do crime e a sociedade saberá compreender o vosso grandioso trabalho.”(Eleazar Rosa, Magistrado)Dedico esta mensagem a todos os funcionários e policiais da DPF de Campo Grande, especialmente para Machado, Bernardes e Aparício, pela maneira gentil como recebem a todos, cumprindo assim, na íntegra, o que preceitua a mensagem místico-filosófica do consagrado Operador do Direito, aqui reproduzida. (Jairo de Lima Alves, Escritor e Jornalista)

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