quarta-feira, 25 de março de 2009

Por que Sofremos tanto? - A/0286


Por que Sofremos tanto?

Por qual motivo o sofrimento está tão presente junto a nós (especialmente o últimos tempos)? Esta é uma pergunta que muitas vezes fazemos e não obtemos resposta de ninguém, o que nos deixa desconsolados. Por qual motivo em uma sociedade que nunca viu tamanhas facilidades tecnológicas, sociais, políticas e culturais, estamos constantemente nos sentindo sozinhos, desamparados e tristes? Muitas são as respostas possíveis para esta perguntas. No presente resumo tento ensaiar algumas possibilidades de esclarecimento deste enigma. Como causa mais importante deste estado de coisas, quero destacar o fato de que o sofrimento geralmente vem acompanhado de algum tipo de contradição, pois o espírito humano para ser feliz necessita de clareza no pensar, no agir e no sentir. Não é sem razão que Sócrates em Fedro nos diz que a contradição é a fonte genuína dos males. Pois bem, analisemos um pouco dos costumes e das rotinas a que estamos submetidos e vejamos se não há contradições neles, as quais tornam mais difícil nossas vidas: 1) Facilidade de aproximação das pessoas e medo de se aproximar: ao mesmo tempo que maravilhas como a internet nos possibilitam estar mais perto das pessoas, o medo da violência e dos desastres amorosos acaba gerando uma contradição ao tornar as pessoas cada vez mais afastadas do ponto de vista das relações profundas. Um exemplo disto está nos encontros de usuários de salas de chat. Freqüentemente (ao menos no Brasil) estes encontros são feitos entre grandes grupos que se reunem em algum restaurante por uma noite e ali se confraternizam. A pergunta que fica: quantos destes conseguem, para além das conversas superficiais criar amizades duradouras e sólidos relacionamentos amorosos? Bem poucos, certamente, pois o espaço ocupado pelas relações superficiais foi criado justamente para que o sujeito não sinta carência de relação afetiva real e concreta. Com isto aumenta o medo do outro na mesma medida em que se cristalizam comportamentos de superficialidade compartilhada (festas, encontros e confraternizações). 2) Culto à beleza física e empobrecimento do interior: na atualidade são muitas as formas de valorizar a imagem estética. A tecnologia favorece, os alimentos dietéticos e os programas de exercícios e cirurgias aí estão para o sonho da perfeição estética. O problema maior é que muitas vezes este ideal é realizado às custas do sacrifício do investimento em construção do caráter, da inteligência e da afetividade do sujeito. A tirania da beleza faz com que os que a ela não se submetem sofram o desprezo geral, mas e os que se submetem? Muitas vezes sofrem o desprezo de pessoas realmente importantes devido justamente ao fato de se tornarem pessoas vazias, que fizeram como alguém que ao produzir um doce investe muito na embalagem mas coloca um recheio pouco saboroso. Muitos outros exemplos poderiam ser citados, porém estes dois comprovam o quanto as contradições nos afastam da felicidade. Defendo em contrapartida, a idéia de que não há a possibilidade de qualquer tipo de felicidade, paz ou contentamento sem que o indivíduo enfrente suas contradições internas e se afaste ao máximo das contradições que existem em sociedade. Isto começa por um caminho muito simples, qual seja o de perguntar sempre: o que eu desejo para mim? Qual o preço que estou disposto a pagar para ter isto que quero?O que eu posso conseguir terá a duração que eu gostaria?Ao fazer estas perguntas, acredito que se as respostas te levarão a refletir um pouco mais sobre a dinâmica da sociedade e te farão entender um pouco mais do porque de determinados sofrimentos, na medida em que uma reflexão racional é sempre o melhor remédio contra um pensamento ou comportamento contraditório.(Pablo Santos)

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